domingo, 29 de maio de 2011

A DISTINÇÃO ENTRE PROFECIA CLÁSSICA E PROFECIA APOCALÍPTICA

A DISTINÇÃO ENTRE PROFECIA CLÁSSICA E PROFECIA APOCALÍPTICA
Os profetas do Antigo Testamento tais como Amós, Isaías, Sofonías, Ezequiel e Jeremias são chamados profetas clássicos. Suas mensagens foram em primeiro lugar pronunciados em voz alta, seja ao reino rebelde do Israel no norte (as 10 tribos) ou à apóstata Jerusalém e Judá (as 2 tribos). Com freqüência suas mensagens foram um clamor em favor da justiça social, econômica e política para as classes oprimidas. Os profetas convocaram Israel e Judá para que voltassem para a torah ou lei do pacto do Moisés, e para que servissem a Deus com arrependimento verdadeiro. Se os líderes políticos e religiosos do povo eleito originavam justiça social e uma renovação da adoração, o reino de Deus viria sobre a terra em sua história futura. Em realidade, o "dia do Senhor", ou o "dia do Jeová", não viria como Israel o tinha antecipado popularmente.

PROFECIA CLÁSSICA

Amós:

Este profeta, como porta-voz de Deus, pronunciou em forma fulminante estas horríveis palavras às 10 tribos:
"Ai de vós que desejais o Dia do Senhor! Para que desejais vós o Dia do Senhor? É dia de trevas e não de luz ...Não será, pois, o Dia do Senhor trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade?
"Por isso, vos desterrarei para além de Damasco, diz o Senhor, cujo nome é Deus dos Exércitos" (Amós 5:18, 20, 27).
Amós deu a conhecer dois castigos sobre Israel: Em primeiro lugar, a nação infiel seria levada cativa ao exílio em Assíria ("além de Damasco") como resultado da maldição do pacto do Deus do Israel, em harmonia com suas ameaças do pacto pronunciadas mediante Moisés (Deut. 28; Lev. 26). Esta sentença teve lugar no ano 722 a.C., e se conhece como o desterro assírio das dez tribos. Em segundo lugar, o significado pleno deste juízo nacional chega a compreender-se só quando se vê este acontecimento como um tipo ou prefiguração do juízo cósmico de Deus ao fim da história sobre todas as nações que se rebelem contra Deus.
Amós apontou ao juízo final de Deus quando se referiu aos sinais cósmicos: "Farei que fique o sol ao meio dia, e cobrirei de trevas a terra no dia claro" (Amós 8:9), e: "Não se estremecerá por isso a terra, e fará luto tudo o que nela habita? (v. 8, BJ). Escuridão repentina ao meio-dia ou um terremoto catastrófico podem ser mais que um desastre natural. O fogo apocalíptico consumirá a terra e o mar (7:4) e levará a seu fim a história de Israel!
Na escatologia (a ordem dos acontecimentos finais) que apresenta Amós, o dia do Senhor seria um juízo iminente sobre Israel a mãos de seu inimigo nacional: Assíria (no 722 a.C.). Mas Amós anunciou uma catástrofe ulterior, na qual Deus julgará a uma sociedade mundial apóstata e libertará a seus fiéis em todas as nações. A esta relação do juízo local iminente e do juízo mundial do tempo do fim chamamos "conexão tipológica". Ambos os juízos procedem do mesmo Deus, mas o juízo sobre a nação é um tipo ou modelo profético que garante que Deus julgará finalmente a todo mundo pelos mesmos princípios morais. Só mediante sua retribuição final se cumprirá completamente o propósito redentor de Deus para esta terra. O tipo histórico pode ser local e incompleto, mas o antitipo escatológico será universal e completo em seus resultados.

Sofonías:
O duplo foco do juízo de Deus em Amós também o descrevem graficamente os outros profetas. Em geral se considera que Sofonías é o profeta mais grandioso que fala do juízo de Deus. Inclusive começa seu pequeno livro com uma admoestação da destruição universal vindoura:
"De fato, consumirei todas as coisas sobre a face da terra, diz o Senhor. Consumirei os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e os peixes do mar, e as ofensas com os perversos; e exterminarei os homens de sobre a face da terra, diz o Senhor" (Sof. 1:2, 3).
Assim como Amós, Sofonías contempla o futuro histórico imediato contra o fundo do juízo final, porque é o mesmo Deus o que visita Israel e o mundo para juízo e salvação. A mensagem principal é que Deus atua, não a duração do período de tempo entre os juízos.

Joel:
O profeta Joel estruturou sua perspectiva profética de forma tal que uma praga histórica de lagostas (1:4-12) serve como um tipo profético do juízo escatológico de todo o mundo, que é seu antitipo (2:10, 11; 3:11-15). A história local e a escatologia do tempo do fim estão tão mescladas entre si que não podem ser completamente separadas na descrição profética. O presente corresponde ao futuro porque é o mesmo Deus quem vem agora e no futuro. Este é a mensagem principal do Antigo Testamento. O propósito moral de cada anúncio de um juízo de Deus é levar a seu povo a caminhar em harmonia com sua vontade redentora no presente. O objetivo final da profecia não é a catástrofe e a destruição, a não ser uma nova criação e a restauração do paraíso perdido na terra.

Isaías:

Um exemplo de como o juízo de Deus sobre um arquiinimigo histórico do Israel e seu juízo final do mundo estão intimamente misturas, como se ambos fossem um só dia do Senhor, encontra-se no Isaías 13. Isaías anuncia a iminente queda do Império Neobabilônico às mãos dos medos: " Uivai, pois está perto o Dia do SENHOR; vem do Todo-Poderoso... Eis que eu despertarei contra eles os medos" (Isa. 13:6, 17). Neste oráculo profético de guerra, Deus atuará logo como o guerreiro divino para liberar a seu povo oprimido: "O Senhor dos exércitos revista seu exército para o combate" (v. 4, NBE). O resultado será a destruição: "Babilônia, a jóia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca jamais será habitada, ninguém morará nela de geração em geração" (vs. 19, 20).
Depois, o profeta acrescenta a dimensão cósmica do dia apocalíptico do Senhor: "As estrelas dos céus e seus luzeiros não darão sua luz; e o sol se obscurecerá ao nascer, e a lua não dará seu resplendor" (V. 10). Deus castigará "ao mundo por sua maldade, e aos ímpios por sua iniqüidade" (V. 11). Deus fará "estremecer os céus, e a terra se moverá de seu lugar... no dia do ardor de sua ira" (V. 13).
Esta é uma descrição de um juízo universal. Por isso, a profecia de Isaías de condenação sobre Babilônia contém a estrutura de uma perspectiva tipológica. É claro que o dia apocalíptico do Senhor, com seus sinais cósmicos e seu terremoto universal, não ocorreu durante a queda histórica de Babilônia ante os medo-persas no 539 a.C. Aquele juízo sobre Babilônia serve só como um tipo ou símbolo do juízo final da humanidade; por esta razão se descrevem os dois juízos como se fossem um só dia de retribuição divina. A natureza tipológica da queda de Babilônia da antiguidade não requer que cada rasgo da profecia se cumpra no tipo. Antes, o cumprimento parcial das antigas profecias de condenação e liberação indicam que ainda precisam encontrar sua consumação definitiva. O livro do Apocalipse nos assegura que todas as profecias antigas de condenação e liberação ocorrerão em escala mundial por ocasião da segunda vinda de Cristo. Por definição, o antitipo sempre é maior que o tipo. Por isso encontramos que a característica da profecia clássica é seu duplo foco, sobre o próximo e o longínquo, sem nenhuma diferenciação de tempo. Ensina-nos que o Deus do Israel é o Deus da história. É o rei que vem na história e ao fim da história da humanidade. Sua vinda traz o fim desta era maligna, para restaurar o reino de Deus sobre nosso planeta por meio do Jesus Cristo.
Outra característica vital da profecia clássica são suas preocupações éticas, seu chamado ao arrependimento e a uma vida santificada. Os profetas de Israel não fizeram predições incondicionais mas sim desafiaram tanto ao Israel como aos gentios com a vontade imediata de Deus. De fato, as predições divinas satisfazem o propósito mais elevado de chamar o povo ao arrependimento e a obedecer a vontade de Deus e dessa forma, evitar o juízo vindouro. O resultado significativo desta preocupação ética dos profetas do Israel é a segurança de que só um remanescente do Israel, fiel e purificado, entrará no reino escatológico de Deus.
Os profetas anunciaram que só um fragmento ou remanescente da nação como um tudo seria salva, assim como o "tronco" que fica de uma árvore (Amós 3:12; 5:14, 15; Ouse. 5:15; 6:1-3; Isa. 4:2-4; 6:13; Jer. 23:3-6). A razão é que só o remanescente restaurado se voltará para Senhor com arrependimento verdadeiro (Isa. 10:20-23; Zac. 12:10-13); só um Israel espiritual dentro do Israel nacional receberá um coração "circuncidado" (Deut. 10:15, 16; 30:6; Jer. 4:4). A distinção no Antigo Testamento entre um verdadeiro o Israel de Deus dentro da nação do Israel não se apóia na relação de raça ou de sangre com Abraão, e sim na fé e na obediência a Deus. O fator decisivo é possuir a relação espiritual de pacto com Deus. De acordo com esta teologia do remanescente do Antigo Testamento, o apóstolo Paulo chegou a esta conclusão: "Porque nem todos os que descendem de Israel são israelitas" (Rom. 9:6). Seu ensino apostólico enfatizou que só quando israelitas reconheçam que Jesus é o Messias da profecia, são os portadores de luz das promessas do novo pacto de Deus. E enquanto que os gentios são chamados para serem os herdeiros das mesmas promessas, Paulo insistiu: "Só o remanescente será salvo" (v. 27).

PROFECIA APOCALÍPTICA

O livro do Daniel forma uma classe de profecia por si mesmo dentro do Antigo Testamento. Aqui nos encontramos com um fenômeno: Não se prediz um só evento ou juízo, e sim uma seqüência total de acontecimentos que começam nos próprios dias do Daniel e se estendem adiante sem interrupção até o estabelecimento do reino de glória de Deus. Um contínuo histórico ininterrupto em profecia, como apresenta Daniel, não tem precedentes na profecia clássica. Alguns profetas, como Joel e Ezequiel, revelaram o princípio de uma sucessão de dois períodos em seus esboços proféticos (Joel 2:28; Ezeq. 36-39), mas nenhum havia predito uma história contínua religiosa e política do povo do pacto de Deus terminando com o juízo final do dia do Senhor. Um panorama tão amplo da história da salvação adiantado é a característica específica da profecia apocalíptica. Este contínuo apocalíptico na história está em um marcado contraste com a profecia clássica, com seu dobro foco e sua perspectiva tipológica futura.
O segundo aspecto único no livro apocalíptico do Daniel é que contém uma quantidade de esboços históricos e cada um culmina no juízo universal do Deus de Israel. Podem distinguir-se 4 séries proféticas principais (Dan. 2; 7; 8; 11). Cada uma reitera a mesma ordem básica de acontecimentos, mas todas acrescentam detalhes com respeito ao conflito do povo do pacto de Deus com as forças que se opõem a Deus.
Estas visões paralelas mostram um interesse crescente em enfocar a era do Messias e seu conflito com o antimessias ou o anticristo (especialmente em Dan. 8 e 9). A idéia chave de cada série profética é o triunfo do governo de Deus sobre o mal. Portanto, precisamos compreender que a meta da apocalíptica bíblica não é predizer acontecimentos específicos da história secular do mundo em si. A apocalíptica bíblica não é um exibicionismo da presciência de Deus. Antes, o seu interesse é inspirar esperança entre o oprimido povo de Deus. Anima-os a perseverar até o fim, porque o Deus fiel do pacto estabeleceu ao anticristo limite de tempo e poder. Deus vindicará a seus fiéis na luta entre o bem e o mal. O foco definitivo da apocalíptica bíblica não é o primeiro advento do Messias e sua morte violenta (Dan. 9:26, 27), e sim seu segundo advento quando voltar como o vitorioso Miguel para resgatar o remanescente fiel (Dan. 12:1, 2).
O que forma a culminação de toda a profecia apocalíptica do Antigo Testamento é este evento final da história da humanidade. É este "fim" o que está em vista na singular frase do Daniel: "o tempo do fim" (5 vezes em Dan. 8-12). Este foco notável do tempo do fim também é a razão de por que a profecia apocalíptica enfatiza mais o aspecto incondicional do plano determinado de Deus para a redenção da humanidade. Mas este aspecto distintivo de determinismo não deve ver-se como um contraste fundamental com as profecias clássicas do Israel com seu chamado ao arrependimento.
As profecias apocalípticas de Daniel se centram ao redor da libertação final do fiel remanescente do Israel, o povo espiritual do pacto de Deus, em quem se realizarão finalmente as preocupações éticas de todos os profetas (Dan. 11:32-35; 12:3; Ezeq. 11:17-20; 18:23, 30-32; 33:11; Isa. 26:2, 3).
Em Daniel, a preocupação fundamental, tanto dos capítulos históricos (caps. 1-6) como dos proféticos (caps. 7-12), parece ser a vindicação que Deus faz de seu santos acusados falsamente. Esta soberania de Deus como Rei e Juiz está expressa pelo foco centralizado no Messias que se apresenta em muitos capítulos (Dan. 2; 7; 8; 9; 10-12), e em suas divisões predeterminadas de tempo da história da redenção (Dan. 7:25 [3 ½ tempos]; 8:14, 17 [2.300 dias]; 9:24-27 [70 semanas de anos]; 12:4, 7, 11, 12 ["o tempo do fim", 1.290 e 1.335 dias]).
Em todos os tempos, Deus proporciona um povo remanescente fiel, coloca os limites sobre a história pecaminosa deste mundo, permite tempos especificamente atribuídos para a apostasia e a perseguição, determina "o tempo do fim", ordena o mundo para a hora de seu juízo final e levará a cabo a libertação dos santos na segunda vinda. Estes característicos únicos pertencem à soberania de Deus e constituem a pedra angular da profecia do Daniel.
Pode fazer-se uma observação adicional a respeito da parte histórica do livro de Daniel. Nos capítulos 3 (a liberação do forno de fogo) e 6 (a liberação do fosso dos leões), os relatos da intervenção divina e o resgate sobrenatural têm a finalidade de ser mais que simplesmente um pouco de interesse histórico. O autor do livro chama a atenção a sua inerente perspectiva tipológica, em vista da libertação futura do povo remanescente de Deus ao fim da história da redenção. Isto chega a ser evidente a partir da repetição enfática do verbo chave "libertar" ou "resgatar" que se encontra no Daniel 3:15 e 17 (e 5 vezes no capítulo 6), e que volta a aplicar-se na seção apocalíptica do Daniel 12:1, quando Miguel "libertará" o verdadeiro o Israel de Deus por meio de sua intervenção pessoal.
Além desta conexão literária entre a seção histórica e a apocalíptica de Daniel, também existe uma correspondência temática fundamental entre as duas seções do livro. As narrações que Daniel faz da lealdade religiosa à sagrada lei de Deus por uns poucos fiéis, proporciona os tipos ou as prefigurações essenciais da natureza da crise final para o povo de Deus no tempo do fim. Estes acontecimentos históricos no livro de Daniel servem como o pano de fundo para a crise vindoura do tempo do fim e seu resultado providencial, tal como se descreve no livro de Apocalipse (caps. 13 e 14).

RESUMO
O livro apocalíptico de Daniel revela ao menos quatro características únicas:
(1) Uma repetição dos esboços apocalípticos que mostram um contínuo da história da redenção. Cada esboço culmina no estabelecimento do reino de glória (Dan. 2:44, 45; 7:27; 8:25; 12:1, 2);

(2) O foco centrado no Messias de todos seus esboços (Dan. 2:44; 7:13, 14; 8:11, 25; 9:25-27; 10:5, 6; 12:1);

(3) As divisões predeterminadas de tempo, que servem como o calendário sagrado da história progressiva da redenção de Deus (Dan. 7-12). Estas profecias de tempo únicas determinam o começo do famoso "tempo do fim", particularmente a terminação do período de tempo profético dos 2.300 "dias" na visão selada de Daniel 8 (vs. 14, 17, 19);

(4) O aspecto incondicional da história da redenção, o qual recalca uma sessão predeterminada de juízo no céu e a vindicação dos santos fiéis por um Filho do Homem. Isto também está expresso pela imagem de um guerra santa final e o triunfo do Miguel como o guerreiro divino, e a ressurreição de todos os mortos para receber sua recompensa (Dan. 2:7-12).

Em resumo, o livro apocalíptico de Daniel contém o fundamental da profecia clássica (o duplo foco de uma perspectiva tipológica na seção histórica do livro) e o esboço profético de um contínuo histórico em sua seção apocalíptica.
A unidade orgânica da profecia clássica e da apocalíptica pode observar-se na harmoniosa combinação de sua perspectiva do tempo do fim: O juízo universal com a libertação cósmica de um povo remanescente fiel na última guerra entre o bem e o mal, e a restauração do reino de Deus em paz e justiça eternas.

DO LIVRO: "AS PROFECIAS DO TEMPO DO FIM"
AUTOR: Hans K. LaRondelle
Dr. em Teologia
Professor emérito de Teologia

Compilado por:
Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
Mestre em Teologia e Evangelista

quinta-feira, 5 de maio de 2011

RELATÓRIO DA LEITURA DO LIVRO: COMPREENDENDO AS ESCRITURAS

RELATÓRIO DO LIVRO COMPREENDENDO AS ESCRITURAS: REQUISITO PARA A MATÉRIA REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO MINISTRADA PELO DR. AMIM RODOR: UNASP 2 - 2009

O livro Compreendendo as Escrituras é excelente em sua proposta de apresentar à igreja Adventista o conceito teológico de Revelação e Inspiração e uma Hermenêutica confiável. Ao ver uma enxurrada de métodos e idéias sobre a compreensão da Bíblia e como ela chegou a nós, necessita-se de uma clarificação sobre o assunto. E isso os autores fizeram com relevante sucesso.

Gostei do capítulo Revelação e Inspiração de Fernando L. Canale onde ele apresenta as várias compreensões externas e internas sobre Revelação e Inspiração. Não muito daquilo que estudamos em sala de aula. Portanto veio reforçar a matéria.


Achei, todavia, que ele não está muito seguro com a compreensão Adventista sobre Revelação e Inspiração quando diz em sua conclusão as frases (pp 71, 72):

1. “Os Adventistas não estão unidos em sua compreensão do problema fundamental de Revelação e Inspiração”.

2. “Daí a necessidade de que se descortine claramente um novo modelo de interpretação”.

3. “Temos sugerido neste capítulo um novo modelo de compreensão de Reveção e Inspiração”

4. “Precisamos continuar buscando uma melhor e mais profunda compreensão das pressuposições hermenêuticas fundamentais envolvidas em nossa interpretação de Revelação e Inspiração”.

5. Devemos esclarecer e integrar, em detalhes, toda a evidência que encontramos nos ensinos e fenômenos das Escrituras em relação a Revelação e Inspiração.

Eu concordo, e é verdade, que não devemos fechar a mente ao conhecimento progressivo da verdade (Prov.4:18), mas acredito que temos uma compreensão clara, através do Texto Bíblico e do Espírito de Profecia, sobre Revelação, Inspiração e Iluminação. O livro O Grande Conflito na sua introdução é esclarecedor e o próprio autor cita 1ME 21 (p. 64). Talvez precisa-se, como ele diz, citando Edward Heppenstall, “definir” e “desenvolver” melhor o nosso conceito de Revelação e Inspiração (P.54).

Percebi que o autor refletiu bem sobre a Inspiração do Pensamento no modelo em que Ellen G. White apresentou. Tal modelo considera o pensamento e o homem/profeta/escritor sendo inspirados (p.55). Houve certo equilíbrio, também, quando o Dr. Fernando Canale ponderou sobre as Vantagens e Dificuldades da Inpiração do Pensamento (pp. 58-60) .

Apreciei quando o autor falou sobre revelação englobando os vários modelos e fundamentou a sua idéia em Hebreus 1:1-2.

1.Teofânico (Ex. 3:1-5)
2.Profético (Ap. 1:1-3)
3.Verbal (Ex. 31:18)
4.Histórico (Lc. 1:1-3)
5.Sapiencial (Ec. 1:1, 12-14; 12:9-11)
6.Existencial (Lm. 3:1).

O Dr. Alberto R. Timm, já havia proposto em um artigo O Adventismo e a Inspiração (Ministério [Brasil], março-abril de 1999, 9-12); História do Desenvolvimento das Doutrinas Adventistas, (Apostila de classe para o programa de mestrado.2007, p. 90), a “Natureza Sinfônica da Inspiração” para se evitar a polarização clássica entre a inspiração verbal e a inspiração de pensamento.

Foi, para mim, de grande proveito o texto do Dr. Richard M. Davidson Interpretando a profecia do Antigo Testamento, especialmente quando ele apresentou 12 passos funcionais para a interpretação, um tipo de guia prático para a interpretação da profecia preditiva das Escrituras do Antigo Testamento (p. 2001-202).

E, também, a sua afirmação coerente de que “Todo o terceiro capítulo de Gênesis é organizado em uma estrutura quiástica” sendo os versos 14 e 15 o centro. Nele, encontra-se a primeira promessa evangélica (p. 186-187). A maneira como ele descreveu o plano da salvação a partir desse relato microcósmico, para mim, foi emocionante. Ele mostrou na prática como se faz uma hermenêutica confiável.

Notável, também, foi a sua afirmação de que “os eventos dos últimos dias são reunidos no que tem sido chamado de telescopia profética” e que o Novo Testamento se encarrega de esclarecê-la. Fazendo esse tipo de hermenêutica “lá e cá”, isto é; Antigo e Novo Testamento, ele passeou por:

1) Gênesis 3:15 “A primeira promessa do Messias”
2) Salmo 2 “O Messias como Rei”
3) Isaías 53 “O Messias como Servo sofredor”. (p. 186-189).

DEU-ME ASSIM E AMPLIOU COERENTEMENTE A MINHA VISÃO SOBRE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA.


Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
Mestre em Teologia e Evangelista

EVANGELISMO PESSOAL

ORIENTAÇÕES MISSIONÁRIAS PRÁTICAS DE ABORDAGEM PARA ABRIR PORTAS E SER ACEITO AO FALAR DO EVANGELHO EM UM LUGAR QUE NÃO EXISTE IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA.
1. Não tenha pressa de fazer o trabalho.

2. Não é para marcar estudo bíblico. A menos que você ou alguém se comprometa em ministrá-lo.

3. Não é para convidar os moradores a um culto. Ainda não está funcionando a Igreja.

4. Não é para debater religião ou doutrina.

5. Não é para debater política ou futebol.

6. Não é para criticar líderes religiosos ou religiões.

7. Não é para criticar políticos ou partidos.

8. Não é para criticar o Governo ou o Prefeito

9. Não é para criticar a Pedofilia Católica e homossexualismo.

10. Não omitir que somos Adventistas do Sétimo Dia. Se alguém perguntar.

11. Faça o trabalho com alegria e prazer.

12. Dialogue com as pessoas. Mas fale menos e ouça mais.

13. Aproxime-se com educação e relacione-se com educação.

EXEMPLO USANDO UM MATERIAL DE PESQUISA SOBRE ABUSO E VIOLÊNCIA NA MULHER E NA CRIANÇA:

Bom dia! O senhor pode conceder uns minutinhos da sua atenção, por favor? Meu nome é ……. e o seu? Muito prazer. Estamos aqui em Barro Alto com um grupo de 60 pessoas fazendo uma campanha contra a Violência na mulher e na criança.
O senhor sabia que no mundo, uma em cada três mulheres sofre algum tipo de violência durante sua vida?

Nos EUA, uma mulher é agredida a cada 90 segundos e 680 mil mulheres são estupradas e 200 mil crianças são abusadas sexualmente a cada ano.
No Brasil, uma mulher é agredida a cada 15 segundos e 18 mil crianças são vítimas de violência doméstica por dia. A mãe é responsável por cerca de 70% das agressões físicas. Já o abuso sexual é praticado pelo pai, padrasto ou tio.

Após uma abordagem como esta, dizer: “Estou aqui com a minha família para entregar, gratuitamente, essa revista ao senhor. Ela fala contra a violência na mulher e na criança e dá orientações práticas aos pais para ajudar os filhos”.

Para conversar um pouco mais você pode perguntar: “Já houve aqui na cidade algum caso de violência contra a mulher ou a criança?”

Se houver clima você pode entrar na casa da pessoa dialogar um pouco mais, tomar uma água ou um suco e depois oferecer uma oração. E com a permissão da família você pode anotar o nome de cada um e dizer que vai orar todos os dias desse ano por eles. Depois, discretamente, você pode anotar o nome da Rua, Número e Bairro, descobrir o Cep e enviar cartas ao longo do ano à família.

INDO COM A FAMÍLIA ÀS RUAS

1. Ore com a sua família antes de começar o trabalho na sua rua.

2. Cuide da sua aparência pessoal e da roupa.

3. Toque a campainha somente uma vez.

4. Bata na porta somente com 03 toques e em seguida dê um passo para traz.

5. Receba a pessoa com um sorriso no rosto.

6. Não fale muito próximo à pessoa.

7. Não fique tocando na pessoa.

8. Não fique olhando pela janela ou buraco na porta.

9. Não fique muuuuito tempo na casa da pessoa.

10. Não aperte de mais, nem de menos a mão da pessoa.

11. Converse olhando no rosto, não no corpo ou dos lados e nem extremamente nos olhos, isto pode trazer constrangimento.

12. Chame-o sempre pelo nome.

13. Tenha caneta e caderno na bolsa.

14. Enquanto um falar os outros oram em pensamento pela pessoa.

15. Ao sair, não fique olhando para traz.

16. Ao sair, não fique sorrindo ou dando gargalhadas.

17. Ao sair, pergunte o nome do vizinho.

18. Se conseguir, chame o vizinho pelo nome para começar o diálogo.

19. Cuidado com os carros na rua, buracos, poça d’água e cocô de cachorro.

20. Não peça frutas do pomar ou flores do jardim. (A menos que você queira fazer uma aplicação).

21. Não mexa com ninguém na rua.

22. Não olhe, com espanto, a um deficiente ou doente.

23. Cumprimente a todos sem preconceitos.

24. Não demonstre superioridade.

25. NÃO TENHA MEDO DE FALAR DO EVANGELHO SALVADOR

26. NÃO TENHA MEDO DE CONTAR O SEU TESTEMUNHO

27. NÃO TENHA MEDO DE DAR UM ESTUDO BÍBLICO CRISTOCÊNTRICO

28. NÃO TENHA MEDO DE RESPONDER UMA PERGUNTA BÍBLICA

29. TUDO, PORÉM DEVE SER FEITO COM HUMILDADE E SABEDORIA



Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
Mestre em Tologia e Evangelista

MINHA VIDA NO FUTEBOL PROFISSIONAL - COMO COMECEI E DEIXEI O FUTEBOL

ENTREVISTA PARA A REVISTA CONEXÃO JOVEM DE JULHO DE 2010 CPB – PARA WENDEL LIMA


UM RESUMO DE COMO COMECEI E DEIXEI O FUTEBOL PROFISSIONAL.

1. Quando garoto, jogando na rua, na escola e nos campinhos do bairro, percebi que tinha certa habilidade e ginga, gostava das jogadas de efeito e dos gols previsíveis e imprevisíveis. Automaticamente fui me apaixonando pelo futebol e não conseguia mais me ver longe do gramado. Almejava como jogador profissional, defender o meu País numa Copa do Mundo. Numa palavra eu diria: “foi pela arte do futebol que resolvi dedicar-me de corpo e alma”.

2. Comecei nas Escolinhas do Grêmio Esportivo Sorocabano que preparava jogadores para os times profissionais e depois passei para as Escolinhas do São Bento de Sorocaba e segui carreira até o profissional. Depois joguei no Guaçuano em Mogi Guaçu, no Guarani Saltense e no Rio Branco de Andradas em Minas Gerais. Tendo passagens rápidas por outros times do interior paulista como Guarani, Juventus e Ituano. Nesse tempo, quando possível, atuava em equipes amadoras da minha querida cidade de Sorocaba. No Paulistano, por exemplo, nos saudamos campeões de um importante torneio sub 20.

3. Esse período envolveu os anos de 1983 a 1991. Atuava sempre como volante, meia esquerda ou meia direita. Não cheguei a conquistar campeonatos nacionais apenas campeonatos menores. Entre eles o de sub 20 pelo Rio Branco de Andradas - torneio realizado Minas Gerais. Mesmo tendo uma vida agitada no futebol, nunca deixei de estudar. Nesse período, fiz faculdade de Filosofia, Cursos de Inglês, Informática, Torneiro Mecânico, Datilografia e até de Artesanato e Retórica.

4. Três são os motivos básicos por que parei: Primeiro: Parei por causa do evangelho. Sua perfeição, coerência e proposta foram irrecusáveis. Segundo: Percebi que era difícil, para não dizer impossível, continuar jogando profissionalmente e servir a Deus como um verdadeiro servo cristão. Aceitar a Jesus como Salvador e Senhor requer fazer a Sua vontade e Terceiro porque brotou em mim um forte desejo de pregar para o mundo a sublimidade do “evangelho que é o poder de Deus para a salvação” (Rom. 1:16) em obediência a ordem de Jesus “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16:15)

5. Conheci um atleta de Cristo no Rio Branco, chamado Messias que se tornou meu amigo e juntos fundamos o Grupo dos Atletas de Cristo no Clube. Passei a frequentar as reuniões dos atletas todas as segundas feiras e a congregar na igreja Presbiteriana da cidade. Esse foi o meu primeiro contato com o mundo evangélico.

Um dia, tendo folga do campeonato mineiro, resolvi visitar os meus pais em Sorocaba e para minha surpresa encontrei um irmão meu chamado Pedro, batizado na igreja Adventista do Sétimo Dia. Depois de lhe explicar o que era o movimento Atletas de Cristo fui presenteado com uma Bíblia e um curso bíblico do Pr. Henriq Berg chamado “Breve Virá”. Fazia as lições, sozinho, no intervalo dos treinamentos.

A mensagem da Palavra de Deus entrava no meu coração preenchendo todo vazio que sentia. Os estudos que me fizeram tomar a decisão de abandonar o futebol foram os de Daniel 2, 7, 8, 9 e a Lei de Deus e o sábado do sétimo dia. O amor a Jesus cristo foi aprofundado em mim quando percebi que Ele e o Seu plano de salvação são centrais na profecia e que ela revela precisamente o Seu sacrifício e ministério intercessório no Santuário Celestial.

Após reincidir um contrato de 2 anos com o Clube, fui batizado no dia 15 de Fevereiro de 1992 na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Via Fiori em Sorocaba. Em seguida, viajei para a cidade de Aparecida do Norte, com o meu irmão Luís, como Missionário voluntário, para ajudar na fundação da nossa igreja. Após sete meses de intenso trabalho, estabelecemos a igreja com um batismo de 119 pessoas.

De 1993 a 1996 fui Obreiro Bíblico credenciado pela Associação Paulista Leste e em 1997 comecei a faculdade de Teologia terminando no ano 2000. Em 2001 trabalhei no Evangelismo via Satélite com Pr. José Mascarenhas Viana (hoje falecido) em 2002 Pastor Distrital da Igreja Adventista Central de Cotia. De 2003 a 2004 como Evangelista das regiões Litorânea e ABCD da Associação paulistana e de 2005 a 2007 como Diretor do MPES na mesma Associação, de 2008 a 2009 como Evangelista novamente e, em 2010 a 2011 como Evangelista, Ministério Pessoal, Missão Global e ADRA da União Centro Oeste Brasileira. Desde 2012, atuo como Evangelista da IASD na Capital Paulista.

O SENHOR meu Deus, me deu a honra de cursar o Mestrado em Teologia (UNASP) e o Doutorado em Teologia (RTS - Reformed Teological Seminary).

Sou casado com Débora Gonçalves da Silva, que é formada em Pedagogia e Psicopedagogia. Temos duas lindas filhas Gabrielle e Isabelle.

6. O Futebol é inegavelmente uma paixão mundial e os jogadores são considerados “deuses” desconsiderando a Lei de Deus. E em alguns lugares são adorados como tais. Na Argentina, por exemplo, Maradona é um Deus e seus seguidores criaram a igreja dos Maradonistas com um estilo próprio de culto, estatutos e leis. No Japão e em outros países orientais os torcedores mais apaixonados se ajoelham aos pés dos jogadores em adoração. O problema é quando chega a esse nível, pois assim o mandamento que diz: “Não terás outros deuses diante de mim” é transgredido e o outro quando diz: Lembra-te do dia de sábado para santificá-lo, Seis dias trabalharas e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus, não fará nenhum trabalho...” (Êxodo 20:8-11).

Outros problemas como brutalidade, agressividade, vaidade desenfreada, amor pelo dinheiro e desenvolvimento da natureza carnal são observados no “profissionalismo futebolístico”. Alguns não se dão conta disso e se deixam levar pela onda das massas, mas essas estruturas são consideradas reprováveis diante de Deus. Sendo assim, é impossível um verdadeiro cristão ser jogador de Futebol profissional. Entretanto, entendo que o futebol como lazer e diversão dentro do equilíbrio é perfeitamente saudável e aceitável.

As glórias e recompensas do futebol são passageiras, mas as glorias e recompensas espirituais são eternas, como diz o Apóstolo Paulo: O atleta “... alcança uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível” 1 Cor. 9:25.


Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
Mestre em Teologia (UNASP)
Doutorando em Teologia (RTS - Reformed Teological Seminary)
Evangelista da IASD - AP, SP.
Twitter: @prcirilo
Instagram: @cirilogoncalves

terça-feira, 3 de maio de 2011

COMO JESUS VIVIA E ENSINAVA? VERDADEIRO EVANGELISMO

INTRODUÇÃO:"EVANGELISMO" 486 a 488
“Se estiverdes apresentando a Palavra à maneira de Cristo, vosso auditório ficará profundamente impressionado com as verdades que ensinais. Sobrevir-lhes-á a convicção de que essa é a Palavra do Deus vivo” (EV 486)

EVANGELISMO DE JESUS EM 17 MANEIRAS
1. “Ensinava o povo com paciente amor”.

2. “Conhecia as necessidades de cada alma dentre Seus ouvintes”.

3. “Não havia em sua maneira de ser nenhum traço de beatice ou de fria austeridade”.

4. "Sua mansidão e humilde “atraía todos a Ele”.

5. “Em cada ser humano Ele divisava infinitas possibilidades”.

6. “Viam os homens como poderiam ser, transformados por Sua Graça”.

7. "Olhando para eles com esperança inspirava-lhes esperança”.

8. “Encontrando-os com confiança, inspirava-lhes confiança”

9. “Revelando em Si mesmo o verdadeiro ideal do homem, despertava tanto o desejo como a fé”.

10.“Em Sua presença as almas desprezadas e caídas compreendiam que ainda eram homens, e desejavam mostrar-se dignas de Seu olhar”.

11. “Corações que pareciam mortos para as coisas santas, despertavam-se novos impulsos”.

12. “No desesperançado abria-se a possibilidade de uma nova vida”.

13. “Havia em Seus ensinos uma sinceridade que fazia com que Suas palavras fossem direto ao alvo, com um poder convincente”

14. “ Ao passar por vilas e cidades, era como uma corrente vivificadora difundindo vida e alegria”

15. “Se bem que fosse simples o ensino, falava como alguém que tem autoridade”.

16. “Jesus ensinava as Escrituras com indubitável autoridade. Fosse qual fosse o assunto, era apresentado com poder, como se Suas palavras não pudessem sofrer contestação”.

17. “As palavras de Cristo eram um convite que encerrava um poder impulsionante”

Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
Mestre em Teologia e Evamgelista

domingo, 1 de maio de 2011

O MESSIAS EM EZEQUIEL CAPÍTULO 1

Este estudo foi extraído do livro: Revelação Messiânica no Velho Testamento de Gerard Van Groningen, págs. 676-679.

EZEQUIEL: O SACERDOTE PROFETA:
• Ezequiel era um sacerdote (1:3a); era filho de Buzi, o sacerdote.
• Os filhos dos sacerdotes seguiam a profissão dos pais. (cf. NVI. 1:3).
• Não há nenhum indício, porém, de que ele atuou como sacerdote.
• Não há nenhum indício de que Ezequiel atuou como sacerdote. Mas parece claro através de muitas referências em suas profecias que ele estava familiarizado de maneira proficional com o sacerdócio, seu ambiente (especiamente o templo), seus sacrifícios e deveres. Ezequiel frequentemente fala em termos da vida e do trabalho do sacerdote.
• Ezequiel tem uma compreenção clara do pacto mosaico e da legislação. Ele faz uma descrição das cenas de glória indicando assim o ambiente do templo e do sacerdócio.
Contraste marcante na vida de Ezequiel:
• Por um lado ele vê a glória de Deus rodeando Seu trono (1:28b),
Sua presença no templo (10:4), e Sua partida (10:18,19). Vê Seu
retorno ao templo (43:1-5) e, finalmente testemunha a glória de Deus,
enchendo o templo (44:4) Ele vê a glória, mas não lhe é permitido,
ser envolvido diretamente nela, ou rodeada por ela. Ao contrário,
Ezequiel é levado ao exílio, onde vive em circunstâncias humildes e
sem poder funcionar adequadamente na gloriosa habitação de Deus.
• Ele é humilhado como sacerdote; tem de viver sacrificialmente.
Nesse aspecto ele tipifica seu grande antítipo, o Cristo que veio da
glória, que a viu umas poucas vezes na terra (Jo 2:11; 17:22,24), que
serviu humilde e sacrificialmente, “em exílio na terra”.

2. EZEQUIEL: O PROFETA
Ezequiel não é só chamado para ser sacerdote, é chamado também para ser profeta.
• Isaías viu a glória de Deus no seu chamado (Is 6:1-4). Ezequiel também (Ez 1).
• Isaías e Jeremias receberam mandatos específicos para falar ao povo do pacto (Is 6:8-10; Jr 1:4- 11), Ezequiel também (Ez 2:3).
• Ezequiel não vai ser um missionário a nações estrangeiras, mas é chamado, enviado e comissionado a falar aos rebeldes, obstinados filhos de Israel (2:3-8).
• Ezequiel deve falar de modo que seja conhecido (Kî nabî’ hayâ betôkam – que há um profeta entre eles Ez 2:3; 33:33).
• Ezequiel é instruído a falar as próprias palavras de Yahwéh aos hebreus (2:4,7; 3:4,11).
• Isaías teve seus lábios preparados por uma brasa viva (6:6); Jeremias teve o toque da mão de Yahwéh em seus lábios (1:9); a Ezequiel foi dado o rolo de um livro para comer (2:9-3:3). Cada um dos três profetas foi preparado para a sua tarefa.
• O Espírito Santo veio sobre Ezequiel levantou-o e falou-lhe como Yahwéh. Assim, Ezequiel fala diretamente do papel do Espírito em qualificá-lo e dar-lhe a palavra da revelação divina para o povo de Deus.
• O chamado de Ezequiel para profeta foi confirmado por visões (1:4; 8:3; 40:2). Assim além do chamado e da comissão verbal para ser profeta, ele vê e prova a presença de Yahwéh e seus meios de comunicar-se com seu porta-voz e apoiá-lo.
• Ezequiel como profeta também tipifica Jesus Cristo. Tanto Ezequiel como Cristo, ambos estavam certos de que falavam por Yahwéh e que tinham de comunicar verdades relativas a Yahwéh, a fim de que as pessoas pudessem conhecê-Lo; ambos falaram em parábolas, alegorias e imagens escatológicas. Ambos referiram a si mesmos como “filho do homem” (Ez 2:1,3; Mt 24:37). Realmente Ezequiel como profeta foi um precursor profético, uma prefiguração e um tipo de Jesus Cristo.

3. EZEQUIEL: O SENTINELA
Ezequiel recebe uma ordem para ser uma sentinela (atalaia, vigia).
• No cap.3 esse encargo segue de perto seu chamado para ser um profeta. Ser uma sentinela é um aspecto integral da obra profética de Ezequiel.
• Como sentinela, Ezequiel deve receber suas instruções somente de Yahwér. Sua tarefa não é somente simpatizar, confortar e dar palavras de esperança, nem é somente dar senso de segurança. Ezequiel tem de abrir os olhos do povo para os mais profundos males que os rodeiam, quebrar as ilusões e erguer o grito de perigo, quando nenhum perigo é suspeitado.
• A Ezequiel o sacerdote é dada essa responsabilidade sacerdotal (ser uma sentinela), como parte integral de seu papel como profeta.
• A posição de uma sentinela era de grande importância para a segurança de Israel e Judá. O vigia tinha de manter em mente que ele era um representante do governador da cidade. Assim, havia uma dimenção real em sua posição também. No próprio centro das responsabilidades de Ezequiel está a “retidão punitiva” de Yahwéh, o Rei de seu povo.
• Ezequiel é um sacerdote comissionado para ser um profeta, recebe também um dever administrativo ou régio (sentinela). Como tiveram Moisés e Samuel de funcionar em tríplice capacidade, assim também Ezequiel.
• O povo de Deus está no exílio, longe do templo e do palácio em Jeruzalém. Ezequiel é o agente e representante de Yahwéh, supervisor espiritual, porta-voz, pastor e sentinela. Ele cumpre os três ofícios messiânicos. É um tipo de Cristo.

4. EZEQUIEL O FILHO DO HOMEM
Ezequiel é chamado de “filho do homem”. As discussões a respeito dessa frase são extensas, em parte devido a seu uso em outras passagens.

1. O “filho do homem como fraqueza humana.
• Jó 25:6. Filho do homem= Humanidade mais baixa.
• Nm 23:19. Filho do homem= O homem é mentiroso.
• Is 51:12. Filho do homem= O homem é mortal; é erva.

2. O “Filho do Homem” como grandeza humana.
• Sl 8:4; Dn 8:17. Esta frase “Filho do homem”, refere-se à humanidade numa perspectiva mais ampla.
• Andrew B. Davidson em The Book of Ezequiel the Prophet, p.15, diz que esta frase expressa o contraste entre o profeta e a majestade de Deus.
• Walther Zimmerli, grande erudito e, especialista em Ezequiel, na sua obra Ezekiel: A Commentary on the Book of the prophet Ezekiel, 1.131, expessa o fato de que Deus se dirige a Ezequiel como um indivíduo dentro da ordem criada. Utilizando como exemplo o Salmo 8:4-8.
• A humanidade caiu; o resultado é fraqueza e mortalidade. Mas a ênfase principal em Ezequiel é que o profeta, confrontado com a majestade de Deus, cai prostrado (2:1). Como filho do homem, pelo poder do E.S., ele fica em pé ante a magestade de Deus, e dá expressão a seu status real humano e assim serve a Yahwéh como porta-voz.

5. EXEGESE DE EZEQUIEL 1:25-28
As perguntas de interesse específico para o nosso estudo são:

1. Quê (ou quem) Ezequiel vê nesta parte de sua visão?
2. De quem são as as vozes que ele ouve?
Da visão de Ezequiel (1:25-28) podemos perceber que ele como sacerdote estava 1) familiarizado com os materiais mosaicos. Ele faz referência ao glorioso carro de nuvens, e que ele 2) foi grandemente influenciado pelo estudo de Isaías, que também tinha tido uma uma visão quando foi chamado.
O que Ezequiel realmente vê é difícil descrever com precisão. Ezequiel não vê um objeto real, tangível, concreto, mas uma “imagem visionária”. Não vamos discutir sobre o carro da glória com sua tripulação celestial (1:4-24). Devemos dar atenção ao que soa como a voz do Deus Todo-poderoso (1:24) surgindo do meio das criaturas celestes.

Nesta visão temos quatro níveis ascendentes:
1) Ezequiel
2) As Criaturas
3) O Trono
4) A Aparência de um homem.

Três fatos importantes devem ser notados nesta visão:

1. A idéia da realeza domina toda cena. O homem sobre o trono é rei. Afinal somente um rei senta-se num trono e é rodeado por brilho, glória e servos que o atendem e o servem. A cena, portanto, representa o governo soberano de Yahwéh sobre todas as forças da natureza, fatos da história,e especialmente sobre seu povo - os que estão no exílio e os que estão em Jeruzalém. E o aspecto divino, integralmente associado na cena com a realeza não deve ser subestimado. Um governante divino fala de seu trono! Ele está presente com o seu povo; Ele está dirigindo o fluxo dos acontecimentos.

2. Ezequiel vê a “aparência de um homem” (1:26b KJV); isso, em correlação com o glorioso conceito de soberania divina, sugere a idéia da encarnação.

• John Skinner, em The Book of Ezekiel. The Expositor’s Bíble, 6:228. Afirma que “o Deus que Ezequiel viu estava em forma de homem”.
• John Calvino escreveu em Commentaries on the Prophet Ezekiel, 1:99, sobre a frase semelhança da aparência humana, e destaca especialmente que “o profeta falou de Deus quanto à sua própria essência, que é comum ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. Acrescentou, porém, que a frase “na forma de homem pertence somente a cristo”.
• Arie Noordtzij, The Profeet Ezechiel,1:52, refere-se com aprovação à interpretação de Calvino; ele destaca o mistério que “Deus foi revelado em carne”. E Keil mensiona Deus em forma humana sentado no trono.
Devemos ter cautela ao discutir este ponto. Ezequiel não profetizou diretamente a respeito da encarnação de Jesus Cristo nem das suas duas naturezas. Escreveu, entretanto, sobre Deus na forma de homem.
Esse antropomorfismo não se originou com Ezequiel. Isaías já tinha falado isso (Is 52:13-15) e Zacarias também (Zc1-8).

3. Ezequiel tem a revelação da inter-relação entre o finito e o infinito, o eterno e o limitado no tempo, o onipresente e o presente limitado no espaço no conceito messiânico.

CONCLUSÃO
A nossa conclusão deve destacar o fato de que Deus, o Todo-Poderoso, Chamou Ezequiel. Porém quando o chamado veio foi- lhe dada somente uma revelação parcial do conceito messiânico.

Foi-lhe lembrada a realeza soberana daquele que falava como Deus e exercia domínio divino, e que, além disso, estava “velado na aparência de homem”. Dessa maneira é expressa a inter-relação entre o divino e o humano. Esses três fatos:

1. Realeza.
2. Divinitude em aparência de carne.
3. Inter-relação entre o divino e o humano. São integrais ao conceito messiânico.

JESUS CRISTO ESTÁ PRESENTE EM EZEQUIEL CAPÍTULO 1
Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
Mestre em Teologia e Evangelista