OS "FILHOS DE
DEUS" EM GÊNESIS 6:1-4
RESUMO:
Gênesis
6:1-4 é geralmente é tida como uma passagem obscura e de difícil interpretação.
Muitos a consideram uma narrativa mitológica que fala acerca do casamento de
anjos ou seres celestiais com mulheres humanas. Outros veem nela um relato
acerca do abuso de poder por parte de poderosos reis e governantes do mundo
antediluviano. Um terceiro grupo a entende como um relato que narra a apostasia
dos descendentes de Sete ao se casarem com mulheres da linhagem caimita. A
interpretação dessa passagem tem dividido exegetas judeus e cristãos ao longo
dos séculos. O presente estudo aborda o texto, por meio do método da
"Leitura Atentiva" (Close Reading), e encontra em seu contexto
literário, na sua estrutura, na sequência da narrativa de Gênesis 4 a 6 e nos
temas e palavras aí usados, indícios que apoiam a interpretação da expressão
"filhos de Deus" como uma referência aos setitas, e "filhas dos
homens" como uma referência a mulheres da linhagem caimita.
PALAVRAS-CHAVE: Gênesis, filhos de Deus, filhas
dos homens, anjos, deuses, seres humanos.
The “sons
of God” in Genesis 6:1-4
ABSTRACT: Genesis 6:1-4 is usually considered as an obscure
passage difficult of interpretation. Many consider it as a mythological account
depicting the marriage of angels, or other celestial beings, with women. Others
see in it a narrative that describes the violence and abuse of power practiced
by kings and powerful rulers in the world before the Flood. A third group
interprets this passage as an account narrating the apostasy of men of the
Sethite lineage when they united themselves in marriage with women from the
Cainite family. The present study approaches the text from the perspective of
the Close Reading Method. It finds in the literary context, in the text's
structure, in the sequence of the narrative in Genesis 4-6, and in the themes
and words that are used support for the interpretation of the "sons of
Gods" as men from the Sethite lineage and the "daughters of man"
as women from the Cainite family.
KEYWORDS: Genesis, sons of God, daughters of man, angels, gods,
human beings.
1. Introdução
Gênesis
6:1-4 tem sido considerado como uma das passagens mais obscuras de toda a
Bíblia1. Dificuldades surgem em cada aspecto do texto e esses poucos versos têm
provocado muita controvérsia quanto à sua compreensão e ao significado de seus
temas2. Uma dessas questões controversas diz respeito à identidade dos
"filhos de Deus" e das "filhas dos homens", mencionados
nesses versos. Quem eram esses "filhos de Deus"? Seriam eles seres
sobrenaturais ou simples seres humanos? Quem eram essas "filhas dos
homens"? Como entender Gênesis 6:1-4? Seria uma passagem mitológica que
fala da união de seres divinos com mulheres humanas, de forma semelhante ao que
é encontrado na mitologia grega e na do Antigo Oriente Médio3?
O
presente estudo enfocará, primariamente, a questão da identidade dos
"filhos de Deus", sendo que, assim fazendo, irá necessariamente
abordar o problema da identidade das "filhas dos homens" também4.
Esta
pesquisa não trata a passagem a partir da perspectiva do Método
Histórico-Crítico5, antes toma o texto tal como ele é, na sua forma final, o
abordando a partir da sua perspectiva canônica6. Na primeira seção, será
apresentada uma revisão das principais interpretações acerca dos "filhos
de Deus", cobrindo os argumentos levantados a favor de cada interpretação
e suas implicações para a compreensão da passagem bíblica. A segunda seção
trará uma análise do texto na qual serão abordadas as questões da delimitação
do texto, problemas textuais, o seu contexto literário e sua estrutura7. Então
será feita uma proposta de identificação dos "filhos de Deus" a
partir da perspectiva de uma "leitura atentiva" (Close Reading) do
texto. Uma boa exposição da metodologia usada nesse estudo pode ser encontrada
na obra sobre exegese do AT de Douglas Stuart8.
2. As principais
interpretações
Através
da história do estudo dessa passagem, três interpretações têm se destacado: A
primeira, a interpretação mitológica, na qual os "filhos de Deus" são
vistos como seres celestes, sendo ou anjos ou deuses. A segunda, a
interpretação real, na qual eles são considerados como sendo reis ou
governantes, homens com status de realeza. A terceira, a interpretação setita,
a qual os considera como sendo os descendentes de Sete, homens da linhagem dos
fiéis a Deus dentre os descendentes de Adão. Na sequência, cada interpretação
será revisada com um foco na perspectiva de cada uma e nos seus argumentos9.
2.1. A interpretação
mitológica
A
interpretação dos "filhos de Deus" como seres celestes era bem comum
na antiga literatura judaica. O livro de 1 Enoque, capítulos 6 e 7, o Livro dos
Jubileus, capítulo 5, Filo de Alexandria (De Gigant 2:358), Josefo (Ant. 1.31),
os Manuscritos do Mar Morto (1QapGen 2:1; CD 2:17-19) identificaram os
"filhos de Deus" como sendo anjos10. Alguns dos primeiros exegetas
cristãos (como Justino, Clemente de Alexandria e Tertuliano) fizeram o mesmo11.
A
interpretação mitológica é também a mais comum entre os acadêmicos de hoje.
Alguns desses acadêmicos, permanecendo dentro de um contexto mais
"bíblico", identificam os "filhos de Deus" com os anjos12.
Outros, aceitando a passagem como originária de um contexto politeísta, veem os
"filhos de Deus" como seres divinos, deuses mitológicos que teriam
vindo à terra e se unido em casamento com mulheres humanas13.
Os
principais argumentos apresentados a favor da interpretação mitológica são:
Primeiro, em outras partes do AT, a expressão "filhos de Deus" se
refere a seres celestes, a criaturas divinas (como em Sl 29:1; 89:7; Jó 1:6;
2:1). Segundo, o contraste entre as expressões "filhos de Deus" e
"filhas dos homens" indica seres de natureza diferente entre si. O
primeiro grupo é divino e celestial, enquanto o segundo é humano e terrestre.
Terceiro, os paralelos encontrados na literatura mitológica das culturas
contemporâneas ao antigo Israel, as quais também falam desse tipo de casamento
entre os deuses e mulheres. Atenção especial é dada à literatura ugarítica, que
usa a expressão "filhos de Deus" em referência aos membros do seu
panteão divino14.
2.2. A interpretação
real
Nessa
interpretação, a expressão "filhos de Deus" é vista como se referindo
a reis, a governantes poderosos que estabeleceram haréns reais pela força ou
que violentavam mulheres de forma indiscriminada. Esta interpretação é também
encontrada na antiga literatura judaica. O Targum Onkelos e o Targum Jonathan
traduzem a expressão "filhos de Deus" como "filhos dos
nobres" (benêy ravrevânayyâ’); na LXX, Símacus traduziu a expressão por
"filhos dos poderosos" (hoi huiói dunasteuóntôn). Vários exegetas
judeus seguiram essa interpretação15, e assim o fizeram alguns intérpretes
cristãos, às vezes com uma certa nuance16.
Os
principais argumentos a favor dessa interpretação são: Primeiro, os juízes são
aparentemente identificados com os deuses e os filhos do Altíssimo em Salmo 82.
O rei davídico é chamado de "filho de Deus" em 2 Samuel 7:14 e Salmo
2:7. Além dessa evidência bíblica, existe também a evidência das culturas
antigas, nas quais os reis eram identificados como tendo uma origem divina.
Segundo, esta interpretação toma a sério a frase "tomaram para si
mulheres, as que, entre todas, mais lhe agradaram", que indica verdadeiros
casamentos e não um tipo de união mitológica. Esta frase fala também acerca do
poder dos reis de fazer o que bem quisessem. Terceiro, essa interpretação torna
inteligível o julgamento divino que sobreveio sobre toda a humanidade, em vez
de atingir somente aqueles que estiveram envolvidos no ato em si (os
"filhos de Deus", as "filhas dos homens" e seus filhos). Na
ideologia oriental não é incomum que o destino de todo o povo esteja ligado ao
destino do seu rei17.
2.3. A interpretação
setita
Essa
interpretação identifica os "filhos de Deus" com homens descendentes
da linhagem de Sete, ou seja, daqueles que tinham se mantido fiéis a Deus (Gn
5). As "filhas dos homens" seriam mulheres da ímpia linhagem de Caim
(Gn 4:17-24). Este modo de interpretar o texto tem sido muito comum no meio
cristão desde os tempos patrísticos18. Hoje, ele é mais comum no meio cristão
conservador, mas há alguns exegetas mais liberais que o adotam também19.
Os
principais argumentos a favor dessa interpretação são: primeiro, homens eram
também chamados de "filhos de Deus" na Bíblia (Êx 4:22, 23; Dt 14:1;
32:5,6; Sl 73:15; 82:6; Os 1:10; Ml 1:6). Segundo, não há nenhuma referência na
Bíblia que apoie a ideia de que anjos ou demônios sejam seres dotados de
funções sexuais, enquanto que o contrário é expressamente declarado em Mateus
22:30. A ideia, mesmo de sexo em relação a Deus ou os anjos, é algo totalmente
alheio ao pensamento hebraico. Terceiro, no contexto que precede o capítulo 6,
a família de Sete é diferenciada da família de Caim num plano religioso. Os
Setitas eram aqueles que invocavam "o nome do Senhor" (Gn 4:26);
enquanto que os Caimitas eram os descendentes de uma linhagem ímpia (Gn
4:17-24). Quarto, a expressão "tomar mulher" (lâqach yishshâh) é uma
expressão comum no AT para o casamento e não denota nenhuma relação anormal entre
anjos e seres humanos. Quinto, o vs. 3 deixa claro que o juízo divino concernia
o ser humano somente. Se os "filhos de Deus" eram anjos, alguma
referência de juízo sobre eles deveria aparecer no texto também. No entanto, o
juízo cai somente sobre os homens. Portanto, o texto parece indicar que somente
a humanidade esteve envolvida na falta que foi cometida20.
2.4. Avaliação das
três principais interpretações
Ao
se analisar as três principais interpretações, pode-se observar que cada uma
tem fortes argumentos a seu favor. A Bíblia usa o termo "filhos de
Deus" tanto para seres celestes, como para governantes e reis, como também
para simples homens que faziam parte do povo de Deus. Cada interpretação,
portanto, encontra apoio no texto bíblico. Tanto a interpretação mitológica
como a real têm paralelos nas ideias, costumes e mitos encontrados no mundo
antigo. Este fato constitui em si um forte argumento a favor delas aos olhos da
maioria dos exegetas modernos. Para aqueles que apoiam a interpretação setita,
geralmente o testemunho da Bíblia, e especialmente as palavras de Jesus, acerca
da natureza dos anjos se constitui no mais forte argumento dessa interpretação.
No
entanto, cada interpretação deixa em aberto muitas questões. O aceitar a
interpretação mitológica, por exemplo, implica na negação do claro testemunho
do resto das Escrituras e de Jesus (Mt 22:30) acerca da natureza dos anjos.
Além disso, permanece também o questionamento quanto a razão de toda humanidade
sofrer juízo pelo pecado de alguns seres celestes com algumas mulheres
humanas21.
Contra
a interpretação real tem se levantado o questionamento de que, apesar de ser
encontrado referência a reis como "filhos de Deus" no Egito, na
Mesopotâmia e em Canaã; em Israel esse tipo de linguagem parece estar restrita
à retórica da corte e a composições poéticas, nunca sendo encontrada no Antigo
Testamento, pelo menos, em textos com o estilo de simples narrativa como em
Gênesis 6. Além disso, o termo "filho de Deus" nunca é atestado no
Antigo Oriente Médio como uma referência genérica a reis, mas somente em
referência específica a um certo rei22.
Contra
a interpretação setita tem sido objetado que visto o termo "homem"
ser usado no vs. 1 como uma referência a toda a humanidade, no vs. 2 ele deve
ser entendido também de modo genérico e não específico, como se referisse à
linhagem caimita. Em Gênesis 6:1-2 se encontra, portanto, um contraste entre
seres humanos e celestiais23.
Em
vista da força dos argumentos tanto a favor como contra essas interpretações, e
em vista que todas as três clamam estar bem fundamentadas na Bíblia, nos parece
que a questão poderia ser decidida somente a partir de uma investigação
detalhada do próprio texto bíblico e do seu contexto. Este é o propósito da
próxima seção.
3. Estudo exegético
de Gênesis 6:1-4
3.1. O texto
Num
primeiro passo, procuraremos confirmar os limites da passagem e lidar com seus
principais problemas textuais antes de trabalhar numa tentativa de
identificação dos "filhos de Deus".
3.1.1. Delimitação da
perícope
Gênesis
6:1-4 é normalmente considerado como uma unidade literária pela maioria dos
exegetas24. De fato, a temática desses quatro versos demonstra que eles estão
intimamente interligados. Além dessa unidade temática, o texto foi construído
de tal forma a claramente indicar sua unidade:
(1)
A expressão wayhî kî ... introduz a perícope de Gênesis 6:1-4. Uma fórmula
semelhante irá introduzir a seção seguinte (Gn 6:5-8), onde lemos wayyar’ YHWH
kî ... Portanto, a fórmula w... kî ... abre cada uma dessas seções.
(2)
No vs. 1, temos a seguinte frase ûbenôt yulledû lâhem, essas palavras encontram
ressonância no vs. 4, na frase `el-benôt hâ’âdâm weyâledû lâhem. Apesar do vs.
1 tratar da questão das filhas que nasceram aos homens, enquanto que o vs. 4
trata dos Nefilim nascido por meio das "filhas dos homens", a
seqüência de palavras usadas nos dois versos é muito próxima, e, num nível
mecânico, elas se repetem. Essa repetição mecânica parece formar um inclusio
que enquadra os limites da passagem.
(3)
Outra repetição mecânica encontrada no início e no final da passagem é
observada também no uso das expressões "filhos de Deus" e
"filhas dos homens" que aparecem no início do vs. 2 e do vs. 4.
4)
O advérbio de tempo encontrado no vs. 4 ("naqueles dias") nos remete
ao vs. 1, onde é dito que o homem tinha se multiplicado sobre a terra. Essa
referência temporal parece corroborar com o vss. 1 e 4 como um inclusio a essa
unidade textual.
No
seu contexto amplo, Gênesis 6:1-4 pertence à primeira parte do livro de Gênesis
(capítulos 1-11) a qual trata de temas universais e a questão das origens25.
Hoje, é amplamente reconhecido que o livro de Gênesis foi organizado e
estruturado com base em genealogias. Cada nova seção do livro é introduzida
pelo termo "genealogia" (tôledôt )26, e Gênesis 6:1-4 pertence à
segunda genealogia, a genealogia de Adão (5:1-6:8). Na divisão massorética do
texto bíblico, nosso texto pertence ao Seder dálet (5:1-6:8)27, o qual
corresponde exatamente à genealogia de Adão.
Alguns
tomam Gênesis 6:1-4 como uma unidade isolada, sem ter qualquer ligação com o
material que a precede e a segue28. Outros a consideram como uma introdução à
história do dilúvio que vem logo em seguida29. Outros, no entanto, a consideram
como uma conclusão à genealogia de Adão30. Devido a organização do livro de
Gênesis em "genealogias", nos parece que o último ponto de vista é o
que faz mais justiça ao texto. Essa seção, a genealogia de Adão (5:1-6:8),
descreve, junto com o capítulo 4, a história do mundo antes do dilúvio. Ela
começa com uma referência à criação de Adão, descreve a multiplicação dos seus
descendentes, e conclui com o anúncio da destruição total de todo ser vivo na
terra. Gênesis 6:1-4 pertence ao último estágio dessa seção, vindo justo antes
do anúncio da destruição total (6:5-8), e é nesse contexto que a passagem
precisa ser entendida e analisada.
3.1.2. Problemas
textuais
Gênesis
6:1-4 não apresenta muitos problemas textuais. De fato, no texto só existem
dois problemas: o primeiro está relacionado com a expressão beshagam do vs. 3,
a qual é normalmente entendida como um composto da preposição be
("em"), mais o relativo she ("que") e o advérbio gam ("também"),
tendo a expressão como um todo o sentido da conjunção "porque".
Vários manuscritos lêem beshagâm, ou seja, o infinitivo construto do verbo
shâgag ("errar, pecar sem pensar"), precedido da preposição be
("em") e seguido do sufixo pronominal -âm ("eles, deles"),
o que teria o significado "ao eles errarem" ou "ao pecar
eles". Segundo o testemunho das antigas versões bíblicas, a leitura
beshagam ("porque") parece ser a mais provável31. Assim, essa
expressão seria um paralelo à expressão composta hebraica ba’asher
("porque")32.
A
segunda questão textual envolve o verbo yâlad ("nascer") no vs. 4. O
texto samaritano tem um 3º. masculino plural, imperfeito hifil com vav
consecutivo (wayyôlîdû ), fazendo assim dos
"filhos
de Deus" os sujeitos do verbo; enquanto que o texto massorético tem um 3º.
comum plural, perfeito qal com vav conjuntivo (weyâledû). A forma massorética é
ambígua, podendo se referir tanto a um sujeito masculino ou feminino (ver Gn
4:17-18). Visto que o verbo é precedido imediatamente pelas palavras "as
filhas dos homens", elas aparentam ser o sujeito do verbo. O texto da LXX é
tão ambíguo quanto o massorético, enquanto que o Targum lê um 3º. feminino
plural33. Pela sua ambigüidade e o aparente apoio da LXX, o texto massorético
parece ter uma maior probabilidade de refletir o texto original. A forma do
texto samaritano parece representar a compreensão de um antigo escriba, como o
faz o Targum.
3.2. O contexto
Na
sequência do estudo, será dada atenção ao contexto literário no qual Gênesis
6:1-4 se encontra, como também à sua estrutura literária.
3.2.1. O contexto
literário
Como
já discutido previamente, Gênesis 6:1-4 pertence à segunda genealogia do livro
de Gênesis, a genealogia de Adão (5:1-6:8). Foi observado também que essa
genealogia, junto com o capítulo 4, descreve o mundo antes do dilúvio. Essas
duas seções têm muitos elementos literários em comum que as interligam entre
si. Essa interligação parece prover indícios importantes para a identificação
dos "filhos de Deus" em Gênesis 6:1-4.
Um
desses elementos literários em comum é o fenômeno das várias semelhanças que
ocorrem na descrição das descendências de Caim e de Adão relatadas nos
capítulos 4 e 5.34 De fato, nas duas listas aparecem muitos nomes com as mesmas
formas ou com significados muito próximos. O mais marcante é o fato de que
ambos os relatos atingem o clímax aparentemente ao mesmo tempo de Lameque e
seus filhos na linhagem Caimita (Gn 4:19-24), e tempo de Noé, filho de Lameque,
da linhagem Setita (Gn 5:28-32). Isto parece indicar que ambos os relatos
correm paralelo um ao outro, e o clímax é atingido no tempo junto antes do
dilúvio.
Outro
aspecto marcante, é que ambos os relatos se encerram com uma seção de
transição. O relato Caimita é encerrado por Gênesis 4:25-26, versos que servem
também para introduzir na seqüência a descrição da linhagem Setita. Já o relato
da linhagem Setita é encerrado por Gênesis 6:1-8, versos que também introduzem
a história do dilúvio. Entre essas duas seções de transição existem muitas
idéias e expressões paralelas que parecem indicar uma correspondência literária
entre si. O 3º. singular perfeito pual do verbo yâlad (yullad) em 4:26 parece
estar em paralelo com forma do 3º. plural (yulledû) em 6:1. Estas são as duas
primeiras ocorrências do pual de yâlad em Gênesis, e a forma só será usada
novamente a partir do capítulo 10 em diante. Além do pual do verbo yâlad,
ocorre também a repetição do verbo châllal ("começar"). Em 4:26 é
dito que o homem "começou [hûchal] a invocar o nome do Senhor"; já
6:1 diz "quando o homem começou [hêchêl] a se multiplicar". A repetição
dos verbos yâlad e châlal em 4:26 e 6:1 aponta para existência de um
paralelismo entre ambos relatos. Além desses termos, a expressão "tomar
mulheres" em 6:2 reflete o uso da mesma expressão em 4:19, onde é dito que
Lameque tomou para si duas mulheres. O paralelismo entre os dois relatos é
também sugerido pelo uso de outras expressões semelhantes como "foi o pai
de", ou "tornou-se o pai de", "nasceu",
"filho", "filha", etc.
Esse
paralelismo literário parece indicar que ambos os relatos correm paralelo um ao
outro, até atingirem o clímax, a situação do mundo justo antes do dilúvio.
Dentro desse paralelismo, portanto, Gênesis 6:1-4 descreveria o momento quando
os "filhos de Deus", homens da linhagem Setita, passaram a ter o
mesmo tipo de atitude que Lameque, o descendente de Caim, descrita em Gênesis
4:19-24. Estaria então Gênesis 6:1-4 descrevendo a fusão das duas linhagens que
tinham sido descritas até então? Este parece ser o caso. Gênesis 6:1-4 usa
diretamente o vocabulário e os temas que foram construídos nos capítulos precedentes
e assim lemos acerca de "filhos", "filhas",
"homem", "terra", os verbos "começar",
"nascer", "tomar mulher", etc.
Logo,
o contexto literário parece apontar para a identificação dos "filhos de
Deus" como seres humanos e não como seres celestes ou divinos.
3.2.2. A estrutura
literária
Gênesis
6:1-4 parece ter uma estrutura bem simples, a qual poderia ser dividida em
quatro partes, cada uma correspondendo a um verso35, assim teríamos:
Declaração
introdutória vs. 1
A
crise vs. 2
O
juízo vs. 3
Conclusão
vs. 4
Esta
estrutura simples claramente declara que o juízo (vs. 3) segue a crise (vs. 2)
e que está intimamente relacionado com ela. A descrição do juízo divino no vs.
3 concerne o grupo envolvido na crise do vs. 2 e o descreve coletivamente como
"homem, pois ele é carnal"36. Portanto, vs. 3 parece confirmar a
direção apontada pelo contexto literário, como discutido acima. A estrutura da
passagem indica que o clímax da história pré-diluviana foi atingido na fusão de
toda humanidade, das linhagens Setita e Caimita, em uma unidade em estado de
rebelião contra Deus.
Além
disso, os vss. 2 e 3 ressoam vss. 5 e 7,37 reforçando a identificação dos
"filhos de Deus" como seres humanos:
6:2
Os "filhos de Deus" vêem que "as filhas dos homens" eram
boas (formosas)
6:5
Deus vê que os pensamentos do homem eram maus
6:3
O Senhor disse, "Meu Espírito não agirá para sempre no homem"
6:7
O Senhor disse, "Eu destruirei o homem"
Os
"ecos" existentes entre esses versos sugerem que cada ação está
relacionada com a outra. A ação dos "filhos de Deus" está relacionada
com os "pensamentos do homem" do vs. 5, indicando assim um
paralelismo entre "filhos de Deus" e "homem". Vss. 3 e 7
apontam para a humanidade como um todo. Portanto, as expressões "filhas
dos homens" e "filhos de Deus" pertenceriam ao domínio humano.
3.3. A identidade dos
"filhos de Deus"
Nas
seções anteriores, vimos que tanto o contexto literário como a estrutura do
texto apontam para a identificação dos "filhos de Deus" como seres
humanos. No entanto, duas questões ainda permanecem e necessitam ser
respondidas concernente a identificação dos "filhos de Deus". A
primeira questão: Se os "filhos de Deus" foram seres humanos, teriam
sido eles necessariamente membros da linhagem Setita? Não poderia ser uma
referência a reis ou a poderosos governantes, como sugerido na Interpretação
Real? A segunda pergunta: Se eles eram seres humanos, como entender a expressão
"filhas dos homens", que parece usar o termo "homem" de
forma genérica e não como uma referência a um grupo específico?38
Concernente
a primeira questão, o texto bíblico parece dar uma indicação quanto à
identificação dos "filhos de Deus" em Gênesis 4:26 e 5:1-3.
Primeiramente, Gênesis 4:26 descreve o início do relacionamento entre um grupo
religioso organizado, os descendentes de Sete, e Deus39. Tem sido observado,
pelos defensores da Interpretação Setita, que dentro do contexto de uma relação
religiosa e de fidelidade a Deus seres humanos têm sido chamados de "filho
de Deus" na Bíblia40. Além disto, Gênesis 5:1-3 tem algumas
características peculiares. Na apresentação da genealogia de Adão, vs. 1
retorna à criação e apresenta Deus como o primeiro membro nessa genealogia. Ele
criou o ser humano segundo a Sua imagem (demût). Do mesmo modo, Adão gerou seu
filho Sete segundo a sua imagem e semelhança (demût e tselem41). Deus é aqui
claramente colocado como o primeiro membro da linhagem Setita e Sua ação de
criar o homem é posta em paralelo, pelo uso do mesmo tipo de palavras, com a
ação de Adão de gerar um filho. A ação de Deus e a de Adão são colocadas no
mesmo nível no relato genealógico. Deus é verdadeiramente o pai do ser humano
(Adão e Eva), quanto Adão era o pai de Sete. Com uma identificação tão clara no
início do capítulo 5 não é surpreendente encontrar uma referência aos
descendentes de Sete como os "filhos de Deus" em Gênesis 6:1-4.
Quanto
à questão acerca das "filhas dos homens", pode-se observar um
fenômeno semelhante no texto bíblico. Enquanto no caso dos "filhos de
Deus" a referência foi feita ao primeiro membro que aparece na genealogia
de Adão, ou seja, a Deus (Gn 5:1); a referência às mulheres caimitas é feita em
relação ao primeiro membro da linhagem de Caim, ao Homem (Adão e Eva, ver Gn
4:1)42. O texto bíblico lê literalmente "filhas do homem [Adam]"
(benôt hâ’âdâm). Assim as expressões "filhas dos homens" e
"filhos de Deus", em Gênesis 6:1-4, teriam sido enquadradas pelos
relatos genealógicos que as precederam nos capítulos 4 e 5. Ambas as expressões
parecem fazer referência ao primeiro membro mencionado nestas genealogias.
4. Conclusão
Tendo
chegado ao final desse estudo, nos parece que o acúmulo das evidências
extraídas do texto aponta para a interpretação Setita. O contexto literário
indicou nessa direção, como o fez também a estrutura do texto. Na análise da
identidade dos "filhos de Deus" e das "filhas dos homens",
um indício final veio do modo como Deus foi introduzido na genealogia de Adão
no capítulo 5 de Gênesis. Ele foi apresentado ali como um membro regular dessa
genealogia, de fato, como o primeiro membro da mesma. Portanto, não seria nada
estranho apresentar os descendentes de Sete como "filhos de Deus".
Quanto às "filhas dos homens", Gênesis 6:1-4 fez o mesmo tipo de
referência, apontando para Gênesis 4:1, ao Homem (Adão e Eva) como os primeiros
membros da genealogia de Caim.
NOTAS
1 Umberto Cassuto a chama
como "um dos mais obscuros" parágrafos no Pentateuco; Robert Davidson
a descreve como "uma das passagens mais estranhas de todo o Antigo
Testamento"; já John Skinner a designa como uma narrativa
"obscura". Ver
U. Cassuto, A Commentary on the Book of Genesis. Part I: From Adam to Noah
(Genesis ICVI 8) (Jerusalem: Magnes Press, The Hebrew University, 1961), 291;
R. Davidson, Genesis 1-11 , The Cambridge Bible Commentary (Cambridge:
University Press, 1973), 69; J. Skinner, A Critical and Exegetical Commentary
on Genesis, 2nd ed., The International Critical Commentary, vol. 1 (Edinburgh:
T. & T. Clark, 1951), 139.
2 Ver E. A. Speiser, Genesis.
Introduction, Translation, and
Notes , The Anchor Bible, vol. 1 (New York: Doubleday, 1964), 45.
3 Ver E. G. Kraeling, "The Significance and
Origin of Gen. 6:1-4," Journal of Near Eastern Studies 6 (1947): 193-208;
C. Westermann, Genesis 1-11. A Commentary (Minneapolis: Augsburg
Publishing House, 1984), 379-381.
4 Ao falar acerca de Gn
6:1-4, Brevard S. Childs observa que "é crucial para a compreensão dessa
passagem que possamos determinar o significado do termo 'filhos de Deus'",
todos os outros elementos estão relacionados a ele. Ver B. S. Childs, Myth and Reality in the Old
Testament , Studies in Biblical Theology, no. 27 (Naperville, IL: Alec R.
Allenson, 1960), 49.
5 Isto quer dizer o
Método Histórico-Crítico do AT em seus três ramos principais: Criticismo das
Fontes, Criticismo da Forma, Criticismo das Tradições. Ver G. F. Hasel, Biblical Interpretation Today. An
Analysis of Modern methods of Biblical Interpretation and proposals for the
Interpretation of the Bible as the Word of God (Washington, DC: Biblical
Research Institute, 1985), 6.
6 Para uma discussão acerca do Método Canônico ver B.
S. Childs, Introduction to the Old Testament as Scripture (Philadelphia:
Fortress, 1989), 69-83.
7 Não trataremos acerca
do gênero literário, pois, além de seu caráter como uma narrativa, Gênesis
6:1-4 não parece ter qualquer outro gênero em particular. Ver G. W. Coats, Genesis with an Introduction to
Narrative Literature, The Forms of the Old Testament Literature, vol. 1 (Grand
Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1983), 86.
8 Ver D. Stuart, Old Testament Exegesis. A Primer for
Students and Pastors , 2nd ed., rev. and enl. (Philadelphia: Westminster Press,
1984).
9 Para uma análise dessas interpretações ver P. S.
Alexander, "The Targumim and Early Exegesis of 'Sons of God' in Genesis
6," Journal of Jewish Studies 23 (1972): 60-71; L. Pirot and A. Clamer,
eds., La Sainte Bible. Texte latin et traduction française d'après les textes
originaux avec un commentaire exégétique et théologique (Paris: Letouzey et
Ané, 1953), 1:175-177; G. J. Wenham, Genesis 1-15 , Word Biblical Commentary,
vol. 1 (Waco,TX: Word Books, 1987), 139-140.
10 Ver Wenham, 139. Não
concordamos com Wenham, no entanto, na sua posição de que a Septuaginta e o NT
(2Pe 2:4; Jd 6,7) interpretam os "filhos de Deus" como sendo anjos. A
Septuaginta traduz a expressão hebraica benêy hâ’elôhîm, em Gn 6:2 e 4, como
hoi huiói tou theoú e não como hoi ángeloi tou theoú, como ela o faz em Jó 1:6
e 2:1, por exemplo. Em Jó, a Septuaginta claramente entendeu os "filhos de
Deus" como sendo anjos, mas este não é o caso em Gn 6. O Códex
Alexandrinus tem hoi ángeloi tou theoú em Gn 6:2, no entanto, esta frase parece
ter sido escrita sobre a frase original hoi huiói tou theoú, a qual teria sido
apagada nesse verso, mas foi mantida no vs. 4 desse códex. Para mais discussão
ver Alexander, 63-64. Quanto ao NT, as duas passagens salientadas por Wenham
não necessariamente se referem a Gn 6. O
pecado dos anjos
mencionado em 2Pe 2:4, pode se referir a rebelião de um grupo de anjos contra
Deus antes da queda do homem. A sequência dos eventos descrita em 2Pe 2:4-10
pode ser entendida como se referindo à rebelião dos anjos no céu, depois ao
dilúvio, e então à destruição de Sodoma e Gomorra. Além disto, em outras partes
da Bíblia, o fato dos anjos rebeldes terem sido atirados ao inferno, está
ligado à expulsão desses depois da rebelião no céu e não com o casamento com
seres humanos ver Ap 12:7-12. Em Jd 6 e 7 a comparação entre os anjos caídos e
Sodoma e Gomorra enfatiza a semelhança do juízo de Deus sobre ambos e não
necessariamente uma semelhança de pecado cometido por eles.
11 Justin, Apologia , II,5; Clement of Alexandria,
Stromata , II,vii; Tertullian, De idolis , IX; and others, cf. Pirot and
Clamer, 175.
12 Ver Cassuto, 292-294; The Interpreter's Bible (New
York and Nashville: Abingdon, 1952), 1: 533-534; D. Kidner, Genesis. An
Introduction and Commentary, The Tyndale Old Testament Commentaries (Chicago:
Inter-Varsity, 1967), 83-84; G. von Rad, Genesis. A Commentary , The Old
Testament Library (Philadelphia: Westminster Press, 1961), 110; Skinner,
141-143.
13 A maioria dos
comentaristas que adotam a interpretação mitológica hoje mantém esse ponto de
vista. Ver W.
Brueggemann, Genesis, Interpretation (Atlanta: John Knox Press, 1982), 71;
Childs, Myth and Reality, 49, 54-55; R. S. Hendel, "Of Demigods and the
Deluge: Toward an Interpretation of Genesis 6:1-4," Journal of Biblical
Literature 106 (1987):13-26; R. Marrs, "The Sons of God (Genesis
6:1-4)," Restoration Quarterly 23 (1980): 218-224; D. L. Petersen,
"Genesis 6:1-4, Yahweh and the Organization of the Cosmos," Journal
for the Study of the Old Testament 13 (1979): 58-59; J. van Seters,"The
Primeveral Histories of Greece and Israel Compared," Zeitschrift für die
Alttestamentliche Wissenschaft 100 (1988):5-9; Speiser, 44; Wenham, 140.
14 Ver Wenham, 139 para
essas três razões.
15 Ver Alexander, 62; M. M. Kasher, Encyclopedia of
Biblical Interpretation. Tôrâh Shelêmâh, A Millennial Anthology (New York:
American Biblical Encyclopedia Society, 1953), 1: 182-183.
16 Meridith G. Kline
considera que os "filhos de Deus" é uma referência a uma dinastia
Caimita que governava o mundo antes do dilúvio, de acordo com o relato
pré-diluviano. Ela apóia seus argumentos sobre o paralelismo acerca do motivo
da realeza em Gn 4-6 e a tradição sumero-babilônica sobre o mundo
pré-diluviano. Essa tradição apresenta a realeza como de origem celestial e
fala acerca dos reis que reinavam sobre as cidades. A. J. Greig aceita a
identificação real dos "filhos de Deus", mas argumenta que o autor
Javista tomou esse mito antigo e o aplicou a Davi e seus descendentes, os quais
transgrediram a ordem social, legal e moral estabelecida por Deus. Greig aceita
a explicação etiológica que Claus Westermann dá para Gn 6:1-2. David J. A.
Clines sugere uma combinação entre as interpretações mitológicas (angélicas) e
real, os "filhos de Deus seriam então tanto seres divinos e governantes
antediluvianos". Ver
M. G. Kline, "Divine Kingship and Genesis 6:1-4," Westminster
Theological Journal 24:2 (1962):187-204; A. J. Greig, "Genesis 6:1-4. The
Female and the Fall," Michigan Quarterly Review 26:3 (summer 1987):
483-496; Westermann, 365-368, 370-373; D. J. A. Clines, "The Significance
of the 'Sons of God' Episode (Genesis 6:1-4) in the Context of the 'Primeval
History' (Genesis 1-11)," Journal for the Study of the Old Testament 13
(1979): 33-46.
17 Ver Wenham, 140; e
Clines, 34 para essas três principais razões a favor da interpretação real.
18 Julius Africanus (c.
160-240 A.D.) parece ter sido o primeiro defensor da interpretação setita. Para
uma breve história dessa interpretação, ver Alexander, 63; e Pirot e Clamer,
175-177.
19 Para alguns
representantes entre especialistas conservativos e liberais ver H. Kaupel,
"Zur Erklärung von Gen. 6, 1-4," Biblica 16 (1935): 205-212; C. F.
Keil and F. Delitzsch, Biblical Commentary on the Old Testament (Grand Rapids,
MI: Wm. B. Eerdmans, 1952), 3: 127-134; J. Murray, Principles of Conduct. Aspects of Biblical Ethics (Grand Rapids, MI: Wm. B.
Eerdmans, 1957), 243-249; Seventh-day Adventist Bible Commentary (Washington,
DC: Review and Herald, 1953), 1:250; J. T. Willis, Genesis (Austin, TX: Sweet
Publishing Co., 1979), 161-165.
20 Ver Murray, 244-247
para uma revisão desses cinco pontos e de outros mais.
21 Esta tem sido uma das
principais objeções à interpretação mitológica. Ver Clines, 34.
22 Ibid.
23 Ver ibid., 33; e Childs,
49.
24 Ver Brueggemann,
23,70-71; Cassuto, 290-291; Coats, 85-86; Speiser,44-46; Wenham, 136;
Westermann, 368.
25 Do capítulo 12 em
diante o texto trata das origens de Israel e não tem mais a perspectiva
universal dos capítulos anteriores.
26 Assim, teríamos a
seguinte organização do livro de Gênesis:
Prólogo, 1:1-2:3
1) Tôledôt dos céus e da
terra, 2:4-4:26
2) Tôledôt de Adão,
5:1-6:8
3) Tôledôt de Noé,
6:9-9:29
4) Tôledôt dos filhos de
Noé, 10:1-11:9
5) Tôledôt de Sem,
11:10-26
6) Tôledôt de Terá,
11:27-25:11
7) Tôledôt de Ismael,
25:12-18
8) Tôledôt de Isaque,
25:19-35:29
9) Tôledôt de Esaú,
36:1-37:1
10) Tôledôt de Jacó,
37:2-50:26
Ver Wenham, xxii. Para a
importância das genealogias como elemento de organização do texto ver também
Westermann, 6; e Coats, 30.
27 O livro de Gênesis foi
dividido pelos Massoretas em 45 "ordens" (sedârîm) e Gn 6:1-4
pertence à quarta ordem. Ver
K. Elliger e W. Rudolph, eds., Biblia Hebraica Stuttgartensia, 2nd ed.,
corrected (Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 1984), 7.
28 Ver Brueggemann,
70-71.
29 Ver Coats, 85;
Speiser,46.
30 Ver Cassuto, 249-250;
Wenham, 136.
31 Assim foi entendido
pela Septuaginta, a Peshita, os Targumim e a Vulgata. Ver Elliger e Rudolph, 8,
aparato crítico sobre 6:3.
32 para uma discussão
sobre essa forma ver Cassuto, 296; Wenham, 136.
33 Ver A. E. Brooke e N. McLean, eds., The Old
Testament in Greek, vol. 1, The Octateuch, part 1, Genesis (Cambridge:
Cambridge University Press, 1906), 13; A. Sperber, The Bible in Aramaic, vol.
1, The Pentateuch According to Targum Onkelos (Leiden: E. J. Brill, 1992), 9.
34 Ver Skinner, 138.
35 Ver Coats, 84-85.
36 Ver L. Eslinger, "A Contextual Identification
of the bene ha'elohim and benoth ha'adam in Genesis 6:1-4," Journal for
the Study of the Old Testament 13 (1979): 65; Murray, 245-246.
37 Ver Wenham, 137.
38 Esta é provavelmente a
principal objeção da parte daqueles que defendem a interpretação mitológica.
Ver Childs, 49.
39 Ver Wenham, 116.
40 Ver Keil e Delitzsch,
128-130.
41 Tselem é a outra
palavra usada no relato da criação do homem em Gn 1:26 e 27.
42 Não concordamos com
Eslinger, que vê nos "filhos de Deus" uma referência aos Caimitas e
nas "filhas dos homens" uma referência a mulheres Setitas. Ver
Eslinger, 65-72. Parece-nos que o texto aponta em outra direção.
Bibliografia
Alexander, P. S. "The Targumim and Early Exegesis
of 'Sons of God' in Genesis 6." Journal of Jewish Studies 23 (1972):
60-71.
Brueggemann, W. Genesis. Interpretation. Atlanta: John
Knox Press, 1982.
Cassuto, U. A Commentary on the Book of Genesis. Part
I: From Adam to Noah (Genesis ICVI 8). Jerusalem: Magnes Press, The Hebrew University,
1961.
Childs, B. S. Myth and Reality in the Old Testament.
Studies in Biblical Theology, no. 27. Naperville, IL: Alec R. Allenson, 1960.
_____. Introduction to the Old Testament as Scripture.
Philadelphia: Fortress, 1989.
Clines, D. J. A. "The Significance of the 'Sons
of God' Episode (Genesis 6:1-4) in the Context of the 'Primeval History'
(Genesis 1-11)." Journal for the Study of the Old Testament
13 (1979): 33-46.
Kerygma - Revista
Eletrônica de Teologia Curso de Teologia do Unasp
2º. Semestre de 2005
www.unasp.edu.br/kerygma/artigo2.04.asp
46
Coats, G. W. Genesis with an Introduction to Narrative
Literature. The Forms of the Old Testament Literature, vol. 1. Grand Rapids,
MI: Wm. Eerdmans, 1983.
Davidson, R. Genesis 1-11. The Cambridge Bible Commentary.
Cambridge: University Press, 1973.
Elliger, K. e W. Rudolph,
eds. Biblia Hebraica
Stuttgartensia. 2nd ed., corrected. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft,
1984.
Eslinger, L. "A Contextual Identification of the
bene ha'elohim and benoth ha'adam in Genesis 6:1-4." Journal for the Study
of the Old Testament 13 (1979): 65-73.
Greig, A. J. "Genesis 6:1-4. The Female and the
Fall." Michigan Quarterly Review 26:3 (summer 1987): 483-496.
Hasel, G. F. Biblical Interpretation Today. An
Analysis of Modern Methods of Biblical Interpretation and proposals for the
Interpretation of the Bible as the Word of God. Washington, DC: Biblical
Research Institute, 1985.
Hendel, R. S. "Of Demigods and the Deluge: Toward
an Interpretation of Genesis 6:1-4." Journal of Biblical Literature 106
(1987): 13-26.
Interpreter's Bible. 12 vols. New York and Nashville:
Abingdon, 1952.
Kasher, M. M. Encyclopedia of Biblical Interpretation.
Tôrâh Shelêmâh, A Millenial Anthology, vol. I. New York: American Biblical
Encyclopedia Society, 1953.
Kaupel, H. "Zur Erklärung von Gen. 6, 1-4."
Biblica 16 (1935): 205-212.
Kautzsch, E., ed. Gesenius' Hebrew Grammar, 2nd ed.
Oxford: Clarendon, 1988.
Keil, C. F. e F. Delitzsch. Biblical Commentary on the
Old Testament. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1952.
Kidner, D. Genesis. An Introduction and Commentary.
The Tyndale Old Testament Commentaries. Chicago: Inter-Varsity, 1967.
Kline, M. G. "Divine Kingship and Genesis
6:1-4." Westminster Theological Journal 24:2 (1962):187-204.
Kraeling, E. G. "The Significance and Origin of
Gen. 6:1-4." Journal of Near Eastern Studies 6 (1947): 193-208.
Marrs, R. "The Sons of God (Genesis 6:1-4)."
Restoration Quarterly 23 (1980): 218-224.
Murray, J. Principles of Conduct. Aspects of Biblical
Ethics. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1957.
Petersen, D. L. "Genesis 6:1-4, Yahweh and the
Organization of the Cosmos." Journal for the Study of the Old Testament 13
(1979):47-64.
Pirot, L. e A. Clamer, eds. La Sainte Bible. Texte
latin et traduction française d'après les textes originaux avec un commentaire
exégétique et théologique. Vol. 1. Paris: Letouzey et Ané, 1953.
Seventh-day Adventist Bible Commentary. Vol. 1.
Washington, DC: Review and Herald, 1953.
Skinner, J. A Critical and Exegetical Commentary on
Genesis. 2nd ed. The International Critical Commentary, vol. 1. Edinburgh:
T. & T. Clark, 1951.
Speiser, E. A. Genesis. Introduction, Translation, and
Notes. The Anchor Bible, vol. 1. New York: Doubleday, 1964.
Stuart, D. Old Testament Exegesis. A Primer for
Students and Pastors. 2nd ed., rev. and enl. Philadelphia: Westminster Press,
1984.
van Seters, J. "The Primeveral Histories of
Greece and Israel Compared." Zeitschrift für die Alttestamentliche
Wissenschaft 100 (1988): 1-22.
von Rad, G. Genesis. A Commentary. The Old Testament
Library. Philadelphia: Westminster Press, 1961.
Wenham, G. J. Genesis 1-15. Word Biblical Commentary,
vol. 1. Waco,TX: Word Books, 1987.
Westermann, C. Genesis 1-11. A Commentary.
Minneapolis: Augsburg Publishing House, 1984.
Willis, J. T. Genesis. Austin, TX: Sweet Publishing
Co., 1979.
Pr. Cirilo Gonçalves
Evangelista da Igreja Adventista do Sétimo Dia, AP, SP.
TWITTER: @prcirilo
INSTAGRAM: @cirilogoncalves
SITE: www.paulistana.org.br/evangelismo
FACEBOOK: www.facebook.com/cirilo.g.dasilva