Designação
enigmática encontrada em Mat. 24:15, emprestada de Daniel (11:31; 12:11), onde
a frase correspondente aparece como “abominação desoladora”. Daniel predisse
uma grande profanação do templo por um poder estrangeiro, em uma tentativa de
substituir o verdadeiro sistema de culto por um falso. O gr. bdelugma tes eremoseos, “abominação da desolação”, em Mat. 24:15
é idêntico à tradução da LXX, (MS, 88) do heb. shiqqûs shômem em Dan. 12:11. Em Dan. 11:31 shiqqûs meshômem é traduzido como bdelugma ton eremoseon. (Compare bdelugma ton eremoseon, “Abominações assoladoras”, em Daniel 9:27;
e hamartia eremoseos, “transgressão
assoladora”, no cap. 8:13, ambas as expressões, sem dúvida, devem ser
identificadas com bdelugma tes eremoseos,
dos caps. 11:31 e 12:11). O heb.
shiqqûs é um termo comum no A.T. que designa uma “deidade idolátrica”
(e.g., Deut. 29:17; II Reis 23:24; II Crôn. 15:8; Ez. 37:23). Dizia-se que tais
“abominações” colocadas no templo aviltavam e poluíam o recinto sagrado nos
tempos do A.T. (Jer. 7:30; Ez. 5:11). O heb. shamem, a forma pela qual é traduzida “desolação”, (mais
literalmente, “alguma coisa que torna desolado”) significa devastação causada
por um exército invasor (Jer. 12:11), uma cena que cria um senso de horror na
pessoa que a observa (Jer. 18:16). O heb. pesha,
transgressão”, na expressão paralela “transgressão assoladora”, em Dan. 8:13 é
usado para atos de Apostasia e rebelião contra Deus (Veja Amós 2:4, 6; Miq.
1:5).
INTERPRETAÇÃO DE VÁRIOS COMENTADORES SOBRE A QUESTÃO
Cerca de 100 a.C., o escritor de I Macabeus (Veja I Mac. 1:54, 59; cf. 6:7) identificou a “abominação desoladora” (bdelugma eremoseos) como um Altar idolátrico erigido por Antíoco Epifânio, sobre o altar de ofertas queimadas no templo de Jerusalém em 168 a.C.. Cerca de 70 a.C., Josefo aplicou igualmente a profecia de Daniel a um “altar idolátrico”, construído sobre o “altar de Deus” (Josefo, Antigüidades, X. 11.7 [Loeb, 272-276]; XII 5 [Loeb, 253]. Em Mat. 24:15 (cf. Luc. 21:20-22), Cristo aplicou-a aos romanos, que, 40 anos mais tarde, em 70 A.D., invadiram Jerusalém e queimaram o templo, e no ano 130 A.D. ordenaram a construção de um templo a Júpiter Capitolino em seu lugar (Cambridge Ancient History, vol. XI, p. 313). Comentaristas judeus da Idade Média, tais como Ibn Ezra, de modo semelhante, aplicaram-na à obra dos romanos no primeiro século A.D. (L. E. Froom, Prophetic Faith of Our Fathers, vol. 2, pp. 210, 213). Irineus, Orígenes e outros escritores cristãos dos primeiros séculos aplicaram-na a um futuro Anticristo (ibid., vol. 1, pp. 247, 320, 366), como fizeram escritores católicos medievais posteriormente, tais como Villanova e Olivi (ibid., pp. 752-754, 773). Pseudo Joaquim aplicou-a aos Papas de seus dias (ibid., p. 728), Wyclif (ibid., vol. 2, p. 58), Huss (ibid., p.118), Lutero (ibid., pp. 272, 277, 280) e vários comentaristas protestantes identificaram-na com o Papado ou com as práticas e doutrinas da igreja papal. Guilherme Miller e provavelmente a maioria dos pregadores Mileritas fizeram o mesmo. A maioria dos comentaristas protestantes modernos aplicam a “abominação desoladora” ao culto idolátrico instituído por Antíoco Epifânio, enquanto que os comentaristas fundamentalistas consideram Antíoco Epifânio como um protótipo do homem do pecado que viria no futuro.
VISÃO PROPOSTA POR URIAS SMITH - PIONEIRO ADVENTISTA
Urias Smith, comentarista pioneiro ASD, aplicou a disseminação das “abominações” de Dan. 9:27 aos eventos do ano 70 A.D., sob o domínio de Roma pagã, e a “abominação da desolação” ao Papado. (RH, 28 de fevereiro, 1871) Especificamente identificando “O Contínuo” (diário) de Dan. 8:11; 11:31; 12:11 com o “paganismo” do Império Romano, e a “abominação da desolação” com o Papado, Smith aplicou a “remoção do contínuo” e a introdução da “abominação desoladora” em seu lugar ao estabelecimento da supremacia papal sobre a dissolução do Império Romano, um processo que ele considerou completo por volta de 538 A.D. e um estado de eventos contínuos por 1.260 anos até a prisão do Papa Pio VI em 1798 (com base em Dan. 7:25 e 12:7). Smith identificou a Ponta Pequena de Daniel 8 com Roma em suas duas fases, pagã e papal (Daniel and Revelation, 1882, ed., p. 202).
COMENTADORES MODERNOS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA
Comentaristas ASD contemporâneos semelhantemente identificam a “abominação da desolação” com os ensinamentos e práticas Papais não fundamentados nas Escrituras, tais como sacrifício da missa, confissão, veneração da virgem Maria, celibato sacerdotal e estrutura hierárquica da igreja — porém, enquanto alguns defendem a interpretação de Smith do “contínuo”, outros compreendem que “o contínuo”, substituído por essas práticas extrabíblicas, refere-se, na aplicação da profecia de Daniel na Era Cristã, ao ministério de Cristo como nosso grande Sumo Sacerdote no Santuário Celestial. Eles igualam a “ponta pequena” ou “um rei de feroz catadura” (Dan. 8:9-14, 23), que estabeleceu a “transgressão desoladora”, e o “rei do Norte” dos caps. 11 e 12, que estabeleceu a “abominação da desolação”, com o “Homem do Pecado”, “mistério da iniqüidade” ou o “iníquo” de II Tess. 2:2-12; com o “anticristo” de I João 2:18; com a besta semelhante a um leopardo de Apoc. 13; com “mistério, Babilônia, a grande, a mãe das meretrizes e das abominações da terra” de Apoc. 17. A “abominação” introduzida pelo poder apóstata, que consiste em práticas e ensinos não-bíblicos, é causadora de sua “queda” (literalmente, “apostasia”) da verdade revelada nas Escrituras (II Tess. 2:3, 9-12), de suas “blasfêmias” (Apoc. 13:1, 5, 6); e do “vinho” de Babilônia (Apoc. 17:2).
Na tradição histórica protestante, os ASD consideram que a Igreja de Roma e seus ensinos não fundamentados na Bíblia são o cumprimento histórico dessas profecias.
Os interessados ao tema, devem buscar na literatura teológica adventista mais informações.
Pr. Cirilo Gonçalves
Evangelista da IASD - AP, SP
Bacharel e Mestre em Teologia - UNASP
Doutorando em Teologia - RTS (Reformed Theologic Seminary)
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