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domingo, 3 de maio de 2015

A JUSTIÇA PELA FÉ NA MENSAGEM DOS 3 ANJOS DE APOCALIPSE 14


A JUSTIÇA PELA FÉ NA MENSAGEM DOS 3 ANJOS DE APOCALIPSE 14

 

INTRODUÇÃO

 

A mensagem dos três anjos de Apocalipse 14 ocupa um lugar de central importância no último livro da Bíblia. Como mensagem final de encerramento do livro contida nos capítulos 12-19, as mensagens dos três anjos de Apocalipse 14 funcionam como sendo o seu próprio coração e espinha dorsal; coração, porque o primeiro anjo dá ênfase ao "evangelho eterno" como última mensagem de misericórdia e salvação; espinha dorsal, porque o apelo deste evangelho e colocado numa perspectiva histórico-redentora do "tempo do fim" apocalíptico, quando a "besta" e "sua imagem" terão domínio universal e a "marca da besta" será imposta a todos os homens (Apoc. 14:9-11), precedendo imediatamente o Juízo do Segundo Advento de Cristo (Apoc. 14:14-20).

Este contexto apocalíptico dá à mensagem final do evangelho uma seriedade e urgência únicas. As três mensagens evangélicas não são três mensagens diferentes do evangelho. Elas são o mesmo e único evangelho que existiu desde o princípio, o evangelho eterno. Unem o lado positivo do evangelho salvador com o negativo do juízo de Deus para aqueles que recusam este apelo final do evangelho. Seguem basicamente o mesmo princípio dos apelos feitos pelos profetas do Velho Testamento e pelo apóstolo S. João quando anunciou:

"Por isso quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantêm rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (S. João 3:36).

Apenas Apocalipse 14 explica claramente e com mais detalhes que a ira de Deus contra a geração final se manifestara em sete pragas específicas a serem derramadas do santuário celeste sobre uma Babilônia universal, enquanto que o Israel de Deus será poupado no Monte de Sião. Os três anjos proclamam o ultimato de Deus para um planeta em rebelião. São, portanto, as verdades que provam, o evangelho aplicado à situação da apostasia final e ao surgimento do Anticristo.

O que será preciso, então, para ser salvo, é ter aquela mesma fé que Abraão precisou ter quando creu na palavra de Deus e obedeceu, a mesma que Habacuque precisou ter quando disse para a Judá ameaçada: "Mas o justo vivera pela sua fé" (Hab. 2:4). Jesus focalizou o ponto essencial ao perguntar:

"Contudo, quando vier o Filho do homem, achará porventura fé na Terra? (S. Luc. 18:8).

O assunto crucial parece ser, portanto, se compreendemos e exercitamos ou não a verdadeira fé, a fé que salva e santifica. O que é fé? Qual é a sua natureza? Como se gera ela? Como se cultiva? Como se manifesta?

Estas são perguntas perenes que já eram relevantes nos tempos de Abraão, de Moisés, de Davi, dos profetas, nos dias do próprio Cristo, na era apostólica, no período da Reforma, em cada reavivamento verdadeiro, e especialmente e relevante para a igreja remanescente de hoje.

Qual é a nossa doutrina central, o verdadeiro empuxo da mensagem que devemos dar ao mundo e a todas as demais igrejas? Como se relacionam todas as nossas doutrinas caracteristicamente adventistas com a mensagem central de adoração a Deus pela fé em Cristo Jesus?

 

O EVANGELHO ETERNO


Os três anjos de Apocalipse 14 apresentam suas grandes mensagens numa ordem definida e divina e, desde o início do seu cumprimento em 1843 AD, o fizeram nesta mesma ordem (cf. 2ME 104-105). É de importância vital compreender que "não pode haver terceira sem primeira e segunda" mensagens (2ME 105). Antes de ser dada qualquer mensagem com respeito à Babilônia apocalíptica, e a besta e a sua imagem e sua marca, é preciso exaltar a mensagem do primeiro anjo com o seu glorioso "evangelho" e com o Israel nela implicado.

Os ministros adventistas do sétimo dia são chamados, em primeiro lugar, não para serem pregadores do Juízo Final, mas para serem pregadores do evangelho. O primeiro anjo proclama as boas novas, as novas do evangelho antigo, o evangelho eterno, isto é, um evangelho que desde o princípio nunca foi mudado, um evangelho que, na verdade, é imutável, porque o plano de Deus foi concebido desde o princípio em Cristo (cf. Ef. 1:4; 1 Ped. 1:20).

O primeiro anjo é, portanto, o anjo do evangelho que convida todos os povos para adorarem a Deus no Temor do Senhor, para darem a Deus toda a gloria como Criador do Céu e da Terra.

Por que a Escritura acrescenta o adjetivo "eterno" (aionios) ao "evangelho" do primeiro anjo? Comparando este adjetivo aionios que aparece junto a vários outros substantivos como "salvação (Heb. 5:9), "juízo" (Heb. 6:2), "redenção" (Heb. 9:12), "Espírito" (Heb. 9:14), "herança" (Heb. 9:15), "aliança" (Heb. 13:20), "glória" (2 Tim. 2:10), "reino" (2 Ped. 1:11), etc., notamos que ele dá ênfase ao caráter permanente, divino e imutável do evangelho.

Isto tem significado particular diante do fato de que já os apóstolos fizeram advertências contra falsificações do evangelho, fossem elas de natureza legalista ou sem lei. Tais distorções proclamariam apenas um "evangelho diferente", um "Soberano Senhor" renegado, e um "espírito diferente" do autentico evangelho apostólico (2 Cor. 11:4; Gál. 1:6-9; 2 Ped. 2:1, 19; Jud. 4; 2 Cor. 11:4).

Os próprios apóstolos tiveram de repelir tanto a perversão do evangelho feita pelos legalistas judaizantes, como a feita pelo antinomismo gnóstico (Ver Gálatas e 1 S. João). Dentro desta perspectiva histórica se torna ainda mais significativo o fato da mensagem apocalíptica do primeiro anjo insistir no fim do mundo, para que seja proclamado um evangelho que não foi e nunca será mudado. Em outras palavras, ele insiste na completa restauração dum evangelho apostólico não adulterado. (Cf. Seventh-day Adventists Answer Questions on Doctrine, Review and Herald Pub. Assn., 1957, p. 613.)

O evangelho apostólico evitou tanto as ciladas do nominianismo como as do antinomianismo, porque reconheceu sempre em Jesus Cristo a unidade orgânica da lei e do evangelho, da redenção pela graça através da fé, e o valor moral das boas obras operadas pela fé através do amor.

As mensagens dos três anjos pedem que os santos do tempo final de prova guardem também "os mandamentos de Deus e a fé em Jesus" (Apoc. 14:12).

Estas são as credenciais celestes da igreja remanescente. Não as recebemos para pregar algum evangelho moderno segundo filosofias humanas ou algum espantoso super-evangelho, mas sim a religião dos velhos tempos dos apóstolos, dos profetas e de Jesus Cristo. O evangelho eterno não é um tratado teológico sobre o equilíbrio entre a lei e a graça. Não conhece nem a dicotomia e nem a síntese da lei e do evangelho. Mas conhece a amplidão que está incorporada no próprio Salvador, nossa única Justiça. A serva do Senhor nos aconselhou o seguinte:

"De todos os professos cristãos, devem os adventistas do sétimo dia ser os primeiros a levantar a Cristo perante o mundo" (OE 152; Ev 188).

O evangelho não é apenas uma teoria ou doutrina embelezadora, mas um poder de salvação para todos os que creem em Cristo, nosso Senhor e Salvador. Seu propósito não é a exaltação própria, mas a adoração de Deus em espírito e em verdade.

 

 

Autor: Hans K. LaRondelle, TH.D.
Tradução de Renato Emir Oberg


Pr. Cirilo Gonçalves
Evangelista da IASD-AP, SP
TWITTER: @prcirilo
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FACEBOOK: https://www.facebook.com/cirilo.g.dasilva 
SITE: http://ap.adventistas.org/evangelismo/ 

sábado, 4 de abril de 2015

A MENSAGEM DO TERCEIRO ANJO DE APOCALIPSE 14.9-12


A MENSAGEM DO TERCEIRO ANJO - Apocalipse 14:9-12

 

"Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome. Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus" (Apoc. 14:9-12).

Esta advertência solene é dirigida a cada crente. Convoca a cada um a permanecer firme contra as ameaças de morte do anticristo, e desenvolve a mensagem do segundo anjo de que todas as nações se viram compelidas a "beber o vinho" de Babilônia (Apoc. 14:8): "Se alguém beber o vinho da ira de Babilônia, também terá que beber o vinho da ira de Deus!" O "cálice" simbólico da ira de Deus (Apoc. 14:10; 16:19) era um conceito tradicional nas profecias de juízo de Israel. O "cálice de vinho" na mão de Deus servia como o símbolo de sua justiça punitiva.

Até Israel que quebrantou o pacto teve que beber o vinho de sua ira (Jer. 25:15, 16, 17; 49:12; Ezeq. 23:31-34; Isa. 51:17, 22; Sal. 60:3; 75:8). Mas Israel experimentou a taça da ira de Deus só em forma temporária (ver Sal. 60:3; Isa. 51:22). Entretanto, alguns inimigos de Israel tiveram que beber a taça da ira até sua extinção: "Beberão, e engolirão, e serão como se não tivessem sido" (Ob. 16). "Bebei, embebedai-vos e vomitai; caí e não torneis a levantar-vos..." (Jer. 25:27; também o v. 33).

A aceitação por parte de Jesus da taça da ira divina da mão de Deus no Getsêmani pertence à essência do evangelho (Mat. 20:22; 26:39, 42). Declara E. W. Fudge: "Porque ele aceitou aquela taça, seu povo não tem que bebê-la. A taça que nos deixa [a taça da comunhão] é um recordativo constante de que ele ocupou nosso lugar (Mat. 26:27-29)".1 

Os adoradores da besta têm que beber a ira de Deus "pura" [em gr., akrátu; "sem diluir", NBE; "sem mistura", CI). Este cálice da ira já não está misturado com misericórdia. Derramar-se-á com as 7 últimas pragas (Apoc. 15:1). Isto significa que todas as pragas de Apocalipse 16 constituem uma parte integral da mensagem do terceiro anjo. Uma expressão hebraica nestes versículos tem desafiado os intérpretes:

"Será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome" (Apoc. 14:10, 11).

A frase "fogo e enxofre" é parte da maldição do pacto, maldição que inclui extinção ou aniquilação (Deut. 29:23; Sal. 11:6). O juízo sobre Sodoma e Gomorra resultou em que "subia da terra fumo como fumaça de um forno" (Gên. 19:23, 28, CI). Também foi o juízo de Deus sobre Edom, um dos arquiinimigos de Israel (Isa. 30:27-33; Ezeq. 38:22):

"Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó, em enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela" (Isa. 34:9, 10).

É evidente que a mensagem do terceiro anjo em Apocalipse 14 toma sua fórmula de maldição especificamente de Isaías 34. A desolação e a extinção histórica de Edom é o modelo ou o tipo da sorte de Babilônia (ver Jud. 6, 7). A natureza deste castigo não reside em um tormento eterno como pode ver-se hoje em dia de Edom, a não ser na conseqüência eterna do fogo: "Subirá para sempre a sua fumaça" (ver Isa. 34:10 e 66:24). O fogo é inextinguível até que tenha completado sua obra. Nas palavras do E. W. Fudge: "Os ímpios morrem uma morte atormentadora; a fumaça recorda a todos os espectadores que o Deus soberano tem a última palavra. Que a fumaça sobe perpetuamente no ar significa que as mensagens de juízo nunca chegarão a ser antiquadas".2 

A maldição que diz que os que adorem à besta não terão "repouso de dia nem de noite" está tirada de uma maldição específica do pacto sobre um Israel rebelde: "Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso" (Sal. 95:11). Enquanto que o significado original se referia ao repouso de Israel na terra prometida, o Novo Testamento aplica o repouso prometido ao repouso da graça de Deus no qual cada crente deve entrar agora (Heb. 4:3). Este repouso divino esteve disponível desde que Deus descansou no sétimo dia da semana da criação! (Gên. 2:2, 3). "Portanto, ainda fica um descanso sabático para o povo de Deus. Porque o que 'entra em seu repouso' descansa ele também de suas obras, como Deus das suas" (Heb. 4:9, 10, JS; CI; BJ).

O castigo final será o rechaço de Deus de dar repouso aos adoradores da besta. Por outro lado, uma voz celestial anuncia que os "mortos que, desde agora, morrem no Senhor.... que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham" (Apoc. 14:13). Esta bem-aventurança se refere aos que morrem em Cristo durante as perseguições do anticristo do tempo do fim. Sua perseverança será recompensada. A mensagem do terceiro anjo pronuncia a resposta de Deus à ameaça feita pela besta, como mostra a seguinte comparação.

 

APOCALIPSE 13:16
APOCALIPSE 14:9, 11
"A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte".
"Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão ...  e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome".

 

Estas correspondências temáticas e verbais entre Apocalipse 13 e 14 indicam que a tríplice mensagem de Apocalipse 14 depende de uma correta compreensão de Apocalipse 13. Entretanto, toda a informação a respeito da besta está exposta na visão do juízo de Apocalipse 17, o que significa que Apocalipse 17 constitui igualmente uma parte interpretativa essencial da mensagem de advertência de Apocalipse 14.

 

A Marca da Besta

 

Nosso tema agora é compreender o significado teológico de "a marca da besta". É a marca identificadora do culto de adoração que se rende à besta. "Não se pode ter a marca sem o ato de adoração".3 A ambição da besta-anticristo de receber adoração divina é a mentalidade de Babilônia. Seu endeusamento próprio entra em conflito com a chamada de Israel a adorar o Criador e Juiz da humanidade (Apoc. 14:7). A mensagem do terceiro anjo é o rogo do céu à humanidade para que se volte para o Criador, ao Deus do pacto do Israel, tal como está revelado nas Escrituras.

O assunto fundamental não é identificar a marca de uma maneira isolada, mas sim vê-la como um ato de adoração da besta e por isso, como uma atitude de idolatria. O terceiro anjo "indica a natureza da usurpação: a besta se apropria das prerrogativas do Deus Criador, e é adorada".4 

A usurpação das prerrogativas divinas pela besta é seguida por sua demanda para que a reconheçam por meio da "marca em sua fronte ou em sua mão" (Apoc. 14:9). Seu significado chega a ser claro quando se considera à luz do dever de Israel de atar os mandamentos e as palavras de Deus: "Ata-as à tua mão como um sinal, como um aviso ante teus olhos" (Deut. 6:8; cf. 11:18, BJ). Para Israel, seu significado espiritual era evidente: atuar e pensar em harmonia com a vontade de Deus e recordar diariamente a redenção do êxodo (ver Deut. 6:5; Êxo. 13:8, 9).*

Gerhard von Rad faz este comentário sobre o Deuteronômio 6:8: "Provavelmente temos que tratar ainda aqui com uma forma figurada de expressão que mais tarde foi entendida literalmente e levou ao uso dos chamados filactérios".5 De fato, Moisés mesmo explicou o propósito moral de atar os mandamentos de Deus a suas mãos e a suas frentes:

"O Senhor, teu Deus, temerás, a ele servirás, e, pelo seu nome, jurarás. Não seguirás outros deuses, nenhum dos deuses dos povos que houver à roda de ti, porque o Senhor, teu Deus, é Deus zeloso no meio de ti, para que a ira do Senhor, teu Deus, se não acenda contra ti e te destrua de sobre a face da terra... Diligentemente, guardarás os mandamentos do Senhor, teu Deus, e os seus testemunhos, e os seus estatutos que te ordenou" (Deut. 6:13-15, 17).

O mandamento do Senhor incluía também a observância ritual da Páscoa e o comer pães sem levedura para comemorar a libertação do êxodo:

"E será como sinal na tua mão e por memorial entre teus olhos; para que a lei do Senhor esteja na tua boca; pois com mão forte o Senhor te tirou do Egito. Portanto, guardarás esta ordenança no determinado tempo, de ano em ano" (Êxo. 13:9, 10).

Este histórico da adoração de Israel esclarece o propósito da marca da besta "na fronte e na mão" (Apoc. 20:4). A marca evoca a antítese intencional da adoração de Israel. Representa a essência de um culto falsificado como usurpação e substituição. A besta ameaça com a morte se suas ordens totalitárias são desobedecidas (Apoc. 13:15-17). Promete vida, mas só temporal, a todos os que levem sua marca. R. H. Charles comentou a respeito: "Ambos [o selo e a marca] estavam destinados a mostrar que os que levam as marcas estão sob a proteção sobrenatural: os primeiros sob a proteção de Deus; os últimos, sob a de Satanás".6 Beatrice S. Neall explica mais isto quando diz:

"No Apocalipse, o selo de Deus protege da ira de Deus (Apoc. 15:2, 3; 16:2) mas não da ira da besta (13:15, 17). De maneira similar, a marca da besta protege das sanções econômicas (v. 17) e do decreto de morte (v. 15) da besta, embora faça a seus possuidores elegíveis para receber a ira de Deus (14:9-11 )".7

Tanto Cristo como o anticristo desejam a lealdade indivisa de seus adoradores, a devoção completa de seu pensamento (a "fronte") e de seu atuar (a "mão"). O anticristo pode satisfazer-se com a marca ou na mão ou sobre a fronte, como sugere Apocalipse 13:16 e 14:9 (entretanto, ver Apoc. 20:4).

Uma diferença básica entre os sistemas rivais de adoração é que a besta emprega a coerção, enquanto que o Cordeiro emprega a persuasão. A prova final da adoração verdadeira não é crer porque há milagres, os quais podem ser enganosos (Apoc. 13:14; 19:20; Mat. 24:24), e sim crer na "Palavra de Deus e no testemunho de Jesus" (Apoc. 1:9; 6:9; 12:17; 20:4).

A verdade tanto do Antigo como do Novo Testamento é a revelação de que o Deus de Israel é o Criador Todo-poderoso e que ele ordenou o sétimo dia, no sábado, como um monumento recordativo de sua obra criadora (Gên. 2:2, 3; Êxo. 20:8-11; 31:12-17). Este mandamento da criação foi enriquecido como o sinal da redenção de Israel da escravidão (ver Deut. 5:12-15). A celebração do sábado identifica o Criador vivente que permanece fiel à sua criação (1 Ped. 4:19). Igualmente oferece a participação em sua graça redentora (ver Ezeq. 20:12, 20). Esta verdade chega a ser relevante de uma maneira especial no tempo do fim, quando o dogma da evolução veio a ser a hipótese da ciência (desde 1859). Por isso a tríplice mensagem de Apocalipse 14 assume cada vez mais relevância. Requer a celebração do sábado restaurado como "a expressão concreta da fé na criação, o sinal da dependência de um do céu... o sinal de que a salvação vem só de cima".8 

 

O Surgimento do Povo Remanescente de Deus (Apoc. 14:12)

 

No conflito entre as adorações rivais, Deus preserva os que se apegam a ele com lealdade. A mensagem do terceiro anjo conclui com uma chamada especial a perseverar na fé:

"Aqui está a paciência dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus" (Apoc. 14:12).

Este texto levou J. M. Ford a fazer o seguinte comentário:

"Parece que não há caminho intermediário; ou se adora a besta e está condenado, ou se aceita com paciente resistência a perseguição da besta, obedece os mandamentos de Deus, morre nele e recebe a recompensa por suas boas obras (v. 13)".9

Autores dispensacionalistas tomam aos santos de Apocalipse 14:12 como crentes judeus cuja parte não está no corpo de Cristo simplesmente porque "guardam os mandamentos de Deus". Mas isto mostra como um dogma preconcebido influi na exegese. Uma comparação de Apocalipse 14:12 com 12:17 e 1:9 demonstra que as características dos santos no capítulo 14:12 são as da igreja apostólica e as mesmas de João. A primeira epístola de João define o pecado como a transgressão da lei, como anomia ou ilegalidade (1 João 3:4). Exorta a todos os crentes cristãos a obedecer os mandamentos de Deus, incluindo o mandamento de crer em seu Filho Jesus Cristo e o mandamento de Cristo de amar-se uns aos outros (1 João 2:3-6; 3:21-24).

A ameaça final contra a vida dos santos requer uma perseverança [em gr., upomoné]. Jesus tinha mencionado esta característica como sendo essencial para o tempo do fim: "Mas o que perseverar [upomeínas] até o fim, este será salvo" (Mat. 24:13). Mas "perseverar" é o fruto da fidelidade à vontade de Deus, tanto ao evangelho como à lei de Deus. A advertência da epístola aos Hebreus também é a ter "perseverança [upomoné] para que, depois de fazer a vontade de Deus, consigam a promessa" (Heb. 10:36, CI; ver 12:1-3). A epístola aos Hebreus assinala os exemplos dos santos que viveram "por fé" [em hebreu, 'emunáh, "fidelidade"] em uma crise anterior (Heb. 10:37, 38; Hab. 2:3, 4).

 

Tiago explica que "a prova de sua fé produz paciência" e a maturidade da estabilidade (Sant. 1:3-8). Por isso anima a todos os santos dizendo: "Feliz o homem que suporta a prova! Superada a prova receberá a coroa da vida que o Senhor prometeu aos que o amam" (v. 12). Um exemplo evidente é Jó, que seguiu confiando em que Deus o vindicaria contra seus falsos acusadores (Tia. 5:11). Não entendendo por que tinha que sofrer tanto sendo inocente, Jó ainda expressou sua fé: "Eu sei que meu Redentor [ou "defensor", BJ; ou "reivindicador", CI] vive, e no fim se levantará sobre a terra" (Jó 19:25).

A última geração de crentes cristãos pode ter que suportar uma prova de fé similar a do Jó. A fé perseverante se expressa em guardar "os mandamentos de Deus e a fé de Jesus" (Apoc. 14:12, RC). Obedecem tanto à lei como à fé de Jesus em suas vidas (ver mais acima sobre Apoc. 12:17 e 19:10).

 

O Significado Bíblico do Sábado do Senhor

 

Muitos teólogos negam que o sábado seja uma ordem da criação. Insistem em que o sábado foi feito por Moisés só para a nação de Israel (Êxo. 16; Deut. 5:12-15). O assunto mais profundo que está em jogo neste debate teológico é a credibilidade do registro da criação em Gênesis 1 e 2 e seu reflexo no quarto mandamento em Êxodo 20. Um teólogo americano apresentou esta avaliação válida da origem do sábado:

"De acordo com o cânon da Escritura, a 'interpretação da criação' do sábado se afirma como teologicamente anterior à 'interpretação da redenção'. Entretanto, isto significa que o mandamento do sábado sempre é obrigatório para todos os homens, obedeçam-no ou não! Na redenção de Israel da terra do Egito não se estabeleceu o sábado pela primeira vez, mas sim se restaurou; a lei moral não foi primeiro proclamada no Sinai, mas sim ali se voltou a proclamá-la. Em conseqüência, porque a lei do sábado está fundada na ordem da mesma criação e pertence a todas as criaturas, a interpretação tradicional cristã do sábado como uma cerimônia abolida por Jesus Cristo, é incorreta".10

 

O motivo básico da tríplice mensagem de Apocalipse 14 é o da restauração! Desempenha o mesmo propósito que a chamada de Isaías a um Israel extraviado:

"Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados" (Isa. 58:1).

"Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para que o país se torne habitável" (Isa. 58:12).

Para Isaías, a prova da verdadeira adoração era a restauração da justiça do pacto entre o povo de Deus. Isto significava ter amor pelos fracos (Isa. 58:6, 7) e obediência em louvar a Deus em seu "santo dia" (vs. 13, 14).

No tempo do fim, o céu suplica mais uma vez a seu povo extraviado para que faça frente ao desafio de usurpação e substituição com a chamada pela restauração e a restituição. Requer o reavivamento dos mandamentos de Deus e do evangelho de Jesus Cristo (Apoc. 14:12). Esta é a chamada final para um retorno à verdade e autoridade da Bíblia. A Escritura deve ter a última palavra para determinar a vontade de Deus. Toda certeza da verdade religiosa depende de se se aceitarem as Escrituras como a revelação autorizada da vontade de Deus. "Elas são a norma do caráter, o revelador das doutrinas, a pedra de toque da experiência religiosa".11

 

A Mensagem de Preparação para o Segundo Advento

 

As mensagens de Apocalipse 14 insistem a todos os adoradores a escutar atentamente a voz de Deus e a procurar uma compreensão melhor do evangelho e do testemunho de Jesus. Esta súplica assinala a diferença fundamental entre a Bíblia e a tradição da igreja. Insiste-nos a aceitar a responsabilidade pessoal para distinguir entre a autoridade bíblica e a autoridade da igreja, e a subordinar todos os profetas extrabíblicos à autoridade suprema da Escritura.

O assunto essencial da tríplice mensagem de Apocalipse 14 é a questão do que em última instância ata a consciência humana ante Deus! A súplica do céu em Apocalipse 14 nos recorda que a criação e a redenção não podem ser separadas, que o Redentor é o Sustentador da criação.

O sábado do Senhor nunca pode ser anulado ou mudado porque é o mandamento da criação do Criador e Redentor. É o monumento comemorativo de uma criação perfeita por parte de um Criador digno de confiança, Criador que nunca abandonará a obra de suas mãos (Sal. 138:8). Entretanto, suplica-nos que lhe respondamos como o "fiel Criador" (ver 1 Ped. 4:19).

"Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor, seu Deus, que fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há" (Sal. 146:5, 6).

 

O Convite do Último Elias

 

A relação da tríplice mensagem de Apocalipse 14 com a promessa de Malaquias de que Deus enviará o "profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor" (Mal. 4:5, 6), é de um significado dramático. É evidente que o último profeta do Antigo Testamento prediz uma chamada final para o reavivamento e a reforma entre o povo do pacto de Deus antes do dia do juízo apocalíptico (ver os vs. 1, 2).

Este convite corresponde em essência ao que Elias fez ao Israel: "Se Jeová é Deus, sigam-no; e se Baal, sigam-no" (1 Reis 18:21). O último convite de Deus no Apocalipse se apresenta em sua súplica a "adorar" a Deus como o Criador e a não adorar a besta nem a sua imagem (Apoc. 14:6-9).

Para compreender melhor o significado do Elias do tempo do fim, precisamos ler a narração da missão de Elias em 1 Reis 17 e 18. Malaquias exaltou a missão histórica de Elias, com sua confrontação dramática em combate com Baal no Monte Carmelo, como um tipo ou símbolo teológico para o tempo do fim. Uma análise detalhada desta correspondência tipo-antítipo da promessa de Elias em Malaquias 4 se oferece em outro lugar.12 

A medula deste tipo histórico pode compendiar-se em três pontos: (1) Elias foi enviado por Deus em um tempo de apostasia moral e religiosa em Israel (1 Reis 16:30-33; 18:18; 21:25); (2) Elias foi enviado com uma mensagem de restauração do Deus do pacto, que significava um compromisso novo de Israel com seu Deus e uma restauração de seu sagrado culto de adoração e de seus mandamentos morais (18:18, 21, 30, 31); e (3) a aceitação ou o rechaço da mensagem de Elias significava vida ou morte e, portanto, era um assunto de conseqüências eternas (ver 18:39-44).

A chave para a aplicação do tempo do fim nós a encontramos na mensagem de João Batista, porque sua mensagem em preparar o caminho para a vinda do Messias continha os fundamentos da mensagem de Elias (ver Luc. 1:11-17). Jesus reconheceu que João era o Elias da profecia mesmo que o judaísmo contemporâneo não o reconheceu (Mat. 17:10-13).

A missão de João era preparar a Israel para a vinda do Messias (João 1:23) e para "restaurar todas as coisas" (Mat. 17:11). Sua presença era o sinal visível do advento iminente do Messias (ver João 1:29; Mat. 3:10-12). João negou que ele fora uma reencarnação do Elias (João 1:21), mas afirmou que ele era a mensagem de Elias "com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto" (Luc. 1:17; ver João 1:23). João foi enviado no momento correto, com uma mensagem urgente de arrependimento para despertar Israel à vontade de Deus e a sua visitação iminente. Sua mensagem criou um povo remanescente novo dentro da nação de Israel. Jesus aceitou o batismo de João e chegou a ser parte deste remanescente. Escolheu a seus primeiros apóstolos dentre os seguidores de João Batista.

A mensagem de Apocalipse 14 é a mensagem de preparação para o tempo do fim. Sua ativação cria um povo que está preparado para encontrar-se com seu Criador. Assim como Elias, são fiéis à lei do pacto original de Deus. Escolheram estar ao lado de Deus, o Criador. Tornaram seus corações ao Deus de seus ascendentes espirituais e mantêm uma continuidade com o Israel do Antigo Testamento (Mal. 4:6).

A mensagem de Elias para o tempo do fim está desenvolvido pelo Espírito de profecia em Apocalipse 14:6-12. Sua proclamação mundial será seguida pela segunda vinda de Cristo como o Rei e Juiz (ver os vs. 14-20), o que define a tríplice mensagem como a chamada a despertar com o fim de preparar um povo para a segunda vinda de Cristo. Leva à hora da decisão, da mesma maneira que Elias e João Batista levaram ao Israel apóstata a um compromisso novo com seu Senhor.

Hoje a mensagem de Elias convoca a todas as pessoas para que deixem de idolatrar a criação e que adorem o Criador (Apoc. 14:7). Uma mensagem assim é oportuna considerando o surgimento da hipótese da evolução e o triunfo da filosofia materialista. Esta chamada de Deus tem aplicações de longo alcance:

"Na exaltação do humano sobre o divino, no louvor aos líderes populares, no culto a Mamom, e na exaltação dos ensinos da ciência sobre as verdades da Revelação, multidões hoje estão seguindo a Baal".13

 

Necessita-se cada vez mais a voz de Elias em nossa civilização decadente. Reverberará por toda a sociedade e está refletida no movimento mundial de cristãos guardadores do sábado. Fizeram um compromisso com o Deus de Israel e com seu Cristo neste tempo do fim. Aceitam como seu credo a Bíblia e a Bíblia só.

 

Referências

A Bibliografia para Apocalipse 12-14, encontrará nas páginas 458-466 do livro Profecias do Fim de H. K. LaRondelle

 

1 Fudge, The Fire That Consumes, p. 296.

2 Ibid., p. 298.

3 R. H. Charles, The Revelation of St. John, t. 1, p. 360.

4 Doukhan, Daniel: The Vision of the End, p. 69.

5 Von Rad, Deuteronomy, p. 64.

6 Charles, The Revelation of St. John, t. 1, p. 363.

7 Neall, The Concept of Character in the Apocalypse with Implications for Character Education, p. 151.

8 Doukhan, Daniel: The Vision of the End, p. 71.

9 J. M. Ford, Revelation, p. 249.

10 Richardson, Toward an American Theology, p. 115.

11 Ellen White, GC 7.

12 Ver LaRondelle, Chariots of Salvation, cap. 11.
13 Ellen White, PR 170.


* Nota do Tradutor: A nota da versão Cantera-Iglesias diz que a interpretação literal de Deuteronômio 6:8 deu origem aos filactérios, "par de pequenas caixas de couro usadas ritualmente, amarradas ao braço e à testa por correias, também de couro, e que contêm trechos das Escrituras" Dic. Aurélio.


Autor do artigo: Hans K. LaRondelle


Pr. Cirilo Gonçalves
Evangelista da IASD-AP,SP
Doutorando em Teologia
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A MENSAGEM DO SEGUNDO ANJO DE APOCALIPSE 14.8


A MENSAGEM DO SEGUNDO ANJO - Apocalipse 14:8

 

"E outro anjo seguiu, dizendo: Caiu! Caiu Babilônia, aquela grande cidade que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição!" (Apoc. 14:8).

 

Este anjo "seguiu" o primeiro, não no sentido de substituí-lo, mas sim no sentido de acompanhá-lo (como em Apoc. 14:4). A mensagem adicional menciona a "Babilônia" pela primeira vez em Apocalipse, e a descreve como a grande adúltera que seduziu as nações com seu vinho intoxicante. A mensagem do segundo anjo não pode entender-se adequadamente se se isola Apocalipse 14 do contexto que lhe seguir nos capítulos 16 a 18, nos quais é dada mais informação a respeito de Babilônia.

O outro enfoque para entender "Babilônia" é recuperar suas conexões com o Antigo Testamento. O nome "Babilônia" está escolhido de maneira intencional para revelar a relação teológica de tipo e antítipo com o arquiinimigo de Israel durante o velho pacto. A queda histórica do império neobabilônico, tal como Isaías, Daniel e Jeremias a predisseram, está decretado que seja o protótipo da queda de Babilônia do tempo do fim. Esta correspondência tipológica esclarece a interpretação da Babilônia do tempo do fim e de sua queda. Quando se estabeleceu a continuidade dos fundamentos teológicos de ambas as Babilônias, o Apocalipse proporciona a aplicação para o tempo do fim. Apocalipse 17 chama babilônia de "mistério" (V. 5), o que indica que a Babilônia do tempo do fim é a renovação apocalíptica da antiga cidade que se sentava sobre as "muitas águas" do Eufrates (Jer. 51:13). Uma comparação minuciosa revela a correspondência intencional:

 

 

 

BABILÔNIA DO TEMPO DO FIM: Apocalipse 17:1
BABILÔNIA HISTÓRICA:
Jeremias 51:13
"Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas".
"Ó tu que habitas sobre muitas águas, rica de tesouros! Chegou o teu fim, a medida da tua avareza".

 

Esta correspondência essencial das duas Babilônias está descrito pelo CBA nesta forma:

"A antiga cidade de Babilônia estava situada junto às águas do rio Eufrates (ver com. Jer. 50:12, 38), morava simbolicamente 'entre muitas águas' ou povos (Jer. 51:12, 13; cf. Isa. 8:7, 8; 14:6; Jer. 50:23), assim também a Babilônia moderna é apresentada sentada ou vivendo sobre os povos da terra, ou oprimindo-os (cf. com. Apoc. 16:12)".1

A frase "Babilônia a Grande" (mencionada 5 vezes: 14:8; 16:19; 17:5; 18:2, 21) é uma alusão direta à egolatria de Nabucodonosor em Daniel 4:30 (ver também Apoc. 18:7). As frases a respeito da queda de Babilônia e de seu vinho intoxicante em Apocalipse 14:8 estão tomadas dos oráculos de condenação do Antigo Testamento contra Babilônia (Isa. 21:9; Jer. 51:7):

 

A QUEDA DA BABILÔNIA DO TEMPO DO FIM
A QUEDA DA BABILÔNIA HISTÓRICA
"Caiu, caiu a grande Babilônia 
"Caiu, caiu Babilônia; e todas as imagens de escultura dos seus deuses jazem despedaçadas por terra" (Isa. 21:9).
que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição" (Apoc. 14:8).
"A Babilônia era um copo de ouro na mão do SENHOR, o qual embriagava a toda a terra; do seu vinho beberam as nações; por isso, enlouqueceram" (Jer. 51:7).

 

 

Assim como a antiga Babilônia foi a perseguidora de Israel, assim também "Babilônia" no Apocalipse é a perseguidora do Israel de Deus no tempo do fim. Louis F. Were recalcou o caráter teológico de Babilônia: "Menciona-se Babilônia nas profecias do Apocalipse só devido a sua oposição à Jerusalém".2 Também A. Farrar comentou de maneira similar: "Babilônia é a paródia de Jerusalém".3 

O contraste entre "Israel" e "Babilônia" que se descreve como duas mulheres, chega a ser ainda mais surpreendente quando se presta atenção a suas descrições detalhadas. Enquanto que a mulher de Deus no capítulo 12 aparece "no céu" iluminada com o sol e as estrelas, a mulher infiel do capítulo 17, adornada com as invenções do homem, "está sentada sobre muitas águas" e "sobre uma besta escarlate" (Apoc. 17:1-3). Enquanto que a mulher do capítulo 12 leva um menino em seu seio a quem vai dar a luz, a mulher do capítulo 17 tem em sua mão um cálice cheio do sangue dos descendentes da outra mulher. A primeira mulher é protegida; a segunda pe destruída.

Não pode identificar-se Babilônia com Roma imperial. A grande "meretriz" que se senta "sobre uma besta escarlate" (Apoc. 17:3) é um símbolo que distingue Babilônia (a mulher) do poder político (a "besta"). Desde o começo, a característica essencial de Babel (literalmente, "porta dos deuses") foi elevar-se aos céus para usurpar o lugar e o poder soberano de Deus (ver Gên. 11:4; Isa. 14:13, 14; Jer. 51:53).

A intenção básica de Babilônia de representar a Deus sobre a terra segundo "sua vontade" (Dan. 11:36) é o mal mais fundamental. Esta aspiração demoníaca se enfatiza na profecia do "chifre pequeno" do profeta Daniel (caps. 7 e 8) e do "rei do norte" (11:36-45). O objetivo perigoso de substituir tanto a Deus como a sua redenção messiânica fica desmascarado na guerra que faz o chifre contra o "Príncipe dos príncipes", o verdadeiro Sumo Sacerdote de Deus, e contra seu sacrifício todo suficiente (8:11, 25). Doukhan captou esta relação de Babilônia com o livro de Daniel com uma percepção aguda. Diz Doukhan:

"A ambição de Babel é idêntica à do chifre pequeno. Tem uma natureza religiosa e está dirigida à posição do Sumo Sacerdote em relação com a purificação e o juízo. Dessa maneira, luta por conseguir tanto o poder para perdoar pecados como o fim último para decidir a respeito da salvação (ver Lev. 16:19, 32)".4

O segundo anjo anuncia que Deus julgou a Babilônia e suas reivindicações religiosas de representar a Deus na terra. A queda repentina de Babilônia é o veredicto judicial de Deus. Sua proclamação tenta admoestar os seguidores da besta e os adoradores de sua imagem para saírem de Babilônia. Isto se repete na mensagem do anjo de Apocalipse 18:1-5. Babilônia deve definir-se teologicamente por sua oposição a Israel, o verdadeiro povo de Deus, o que dá a entender que a mensagem do primeiro anjo é o que dá origem ao Israel do tempo do fim (14:6, 7). As mensagens proféticas de Apocalipse 14 antecipam um conflito renovado entre "Israel" e "Babilônia" para o tempo do fim, com o entendimento básico de que tanto os adoradores verdadeiros como os falsos são identificados teologicamente por sua relação com o evangelho eterno.

O cativeiro de Israel levada a cabo pela Babilônia da antiguidade, a repentina queda de Babilônia seguida pelo êxodo do Israel de Babilônia e sua volta a Sião para restaurar a verdadeira adoração em um templo novo, tudo isto será repetido em princípio em uma escala universal. No tempo do fim Deus chamará a seu povo que está disperso em Babilônia:

"Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas. Porque já os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou das iniqüidades dela." (Apoc. 18:4, 5).

Esta chamada é a iniciativa de Deus para restaurar sua igreja remanescente, o povo mencionado em Apocalipse 12:17 e 14:12. Os verdadeiros adoradores devem abandonar "Babilônia", a igreja infiel que usa os "reis" ou poderes políticos para perseguir os "testemunhas de Jesus" (ver Apoc. 17:3-6; 18:24). Os santos devem fugir de Babilônia antes que chegue a hora de sua destruição, quer dizer, antes que o juízo de Deus asseste um golpe a todos os que tenham a marca da besta (16:1, 2). Esta chamada a "fugir" de Babilônia é paralela com o conselho anterior que Jesus deu a seus discípulos a "fugir" da cidade condenada de Jerusalém (Mat. 24:15, 16). A Babilônia a iguala explicitamente com a adoração idólatra no fim da era da igreja (ver Apoc. 16:1, 2, 19; 18:4, 8). A destruição de Babilônia se descreve como um juízo retributivo, por causa de seu crime de perseguir e executar os santos de Deus:

"Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa" (Apoc. 18:20).

"Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus, porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos" (Apoc. 19:1, 2).

O anúncio profético do segundo anjo, "Caiu, Babilônia, a grande cidade" (Apoc. 14:8), está tomado da profecia de Isaías contra a antiga Babilônia:

"Caiu, caiu Babilônia; e todas as imagens de escultura dos seus deuses jazem despedaçadas por terra" (Isa. 21:9).

A queda de Babilônia foi o juízo de Deus por sua usurpação da soberania divina e a perseguição cruel do povo do pacto (ver Isa. 14:12-15; 13:11, 19; 14:3). As profecias de condenação de Isaías foram ampliadas pelo profeta Jeremias, quem declarou os cargos legais de Deus contra Babilônia (Jer. 50, 51).

Isaías e Jeremias predisseram a queda de Babilônia como uma verdade profética. Entretanto, seu anúncio do veredicto de Deus chegou a ser a verdade presente para Israel no cativeiro. De igual maneira Daniel explicou a escritura na parede do palácio de Babilônia: "TEKEL: Pesado foste na balança e achado em falta" (Dan. 5:27). Este veredicto judicial foi uma realidade presente para Daniel e para Babilônia! O profeta experimentou o que tinha anunciado: o desaparecimento de Babilônia (v. 30; ver 2:38, 39).

O veredicto de Deus no céu foi a causa verdadeira da queda subseqüente de Babilônia. Jeremias tinha mencionado que a condenação de Babilônia por parte de Deus estava motivada por sua fidelidade ao pacto com Israel, ainda que seu povo também era culpado:

"Porque Israel e Judá não enviuvaram do seu Deus, do Senhor dos Exércitos; mas a terra dos caldeus está cheia de culpas perante o Santo de Israel...

"Assim diz o Senhor dos Exércitos: Os filhos de Israel e os filhos de Judá sofrem opressão juntamente; todos os que os levaram cativos os retêm; recusam deixá-los ir; mas o seu Redentor é forte, Senhor dos Exércitos é o seu nome; certamente, pleiteará a causa deles, para aquietar a terra e inquietar os moradores da Babilônia" (Jer. 51:5; 50:33, 34).

O veredicto de Deus sobre a antiga Babilônia, um ato de sua fidelidade ao pacto, encontra um paralelo na mensagem do tempo do fim de Apocalipse 14:8. João acrescenta à declaração: "Caiu Babilônia", uma chamada profética para escapar à condenação de Babilônia (ver Apoc. 18:4, 5). O período intermediário entre a proclamação e a destruição de Babilônia do tempo do fim é o tempo para que Israel fuja de Babilônia. Desse modo, a história antiga de Israel proporciona a fonte e o antecedente das mensagens do tempo do fim do Apocalipse.

A mensagem cifrada que anuncia que Babilônia a Grande caiu, só será ativado depois que o evangelho apostólico tenha sido reavivado no tempo do fim (Apoc. 14:6). A interação entre as mensagens dos dois primeiros anjos de Apocalipse 14 se estende em forma gradual a todas as nações. Estes anjos traçam a linha de batalha entre Israel e Babilônia. Babilônia é identificada por sua oposição à mensagem do primeiro anjo, quer dizer, por sua oposição tanto ao evangelho eterno como à lei sagrada do Criador.

A queda de Babilônia pode entender-se em dois níveis. Primeiro, como o veredicto judicial pronunciado no céu, e segundo, como sua condenação na história. A Babilônia do tempo do fim falha moralmente quando rechaça o evangelho eterno. Este ato a converterá em "habitação de demônios" (Apoc. 18:2). Nesse momento, seus pecados "chegarão até o céu" e alcançará o limite da graça divina (v. 5; Jer. 51:9). Então o tribunal celestial decidirá o castigo de Babilônia (ver Dan. 7:9-12).

Enquanto que a mensagem do segundo anjo chama a atenção ao veredicto pronunciado no céu com respeito à culpabilidade de Babilônia, ainda se retarda a terminação do tempo de graça. O "vinho" de Babilônia, por meio do qual se intoxicaram todas as nações da terra, refere-se ao que parece aos ensinos doutrinais de Babilônia, com os quais corrompeu o evangelho eterno e os mandamentos de Deus (ver Apoc. 14:12).

É útil considerar por meio de que causa imediata caiu a Babilônia da antiguidade. O rei Belsazar tinha ordenado o uso dos copos sagrados de ouro do templo de Israel para beber vinho em seu banquete imperial (Dan. 5:2, 3, 23). Nesse ato de profanação, os governantes de Babilônia "deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra" (v. 4). Este ato idolátrico de provocação ao Deus de Israel marcou o fim do tempo de graça para Babilônia e trouxe o veredicto de sua condenação (v. 24). O Apocalipse mostra que a Babilônia do tempo do fim tem um cálice de ouro em sua mão, "cheio de abominações e da imundície de sua fornicação" (Apoc. 17:4).

E porque finalmente tem levado "a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição", cairá da graça protetora de Deus (Apoc. 14:8). Quando se bebe esse "vinho", a distinção fundamental entre o Criador e a criação, entre o santo e o profano, chega a ficar impreciso na mente das pessoas. Os adoradores da besta honrarão as criaturas mais que o Criador, o que é a essência da idolatria (ver Rom. 1:25; 1 Tes. 1:9). Em sua confusão a respeito da distinção estabelecida pelo Criador, os homens são levados a confiar em tradições humanas e no poder político para assegurar a paz.

O juízo retributivo das sete últimas pragas ainda é um juízo futuro para Babilônia. A advertência da mensagem do segundo anjo (Apoc. 14:8; 18:1-5) tem sua relevância final para a geração que viva quando descerem as pragas sobre Babilônia (ver Apoc, 18:4, 5). Deste modo, as mensagens dos três anjos estão em um marco explícito do tempo do fim.

 

Referências

A Bibliografia para Apocalipse 12-14, encontrará nas páginas 458-466 do Profecias do Fim de H. K. LaRondelle. 

 

1. 7 CBA 863. Ver também a "nota adicional" sobre Babilônia em 7 CBA 879-882.

2 Were, The Fall of Babylon in Type and Antitype, p. 14.

3 Farrar, A Rebirth of Images, p. 213.

4 Doukhan, Daniel: The Vision of the End, p. 66.

Autor: H. K. LaRondelle

Pr. Cirilo Gonçalves
Evangelista da IASD-AP, SP
Doutorando em Teologia
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