ESSA BREVE PESQUISA FOI FEITA EM CUMPRIMENTO PARCIAL AOS REQUISITOS DA MATÉRIA DE ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA PARA O PROGRAMA DE MESTRADO EM TEOLOGIA PELO UNASP.
O PENSAMENTO NÃO É CONCLUSIVO E NÃO PRENTENDE SÊ-LO, POIS O ASSUNTO É COMPLEXO E DE DIFÍCIL INTERPRETAÇÃO, ELE PRESISA, AINDA, SER REFINADO E APROFUNDADO PELA AMPLIDÃO DA BÍBLIA E DOS ESCRITOS DE ELLEN WHITE. A TRILHA FOI APENAS INICIADA.
Nome: Cirilo Gonçalves da Silva
Turma: A
Matéria: Antropologia Teológica
Professor: Dr. Giuseppe Carbone
TEMA: “À IMAGEM E SEMELHANÇA”
OBJETIVOS:
Essa breve pesquisa tem cinco objetivos fundamentais: 1) Perceber como o texto bíblico de Gênesis 1:26-27 “Também disse Deus: Façamos o home à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves do céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” foi interpretado por algumas escolas teológicas, teólogos e filósofos do passado e do presente, 2) analisar o pensamento Whitiano (Ellen G.White. Essa análise será em apenas algumas passagens dos seus escritos) sobre o homem ser a imagem e semelhança de Deus, 3) investigar Gênesis 1:26-27 em seu contexto imediato e amplo, 4) apresentar uma interpretação pessoal e 5) dar uma mensagem objetiva e subjetiva, baseada em Gênesis 1:26-27, à sociedade moderna .
HERMENÊUTICAS DESENVOLVIDAS SOBRE GÊNESIS 1:26-27 NAS ESCOLAS DE PENSAMENTOS: FILÓSOFOS, SOCIÓLOGOS E TEÓLOGOS
A Escola Alexandrina principalmente sob Clemente, Orígenes, Atanásio e Cirilo, acreditava que a imagem de Deus não ocorre no corpo e sim no interior, na alma, no intelecto, na liberdade e na natureza espiritual do homem . Contrariamente a Escola Antioquena entendia a imagem de Deus numa dimensão mais materialista. Dizia que “a imagem do Deus invisível, se em algum lugar se manifesta, só pode ser no corpo, na carne humana” e os defensores mais destacados eram Irineu, Tertuliano, Marcelo de Ancira e Hilário de Poitiers.
Para a Igreja Católica Apostólica Romana os termos “imagem e semelhança” são distintos. Quando ela se refere à “imagem”, fala da imagem natural e da natureza do homem como homem, incluindo a espiritualidade, a liberdade e a imortalidade. Ao se referir à “semelhança”, interpreta como sendo o lado moral, a justiça e a santidade. Às vezes, a semelhança é descrita como um produto merecido da obediência, uma recompensa para o uso próprio da natureza, para que por ela seja salvo. Esse tipo de abordagem, que distingue Imagem de Semelhança, foi também encontrada nos escolásticos, embora nem sempre expressa do mesmo modo. Já os reformadores abandonaram a distinção entre Imagem e Semelhança, pois “consideravam a justiça original como incluída na imagem de Deus e como pertencente à própria natureza do homem em sua condição originária . Mas esta expressão dupla não pretende fazer distinção entre a imagem natural e a sobrenatural porque os termos são intercambiáveis
Já para o Filósofo Sóren Kierkegard a “imagem de Deus não é de forma alguma substancial, como a personalidade, mas é simplesmente relacional” . Alguns teólogos pensam assim também e, entre eles está o Dr. Karl Barth . Na filosofia de Sertillanges o homem é misterioso como Deus tem o seu mistério. Ele é extra-natural, como Deus é sobrenatural, é uma exceção que responde a um desígnio particular. Toda criação se deu numa passagem de Deus, ao parar criou o homem a sua imagem para dominar sobre tudo . No pensamento evolucionista há uma teoria que distingue a “imagem” que o homem possuía e que ele perdeu devido à queda (felicidade e obediência responsiva) e a “imagem” adquirida devido à queda (poderes racionais e responsabilidade moral) . Boehner, em sua filosofia, meditando em Gênesis 1: 27 disse que está escrito que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Mas deve-se dizer que o homem foi criado conforme a imagem de Deus, pois, estritamente falando, somente Cristo é a imagem Deus (Col 1, 15). Assim, “O homem é a imagem desta imagem de Deus” .
De acordo com Calvino não há diferença entre as palavras “imagem” e “semelhança”. O termo consiste em “retidão” e “verdadeira santidade”, fundamentando o seu pensamento em Efésios 4:24 e Colossenses 3:10 . Já o Dr. Champlin acredita que o homem veio à existência compartilhando de algo da natureza divina e por toda a eternidade o salvo continuará a se desenvolver “divinamente”, sempre em um sentido finito, mas real .
SIGNIFICADO DO TERMO
As palavras hebraicas de Gênesis 1.26, 27 para imagem e semelhança são tselem e demuth, o equivalente às palavras gregas eikon e homoiosis (que em latim são imago e similitudo). Tselem significa imagem moldada, uma figura moldada, imagem no sentido concreto da palavra (2Rs.11.18; Ez.23.14; Am.5.26). Já demuth também se refere à idéia de similaridade, mas num aspecto mais abstrato ou idealístico. Segundo Addison Leitch, “o autor bíblico parece estar tentando expressar uma idéia muito difícil, na qual deseja deixar claro que o homem, de alguma maneira, é o reflexo concreto de Deus” . Embora durante muito tempo se tentou diferenciar as palavras, nos relatos bíblicos as palavras imagem e semelhança são empregadas como sinônimos. Em Gn.1.26 são empregada as duas palavras, mas no v.27 apenas a primeira delas. Em Gn.5.1 só ocorre a palavra semelhança e no v.3 ambas novamente. Porém em Gn. 9.6 aparece apenas a palavra imagem. Ou seja, são utilizadas em Gênesis de maneira intercambiável. Outro detalhe importante é que, até mesmo as preposições utilizadas são igualmente intercambiáveis (cf. Gn.1.26,27 e 5.1-3).
Groningen apresentou uma diferença gramatical dizendo que o homem deveria ser criado Besalmenu Kidemutenu (à nossa imagem, conforme a nossa semelhança) v. 26. Ele diz que o texto bíblico registra que Deus criou et-ha Adam besalmo (o homem à sua imagem). Pergunta Groningen porque o sufixo plural no verso 26 e o singular no verso 27? Ele responde dizendo que Deus é citado como ambos, plural em sua deliberação e singular quando realizando as suas atividades criadoras. Citando Wenham, diz que a discussão concentra-se, também, no uso do Be e Ke no verso26. Mostrou que o Be (em ou por) e Ke (como ou tal como) não são exatamente sinônimos, embora seus campos semânticos coincidem. Nesta passagem os dois são virtualmente equivalentes. Depois que ele faz a diferença entre o Be e o Ke propõe três possibilidades como solução. 1) Be-Ke poderia significar na capacidade de. A preposição é usada neste sentido em Êxodo 6:3. Se esta possibilidade for correta, afirma ele, poderia significar que o homem foi criado na capacidade de Deus. Isto, como resultado significa que o homem foi criado para ser a imagem divina. 2) A idéia do Be pode ser melhor apresentada como um verbo estativo (Um verbo estativo descreve um estado, ou seja, uma situação não dinâmica): o homem deve espelhar, ser a imagem de Deus. 3) A terceira possibilidade de acordo com Groningen expressa a visão tradicional, ou seja, o homem foi criado de acordo com o modelo. Da mesma forma como Moisés construiu o tabernáculo de acordo como modelo que Deus lhe havia dado (Êxodo 25:9, 40), Deus também fez a humanidade de acordo com o modelo que ele tinha em mente. Este modelo, no entanto, embora não idêntico ao próprio Deus, refletia e representava muito daquilo que Deus é. Comentando sobre o assunto, Hartley escreveu que tselem e demut refere-se à imagem como uma representação da divindade o que significa dominar sobre a criação divina na qualidade de vice-gerente de Deus. Hartley fortalece o seu argumento citando o Salmo 8:5-8 (sobre esse Salmo, Kidner também o relaciona com Gênesis 1:26, especialmente os versos 6-8 ) quando o homem na visão de Davi recebe da parte de Deus o domínio sobre as Suas obras. Seguindo, também, uma linha tradicional de interpretação do texto, argumenta que a imagem divina não se encontra no corpo do homem, que foi feito a partir de matéria terrena, mas em sua semelhança espiritual, intelectual, moral, com Deus de quem veio o sopro que lhe deu vida
Gordon J. Wenham reuniu as cinco principais opiniões sobre esse assunto. São elas:
1. “Imagem” e “semelhança” são distintos. A imagem relaciona-se com as qualidades naturais do homem (razão, personalidade, etc.) que fazem o homem assemelhar-se com Deus; enquanto que semelhança refere-se às graças supranaturais, isto é, ética.
2. A imagem refere-se às faculdades mentais e espirituais que o homem divide com o seu Criador.
3. A imagem consiste de uma semelhança física, isto é, o homem parece-se com Deus. Wenham diz que essa posição tem a seu favor, o fato de que “tselem”, na maioria das vezes, denota uma imagem física. Gênesis 5.3 é um desses casos. Esse verso diz que Adão gerou a Sete, segundo a sua imagem (tselem). Isso significa que Sete, parecia-se fisicamente com o seu pai. Contra essa posição, Wenham diz que O Antigo Testamento enfatiza freqüentemente a incorporeidade e invisibilidade de Deus (cf. Dt 4.15-16).
4. A imagem de Deus faz do homem representativo sobre a terra.
5. A imagem é a capacidade que o homem tem de relacionar-se com Deus.
Essas alternativas ressaltam a dificuldade em definir o que os termos “imagem” e “semelhança” significam. A maioria delas apresenta um ponto importante do que estaria implicado nos termos em discussão, o que torna difícil escolher uma posição ou outra.
O HOMEM COMO IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS (ALGUMAS PASSAGENS DOS ESCRITOS DE ELLEN WHITE)
Para Ellen White "a imagem de Deus está impressa na retina da alma humana e à medida que o homem se relaciona com Ele e o contempla intimamente é moldado a Sua semelhança.” . Comentando sobre a formação de Adão ela diz que “o homem deveria ter a imagem de Deus, tanto na aparência exterior como no caráter... E que Cristo somente é a expressa imagem do Pai (Heb. 1:3)... Mas o homem foi formado à semelhança de Deus” . Ela acredita que Deus é espírito mas que também é Pessoal, “visto que o homem foi feito à Sua imagem” . Ao falar assim, relaciona a imagem do homem com a Pessoalidade de Deus. Ela também crê que quando o homem está envolvido no pecado, tem a semelhança de satanás e ao sair de suas mãos pelo poder de Cristo e Sua Palavra, passa a ser a imagem de Deus . E em sua escatologia ela pondera que quando Jesus estiver sendo glorificado olhará para os remidos que “estarão renovados em Sua própria imagem, trazendo cada coração a impressão perfeita do divino, refletindo cada rosto a semelhança de seu Rei” declarará: "Eis a aquisição de Meu sangue! Por estes sofri, por estes morri, a fim de que pudessem morar em Minha presença pelas eras eternas" . Essa afirmação ganha sustentação ao fazermos um paralelo com a esplêndida visão que ela teve de outros mundos habitados. Ela foi transportada a um deles e viu que os habitantes daquele lugar eram de todas as estaturas; nobres, majestosos e formosos. Ostentavam a expressa imagem de Jesus e seu semblante irradiava santa alegria, que era uma expressão da liberdade e felicidade do lugar. Ao perguntar a um deles porque eram mais formosos que os da terra, a resposta foi: “Vivemos em estrita obediência aos mandamentos de Deus, e não caímos em desobediência como os habitantes da Terra”. A mesma expressão que é usada para Jesus em Hebreus 1:3 é usada para os habitantes daquele lugar que não experimentaram o pecado, apenas com uma diferença básica, Jesus é tido como a imagem do Pai e os habitantes desse mundo são à imagem de Jesus . Fala, também, do que Deus deseja fazer hoje no coração do ser humano. “Ele quer restaurar no homem Sua imagem moral” e essa obra só é possível “à medida que dEle vos aproximardes, em arrependimento e confissão, Ele Se aproximará de vós, com misericórdia e perdão” . Ela é capaz de dizer, apropriadamente, que é obra silenciosa do Espírito Santo na alma humana realizar essa renovação “gerando na alma uma vida nova; cria um novo ser, à imagem de Deus” . Esse novo ser refletirá para o mundo a verdadeira imagem dAquele que o criou . O seu maior anseio, após ter contemplado em visão o céu como um lugar agradável era “ali estar, e contemplar o meu amorável Jesus, que por mim deu Sua vida, e achar-me transformada a Sua imagem gloriosa” Ellen G. White ao escrever sobre o homem sendo a imagem e semelhança de Deus o faz holística e panoramicamente.
ANÁLISE PESSOAL DE GÊNESIS 1-2 E 5 EM SEU CONTEXTO IMEDIATO E AMPLO PARA O ESTABELECIMENTO DE UMA INTERPRETAÇÃO INDIVIDUAL SOBRE "A IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS" E APRESENTAR UMA BREVE MENSAGEM PARA UMA SOCIEDADE MODERNA COM OS SEUS DESAFIOS.
Em Gênesis 1-2 existem algumas expressões importantes para o nosso estudo. São elas:
1. “Criou Deus” (1:1, 21, 27; 2:4), “Fez Deus” (1:3, 7, 9, 16, 25; 2:21), “Formou o SENHOR” (2:7, 19, 22), “Plantou o SENHOR” (2:8). Essas palavras revelam um Pai de amor, poderoso, com responsabilidade, preparando um ambiente para os seus filhos morarem. Revela, também, uma ação, uma dinâmica mergulhada em profunda reflexão. Revela ainda determinação e coragem.
2. “Disse Deus” (1:3, 6, 9, 11, 14, 20, 22, 24, 26, 29; 2:16, 18). Essa expressão revela um Pai que tudo pode fazer pelo poder de Sua Palavra e ao mesmo tempo dialoga com a Sua criação como faz um pai com o seu filho.
3. “Viu Deus” (1:4, 10, 12, 18, 21, 25, 31). Nessa contemplação o Pai olha com alegria e aprecia as Suas obras criadas
4. “Isso era bom” (1:3, 10, 18, 21, 25). O pai é bondoso, fez e faz apenas coisas boas para os seus filhos. Ele se realiza nos feitos de Sua bondade.
5. “Houve tarde e manhã” (1:5, 8, 13, 19, 23, 31). A noção de tarde e manhã, no contexto da criação do mundo, apresenta um Pai organizadíssimo e fazendo uma atividade, bem feita, a cada dia sem atropelos e, por isso, podia dizer “isso é bom”.
6. “Ervas”, “Árvores frutíferas”, “Luzeiros”, “Estrelas”, “Enxames de seres viventes”, “Aves”, “Grandes animais marinhos”, “Seres viventes que rastejam”, “Animais domésticos” e “Animais selváticos”. (1:11-12, 14-16, 20-21, 24-25). As palavras e expressões no plural para a criação animal, vegetal e astral, apresentam um Pai amante do “muito”, de “multidão” e de “diversificação”, e também da ordem, equilíbrio e descência.
7. “Chamou Deus”, “Nominou” (1:5, 8, 10; 5:2). O Pai ao criar cada elemento, deu o devido nome de acordo com a natureza da Sua obra e o fazia carinhosamente para que cada uma tivesse a própria identidade.
8. “Deu todas as ervas que dão semente”, “Deu todas as Arvores em que há fruto que dê semente”. Essas duas frases revelam o Pai preocupado com a saúde dos filhos e seu desenvolvimento integral. Revela cuidado, amor e zelo pelo que é seu por direito. O tipo de Alimento oferecido revela que o Pai conhece a máquina, a estrutura humana que fez.
9. “Descansou”, “Abençoou”, “Santificou” (2:1, 2, 3). Ao concluir, o Pai, todo o cenário para colocar os seus filhos, ficou maravilhado com tanta beleza e estabeleceu o sétimo dia como o memorial de toda a criação. Assim, quando Seus filhos chegassem ao sábado voltar-se-iam para o Pai e O glorificaria pelas obras de Suas mãos. O sétimo dia recebeu do Pai uma bênção especial para ser separado dos dias normais da semana. Os grandes animais marinhos, todos os seres viventes que rastejam e povoam as águas e todas as aves foram abençoados para a fecundação e multiplicação. Assim, também, o homem recebeu do Pai uma bênção especial e um mandado diferente dos outros animais (1:28). Nesse contexto particular o Pai é um abençoador de suas criaturas porque deseja a sua multiplicação organizada e equilibradamente.
Em Gênesis 5, no contexto da genealogia de Adão, existem algumas expressões importantes para o nosso estudo. São elas:
1. “Viveu”, “Vida” (5:3, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 12, 13, 15, 16, 18, 19, 21, 22, 25, 26, 28, 30). No capítulo cinco o destaque inicial é para a vida. O primeiro homem (e Eva), Adão, foi criado pelo Pai para viver e sua geração para ter vida.
2. “Gerou um filho” (5:3-4, 6-7, 9-10, 12-13, 15-16, 18-19, 21-22, 25-26, 28-30). Essa seqüência: O Pai criou um filho, (Adão 5:1, 2) o filho recebeu poder do Pai para gerar, também, um filho. Este recebeu poder do pai para gerar outro filho, precisa ser observada e considerada. O mesmo que o Pai fez o filho fez. Evidentemente numa esfera diferente e inferior.
3. “E Teve filhos e filhas” (5:4, 7, 10, 13, 16, 19, 22, 26, 30, 32). Cada filho gera “filhos e filhas”, obedecendo ao mandamento do Pai. O objetivo era cumprir o mandado de encher a terra (1:28).
4. “Todos os dias foram... e morreu” (5:5, 8, 11, 14, 17, 20, 23, 27, 31). A morte, assim como a vida, é uma realidade nesse capítulo. Ela veio em conseqüência do pecado (2:17), ofuscou o brilho da vida, mas uma luz brilhou quando Enoque, que andava com Deus, foi tomado da terra para o céu sem passar pela morte (5:24).
CONCLUSÕES:
1. Nos capítulos 1-2 existem palavras, frases e idéias que revelam a Deus como um Ser pessoal (“Disse Deus”, “Viu Deus”, “Chamou Deus”, “Nominou”), que tem poder criador (“Criou Deus”, “Fez Deus”, “Formou o SENHOR”, “Plantou o SENHOR”), cuidado e amor para com as suas criaturas (“Deu todas as ervas que dão semente”, “Deu todas as Arvores em que há fruto que dê semente”), organização (“Houve tarde e manhã”), bondade (“Isso era bom”), amante da multiplicidade e diversidade (“Ervas”, “Árvores frutíferas”, “Luzeiros”, “Estrelas”, “Enxames de seres viventes”, “Aves”, “Grandes animais marinhos”, “Seres viventes que rastejam”, “Animais domésticos” e “Animais selváticos”) e espiritual a ponto de estabelecer um dia para ser adorado pelos seus grandes feitos (“Descansou”, “Abençoou”, “Santificou”). Com estas e outras qualidades que Ele possui, criou o homem à Sua imagem e semelhança.
2. No capítulo 5 o destaque é para a vida, a geração de filhos e filhas e a morte. Assim como o primeiro homem foi feito à imagem de Deus os demais foram feitos à imagem de Adão. Somos a imagem da imagem. Este conceito é destacado na genealogia da seguinte maneira: Primeiro Deus criou Adão à Sua semelhança (5:1), Adão gerou a Sete à sua semelhança conforme a sua imagem (5:2). A sequência continua dizendo que Sete gerou a Enos (subentende-se que foi também à sua semelhança conforme a sua imagem), Enos gerou a Cainã (idem), este gerou a Maalaleel (idem), Maalaleel gerou a Jerede (idem), Jerede gerou a Enoque (idem), Enoque gerou a Metusalém (idem), Metusalém gerou a Lameque (idem), Lameque gerou a Noé (idem) e Noé gerou a Sem, Cam e Jafé (idem). Na seqüência vida, geração de filhos e filhas e morte, existe uma interrupção misteriosa quando Enoque é levado para o céu sem passar pela morte após ter andado com Deus (5:24). Ao ser transportada em visão a um mundo perfeito, Ellen G. White, viu os moradores daquele lugar expressando a imagem de Jesus. Viu, também “o bom e velho Enoque, que tinha sido trasladado. Em sua destra tinha uma palma resplendente, e em cada folha estava escrito: ‘Vitória’. Pendia-lhe da cabeça uma grinalda branca, deslumbrante, com folhas, e no meio de cada folha estava escrito: ‘Pureza’, e em redor da grinalda havia pedras de várias cores que resplandeciam mais do que as estrelas, e lançavam um reflexo sobre as letras, aumentando-lhes o volume. Na parte posterior da cabeça havia um arco em que rematava a grinalda, e nele estava escrito: ‘Santidade’. Sobre a grinalda havia uma linda coroa que brilhava mais do que o Sol. Perguntei-lhe se este era o lugar para onde fora transportado da Terra. Ele disse: ‘Não é; minha morada é na cidade, e eu vim visitar este lugar.’ Ele percorria o lugar como se realmente estivesse em sua casa.”
3. De acordo com os meus estudos posso concluir que hoje, devido o pecado, somos a imagem e semelhança de Deus, "ofuscadamente". Somente no Reino Eterno do Pai, transformados e imortalizados pelo poder de Sua eterna presença, poderemos ser, na totalidade e plenitude à Sua imagem e semelhança tanto no aspecto exterior como no interior. No físico como no caráter (não em essência, pois não seremos divinos e sempre em grau inferior. Tselen e demuth também significam algo como um Ser glorioso em pé projetando uma sombra, o homem foi formado parecendo com a sombra – traços bem gerais). A história de Enoque é um exemplo ideal desse pensamento. E se os moradores do mundo em que Enoque visitava “eram de todas as estaturas; nobres, majestosos e formosos” Ostentando “a expressa imagem de Jesus, e seu semblante irradiava santa alegria, que era uma expressão da liberdade e felicidade do lugar”, e quando Enoque foi indagado por Ellen White, se ali era “o (seu) lugar para onde fora transportado da Terra” ele respondeu “Não é; minha morada é na cidade”. Suponho que os moradores da cidade santa (são) e os que morarão lá serão a expressa imagem de Jesus também.
4. O homem moderno precisa saber que, embora seja, a imagem e semelhança de Deus, ofuscadamente pela presença do pecado no mundo e na natureza humana, um dia, no Reino Eterno, será plenamente a expressa imagem de Jesus. Foi para esse fim que Jesus veio e quem andar com Deus hoje, como andou Enoque com Deus no passado, caminhará com esperança para esse mister.
______________________________________________________________________________________
1. Os cinco objetivos desse trabalho fazem parte das exigências da matéria “Antropologia Teológica do Dr. Giuseppe Carbone: matéria ministrada na classe de mestrado em teologia pastoral na Universidade Adventista de São Paulo (UNASP), Engenheiro Coelho, julho de 2010.
2.. Hécion Ribeiro, “Ensaio de Antropologia Cristã: Da Imagem à Semelhança com Deus”. Editora Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro. 1995, p. 106
3. Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos, Joh Rea, Dicionário Bíblico Wycliffe, 2ª Edição. CPAD, Rio de Janeiro, RJ. 2007, PP. 954-955
4. Louis Berkhof. Teologia Sistemática. Editora Cultura Cristã: São Paulo, 2004. pp.187
5. Enciclopedia de La Biblia. Cuarto volumen, ediciones Garriga, S.A. Barcelona 1963, p. 108
6. Pfeiffer, p. 955
7. Ibidem, p. 955
8. A.D. Sertillanges, El Cristianismo y las Filosofias. Biblioteca Hispánica de Filosofia, Editorial Gredos, S.A. Madrid, 1966, pp. 66-67
9. Pfeiffer, 954
10. Philotheus Boehner, Etienne Gilson, História da Filosofia Cristã: Desde as Origens até Nicolau de Cusa. 7ª Ed. Tradução de Raimundo Vier. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2000. p. 284
11. John Calvin, Commentaries on the first of Moses, vol. 1. Called Genesis, Grand Rapids, Michigan, Eerdamans Publishing Co., 1996, p. 94
12. Russell Norman Champlin, O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo, 2ª Edição. AGNOS 2001, pp 15-16
13. Addison Leitch. Image of God. In: Charles Ryrie. Teologia Básica. Mundo Cristão: São Paulo, 2004. pp. 218.
14. Ver Gerard Van Groningen, Criação e Consumação, vol. 1, Editora Cultura Cristã, 1ª Edição. 2002, pp. 80-84
15. Derek Kidner, Salmos 1-72, Introdução e Comentário aos Livros I e II dos Salmos. Série Tyndale Commentary. (Tradução de Gordon Chown). Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação religiosa Editora Mundo Cristão. São Paulo, SP, Brasil. 1980, p. 83
16. Laird Harris, Gleason L. Archer Jr, Bruce K. Waltke, Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento (Tradução de Márcio Loureiro Redondo, Luiz A. Sayão e Carlos Osvaldo C. Pinto). Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. 1ª Edição. São Paulo, SP. 1998, pp 1288-1289
17. Gordon J. Wenham, Word Biblical Commentary, vol. 1, Waco, Word Books, 1987, pp. 29-32; Groningen, pp. 83-84
18. Ellen G. White, Mensagens aos jovens, p. 160 (CD ROM contendo todos os livros de E.G.W produzido pela Casa Publicadora Brasileira dos Adventistas do Sétimo Dia)
19. Idem, Patriarcas e Profetas, p. 45
20. Idem, Educação, p. 132
21. Idem, Atos dos Apóstolos, p. 476
22. Idem, O Grande Conflito, p. 671
23. Idem, Primeiros Escritos, pp. 39-40
24. Idem, Caminho a Cristo, p. 55
25. Ibid
26. Idem, p. 65
27. Idem, Primeiros Escritos, p. 39
28. Salvo indicação, todas as referências citadas a partir de agora pertencem a Bíblia Almeida Revista e Atualizada no Brasil 2ª edição.
29. Idem, Maranata, o Senhor Vem – MM, 1977, p. 366; Idem, Primeiros Escritos, 39-40
30. Além dos anjos, Enoque (Gen. 5:24), Elias (2° Reis 2: 11), Moisés (Deut 34//Mat. 17:1-4; Judas 9) e muitos santos ressuscitaram por ocasião da morte e ressurreição de Cristo e foram com ele para a cidade santa de Deus (Mat. 27:50-53); para se obter mais detalhes sobre esse episódio ver Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 786; Idem, Cristo Triunfante – MM 2002, p. 285
domingo, 21 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
CHAMADOS PARA SER TESTEMUNHAS
CHAMADOS PARA SER TESTEMUNHAS
Testemunhos Seletos vol. III 295
“Estende-se perante nós a eternidade. A cortina está para ser corrida.
Em que estamos pensando, para que assim nos apeguemos ao nosso amor egoísta da
comodidade, enquanto por toda parte ao nosso redor almas estão a perecer? Ficou-nos completamente calejado o nosso coração? Não podemos ver nem compreender que temos uma obra para fazer em favor de outros?
Irmãos e irmãs estão entre os que, tendo olhos, não vêem, e tendo ouvidos, não
ouvem? Foi em vão que Deus vos deu o conhecimento de Sua vontade? Foi em vão que Ele vos enviou advertência após advertência da proximidade do fim? Acreditais as declarações de Sua palavra acerca do que está para sobrevir ao mundo? Acreditais que os juízos de Deus impendem sobre os habitantes da Terra? Como, então, podeis ficar de braços cruzados, descuidosos e indiferentes? Cada dia que passa nos leva mais perto do fim. Leva-nos, também, para perto de Deus? Estamos vigilantes em oração?
As pessoas com quem nos associamos dia a dia precisam de nosso auxílio, nossa
guia. Podem estar em tal estado de espírito que uma palavra oportuna lhes seria pelo
Espírito Santo ao coração como um prego em lugar firme. Amanhã talvez algumas dessas
estejam onde nunca mais as possamos alcançar. Qual é a nossa influência sobre esses
companheiros de jornada?
Que esforço fazemos para ganha-los para Cristo? O tempo é breve, e nossas forças têm que ser organizadas para produzirem uma obra maior. O tempo demanda maior eficiência e mais profunda consagração. Oh! Estou tão repleta deste assunto que clamo a Deus: ‘Suscita e envia mensageiros possuídos do sentimento de responsabilidade, mensageiros em cujo coração tenha sido crucificada a idolatria do próprio eu, que jaz no fundamento de todo pecado’ .”
Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
Evangelista da UCOB
Twitter: @prcirilo
Site: www.ucob.org.br/evangelismo
Testemunhos Seletos vol. III 295
“Estende-se perante nós a eternidade. A cortina está para ser corrida.
Em que estamos pensando, para que assim nos apeguemos ao nosso amor egoísta da
comodidade, enquanto por toda parte ao nosso redor almas estão a perecer? Ficou-nos completamente calejado o nosso coração? Não podemos ver nem compreender que temos uma obra para fazer em favor de outros?
Irmãos e irmãs estão entre os que, tendo olhos, não vêem, e tendo ouvidos, não
ouvem? Foi em vão que Deus vos deu o conhecimento de Sua vontade? Foi em vão que Ele vos enviou advertência após advertência da proximidade do fim? Acreditais as declarações de Sua palavra acerca do que está para sobrevir ao mundo? Acreditais que os juízos de Deus impendem sobre os habitantes da Terra? Como, então, podeis ficar de braços cruzados, descuidosos e indiferentes? Cada dia que passa nos leva mais perto do fim. Leva-nos, também, para perto de Deus? Estamos vigilantes em oração?
As pessoas com quem nos associamos dia a dia precisam de nosso auxílio, nossa
guia. Podem estar em tal estado de espírito que uma palavra oportuna lhes seria pelo
Espírito Santo ao coração como um prego em lugar firme. Amanhã talvez algumas dessas
estejam onde nunca mais as possamos alcançar. Qual é a nossa influência sobre esses
companheiros de jornada?
Que esforço fazemos para ganha-los para Cristo? O tempo é breve, e nossas forças têm que ser organizadas para produzirem uma obra maior. O tempo demanda maior eficiência e mais profunda consagração. Oh! Estou tão repleta deste assunto que clamo a Deus: ‘Suscita e envia mensageiros possuídos do sentimento de responsabilidade, mensageiros em cujo coração tenha sido crucificada a idolatria do próprio eu, que jaz no fundamento de todo pecado’ .”
Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
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