1 Bem-aventurado o homem
que não anda
no conselho dos ímpios,
não se detém no caminho dos pecadores,
nem se assenta
na roda dos escarnecedores.
2
Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR,
e na sua lei
medita de dia e de noite.
3 Ele
é como árvore plantada junto a corrente de águas,
que, no devido
tempo, dá o seu fruto,
e cuja folhagem não murcha;
e tudo quanto
ele faz será bem sucedido.
4 Os ímpios não são assim;
são, porém,
como a palha
que o vento
dispersa.
5 Por
isso, os perversos não prevalecerão no juízo,
nem os
pecadores, na congregação dos justos.
6 Pois
o SENHOR conhece o caminho dos justos,
mas o caminho
dos ímpios perecerá.
Este poema é
uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da
sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do
presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta
vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um
apelo desafiador a Israel – e a todos os que buscam a bênção de Deus – a voltar
à Sua Palavra revelada para receber o verdadeiro conhecimento de Deus e andar à
luz de Sua sabedoria.
O caminho da
bênção está aberto diante do homem mediante uma vida de companheirismo
incessante com o Deus de Israel. Não é de maneira nenhuma um atalho em que a
razão humana pode descobrir por si só, mas é um dom do Redentor de Israel. Como
a fonte de vida, o Senhor mostra o modo de vida. Todos os outros caminhos
conduzem à ruína. Tais cursos de vida escolhidos pelo eu são por definição o
oposto do modo do Senhor, modos que divergem de Sua lei. Os que rejeitam o
Senhor, o Deus de Israel, e a Sua lei são descritos em condições negativas como
os irreligiosos (Sal. 119:51, 78) porque não há nenhum outro Deus além do
Senhor.
Pois quem é Deus além do SENHOR [Yahweh]?
E quem é rocha senão o
nosso Deus?
(Sal. 18:31, NVI)
Os salmos de
Israel tencionam atrair a todas as nações para adorar o Deus de Israel como o
único Deus vivo (Sal. 2:10-12; 115; 117). Mais que isso, eles definitivamente
prevêem muitos adoradores do SENHOR entre as nações gentílicas (Sal. 87:4).
Várias razões são determinadas para a efetividade deste apelo universal do Deus
de Israel.
O Senhor é o Criador do mundo e de todos os homens (veja Sal.
24:1;
96:4-5).
O Senhor é o Salvador de todos os que escolhem adorá-Lo (veja
Sal.
105-106; 2:12; 34:8).
O Senhor é o soberano Monarca do mundo que restaurará justiça,
paz,
e prosperidade na Terra (veja Sal. 2; 46; 72).
O Senhor é o Juiz de todos os homens, que retribuirá ao homem de
acordo com as suas obras (veja Sal. 62:12; 96:10-13).
Pelo fato de
que nenhum outro deus salvou Israel de sua escravização do Egito, o Senhor fez
uma reivindicação exclusiva no amor e lealdade de Israel. Se uma voz surgisse
entre Israel, insistindo com eles para servirem a outros deuses que podem
executar milagres, tal profeta ou vidente seria posto à morte, "pois
pregou rebeldia contra o SENHOR, vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito e
vos resgatou da casa da servidão, para vos apartar do caminho que vos ordenou o
SENHOR" (Deut 13:5).
Isto mostra
como a Torah de Israel fez da adoração do Senhor um assunto de suprema
importância, uma questão de vida ou morte. A última crença era: "Ouve,
Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR [ou: o SENHOR só]" (Deut
6:4). A posição de Israel diante do Senhor era de uma nação redimida e santa,
de "filhos do SENHOR", de
"seu tesouro pessoal" (Deut
14:1, 2, NVI).
Antes do povo
escolhido entrar na terra prometida, Moisés bendisse Israel desta maneira:
O Deus eterno é o seu refúgio,
e para
segurá-lo estão os braços eternos.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . .
Como você é feliz, Israel
Quem é como
você,
povo salvo pelo Senhor?
Ele é o seu abrigo, o seu ajudador
e a sua espada
gloriosa.
(Deut 33:27,
29, NVI)
Este privilégio
único da eleição divina não excluiu mas antes inclui uma solene
responsabilidade:
Hoje invoco os céus e a terra como testemunhas contra vocês, de
que coloquei diante de vocês a vida e a morte, a bênção e a maldição. Agora
escolham a vida, para que vocês e os seus filhos vivam, e para que vocês amem o
Senhor, o seu Deus, ouçam a sua voz e se apeguem firmemente a ele. Pois o
Senhor é a sua vida, e ele lhes dará muitos anos na terra que jurou dar aos
seus antepassados, Abraão, Isaque e Jacó (Deut 30:19, 20).
Como fundamento
do Livro de Salmos, o primeiro salmo pressupõe a Torah e a história da salvação
de Israel – a redenção do êxodo e a aliança da graça em particular. Este poema
de sabedoria coloca diante de Israel e das nações o desafio constante para
escolher o Senhor e o Seu modo de vida para homem.
Israel como um
povo, depois de herdar a terra prometida, escolheu de fato andar na aliança do
Senhor? O Livro de Juízes descreve como, depois
da morte de Josué – que conduziu Israel a Canaã – surgiu uma geração "que
não conhecia o Senhor e o que ele havia feito por Israel. Então os israelitas
fizeram o que o Senhor reprova e prestaram culto aos baalins. Abandonaram o Senhor"
(Juí. 2:10-12). Esta era a triste realidade. Revela tanto o poder destrutivo do
coração natural do homem – que tende a confiar em seus próprios critérios –
quanto a importância vital de conhecer o Senhor e de andar em Seus caminhos. A
história de Israel ensina dramaticamente a indispensabilidade da Torah. O povo
que conhece a Deus mediante o conhecimento da Torah será abençoado.
Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR,
e o povo que
ele escolheu para a sua herança.
(Sal. 33:12, RC)
Bênçãos
e Maldições São Favores da Aliança
O Salmo 1
convida Israel a comparar a bênção divina do justo com a maldição divina sobre
o ímpio. Os cânticos sagrados de Israel começam com uma beatitude, uma
invocação de bênção: "Bem-aventurado o homem . . . ." No Sermão no
Monte, Jesus começou também com beatitudes: "Bem-aventurados os . .
." (Mat. 5). Isto implica felicidade para a pessoa que aceita o Senhor
como o seu Mestre. A pessoa é descrita primeiro no que ela não está fazendo
(vs. 1), então em o que ela faz verdadeiramente ou desfruta (vs. 2). A intenção
é, não um quadro de alguma ação incidental do homem, mas uma caracterização do
seu caminho ou padrão de vida:
. . . que não anda no conselho dos ímpios [ou planos,
pensamentos], não se detém no caminho dos pecadores [ou padrão de vida], nem se
assenta na roda dos escarnecedores. (Sal. 1:1, RA).
O caminho do
ímpio é descrito aqui como uma vida de escravidão completa em pecado. Seus
pensamentos – quer dizer, o seu coração – corrompe os seus atos e palavras da
mesma maneira que uma fonte suja polui suas próprias correntes.
Feliz é o que
evita tal modo de vida, porque o ímpio não tem paz, felicidade, bênção na vida.
Por outro lado, onde o homem abençoado acha as suas alegrias?
Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR,
e na sua lei
medita de dia e de noite.
(v. 2, RA)
Esta
caracterização que menciona duas vezes a lei de Deus – a Torah – não descreve
um piedoso fariseu legalista como o vemos no Novo Testamento. A lei de Deus não
é um jugo ou fardo ao cantor do salmo. Pelo contrário, "o seu prazer está
na lei do SENHOR". O seu coração está nela, porque a lei de Deus está no seu coração, como declarado em outros
salmos:
Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu;
dentro do meu
coração, está a tua lei.
(Sal. 40:8, RA)
Ele traz no coração a lei do seu Deus;
nunca pisará
em falso.
(Sal. 37:31,
NVI)
Estes testemunhos de comunhão com
o Senhor indicam que também os antigos santos experimentaram a aliança da graça
de Deus! Eles caminharam com Deus e receberam o que o Senhor tinha prometido a
todos os crentes: "Porei a minha
lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e
eles serão o meu povo." (Jer. 31:33; cf. Ezeq. 36:26, 27). Para
tal, a vontade e a lei santa de Deus não são mais um comando externo que não
encontra nenhuma resposta interna no coração. Pelo contrário, o coração que
prova a bondade perdoadora do Senhor está sendo recriado ou é transformado em
seus desejos íntimos pelo Espírito de Deus. Os salmos que tratam da Torah (Sal.
1; 19; 119) todos testemunham de uma alegria religiosa que o apóstolo Paulo expressou nas palavras: "No íntimo do
meu ser tenho prazer na Lei de Deus" (Rom 7:22, NVI). Isto
não nega que Paulo tivesse um conhecimento mais profundo do pecado e da graça
por meio de Cristo. Só afirma que a religião cristã de fé em Cristo Jesus não é
basicamente diferente daquela dos salmistas de Israel. Cristo restabeleceu o
que tinha estado perdido em judaísmo rabínico dos Seus dias, de forma que os
salmos podem funcionar mais efetivamente nos que crêem no Messias o Jesus.
Cristo não
somente professou, "eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai [aqueles
do Deus de Israel] e no seu amor permaneço." (João 15:10), Ele entrou na
raiz espiritual e motivação ao Ele dizer, "Minha comida é fazer a vontade
daquele que me enviou, e realizar a sua obra" (João 4:34). Tal uma paixão
predominante em servir ao Senhor é expressa no Salmo 1 como a delícia do justo.
Ele medita na lei de Deus "de dia e de noite" (v. 2). Ele conhece o
Senhor como o seu Redentor "desde a terra de Egito" (Osé. 12:9, NVI),
e a lei (literalmente: Torah) do Senhor como o dom de Sua graça.
É importante
entender o termo "Torah" em seu âmbito pleno. Torah quer dizer ensino
divino ou instrução (cf. Sal. 78:1) que é muito mais que os Dez Mandamentos em
si. Torah também inclui as instruções de Deus para crer, confiar,
arrepender-se, confessar, e buscar reconciliação com Ele em Seu santuário.
Portanto, Torah compreende a lei e a graça reconciliadora. Os estudiosos do
Antigo Testamentos concordam que a tradução de Torah por "lei" como o
código moral é inadequada, muito estreita.
O costume de
tomar a lei moral por si só, isolada da aliança da graça reconciliadora, era
estranho aos salmistas. Eles nunca falam de "a lei", mas
constantemente de "a lei do SENHOR" ou de "Tua lei" (veja
Sal. 1; 19; 119). Quando os poetas dos salmos usam tais termos como
"testemunhos", "estatutos", "ordens",
"ordenanças", "preceitos", "palavra",
"promessa", e até mesmo "o temor do SENHOR" (Sal. 19:9)
como sinônimos da palavra "Torah", eles sempre têm em mente a Torah
como um todo não dividido, centralizado nos serviços do santuário. Isto não
nega o fato que a Torah tenha aspectos diferentes, legal e expiatório, mas
estes nunca estavam isolados um do outro, como se se pudesse separar os dois. O
Senhor uniu a lei moral e sua graça expiatória pelo ministério sacerdotal em um
indissolúvel inter-relacionamento dinâmico. A santa lei de Deus permaneceu
sempre lei da aliança; seu lugar e
função estavam exclusivamente dentro do santuário de Deus.
Alegria
na Torah
A
característica dominante do judaísmo farisaico no tempo de Jesus parece ter
sido que o conceito e a experiência da promessa da nova aliança de Jeremias
tinham sido perdidos de vista. As ordens morais geralmente foram consideradas
como o meio de salvação – como o meio de ganhar méritos – de forma que o perigo
da justiça-própria não pôde mais ser evitado. Estas tinham sido a própria
experiência e auto-estima de Paulo como um rabino fervoroso. Ele confessou que
tendo sido um fariseu zeloso, "quanto à justiça que há na lei,
irrepreensível" (Filip. 3:6).
O salmistas do
antigo Israel, pelo contrário, todos viveram em uma consciência despertada do
pecado e foram motivados por um senso profundo de gratidão pela graça recebida
do Senhor. Na Torah do Senhor eles experimentaram o Santo em Sua pureza
impecável e irresistível misericórdia. Por esta razão eles cantaram:
A lei do SENHOR é perfeita
e restaura a
alma. ...
Os preceitos do SENHOR são retos
e alegram o
coração.
(Sal. 19:7,
8, RA)
Tenho visto que toda perfeição tem seu limite;
mas o teu
mandamento é ilimitado.
Quanto amo a tua lei!
É a minha
meditação, todo o dia!
(Sal.
119:96, 97, RA)
Desvenda os meus olhos, para que
eu contemple
as maravilhas da tua lei.
(Sal.
119:18)
Os poetas
meditaram na lei maravilhosa (Torah) do Senhor somente com a finalidade de
delícia? Certamente não! Eles se regozijaram na Torah por um propósito mais
elevado que alegria mística. Eles buscavam saber a vontade de Deus para agradar
e glorificar o seu Redentor.
De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu
caminho?
Observando-o
segundo a tua palavra.
De todo o coração te busquei;
não me deixes
fugir aos teus mandamentos.
Guardo no coração as tuas palavras,
para não pecar
contra ti.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Lâmpada para os meus pés é a tua palavra
e luz para os
meus caminhos.
(Sal. 119:9-11,
105, RA)
Os poetas
hebreus inspirados conheciam poder salvador e santificador da palavra de Deus.
Para eles com Deus, a vida ficava rica, significativa, e frutífera:
Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas,
que, no devido
tempo, dá o seu fruto,
e cuja folhagem não murcha;
e tudo quanto
ele faz será bem sucedido.
Os ímpios não são assim;
são, porém,
como a palha
que o vento
dispersa.
(Sal. 1:3, 4, RA)
Comunhão
com Deus é Vida ao Máximo
O poema revela
a produção da bênção divina na vida do justo. Ele prosperará em tudo aquilo que
ele faz. Por que? É por causa da lei de causa e efeito? Não. Ele é frutífero,
efetivo em todos os seus empenhos porque ele continuamente utiliza o poder
escondido do Senhor. Uma árvore plantada junto a ribeiros de água frutifica em
sua estação porque constantemente pode utilizar água sustentadora da vida.
Assim é com a pessoa que tem sede diante de Deus.
O que procura a
Deus achará o Senhor dia e noite disposto a ouvir sua oração e súplica. Davi
nos assegura:
Sempre tenho o Senhor diante de mim.
Com ele à
minha direita,
não serei abalado.
(Sal. 16:8,
NVI)
Por meio da
meditação é assimilado o conhecimento da Torah no coração e está motivando a
alma a amar.
O estudo da
Bíblia e a oração juntos são os meios para continuar no caminho da bênção. A
Escritura é como uma semente; através da oração ela recebe a água do Espírito.
Deste modo Deus dá o crescimento espiritual.
O crente cristão
fica na constante necessidade destes dois meios da graça divina. Cristo e os
apóstolos fizeram uso efetivo tanto da Escritura quanto da oração.
As bênçãos de
Deus sempre não são imediatamente visíveis em prosperidade material. O Salmo 73
mostra como Asafe lutou com esta aparente contradição, porque ele viu "a
prosperidade dos ímpios" (73:3). Seu coração só veio descansar quando ele
levou em conta o destino final do ímpio como revelado no santuário de Deus
(73:17-20).
Porque a
realização plena das promessas da aliança de Deus não pode freqüentemente ser
vista nesta vida, é crucial pegar a perspectiva apocalíptica da aliança de
Deus. O justo conhece o destino do ímpio.
O insensato não entende,
o tolo não vê
que, embora os ímpios brotem como a erva
e floresçam
todos os malfeitores,
eles serão destruídos para sempre.
(Sal. 92:6, 7)
O apóstolo Paulo acentua esta instrução da
Torah: "Nunca procurem vingar-se,
mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu
retribuirei’, diz o Senhor." (Rom 12:19). Contudo ele também
confirma a mensagem do Salmo 1 que aqueles que amam a Deus serão abençoados,
mesmo se eles não podem ver isto imediatamente:
Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que
o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. (Rom 8:28).
O salmista usa
a figura de contraste para sustentar sua mensagem mais vigorosamente. O ímpio,
ele diz, é o próprio oposto do justo. Eles são como a palha que o vento
dispersa. Em outras palavras, o ímpio não possui nenhuma substância, nenhum
caroço frutífero, nenhum peso moral, enquanto o justo é comparado a uma árvore
frutífera bem carregada.
O que faz o
ímpio tão estéril e espiritualmente oco, até mesmo dentro de Israel? É sua
falta, a sua negligência pecadora do conhecimento do Senhor. Davi diz:
"Não há temor de Deus diante dos seus olhos" (Sal. 36:1). Ele pode
pertencer exteriormente ao povo da aliança e ostentar-se nas promessas da
aliança, mas a sua confiança está extraviada em sua descendência natural de
Abraham. Quando João Batista veio preparar Israel para encontrar o seu Messias,
ele chocou os fariseus e saduceus com sua mensagem: "Produzi, pois, frutos
dignos de arrependimento; e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por
pai a Abraão" (Mat. 3:8, 9, RA). Sem o fruto do Espírito, isto é, sem uma
vida santificada de acordo com a Torah do Senhor, todas as reivindicações
religiosas do povo de Deus são inúteis e só conduzirão a completa vergonha.
Isto acontecerá no juízo final, do qual ninguém pode escapar:
Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo,
nem os
pecadores, na congregação dos justos.
(Sal. 1:5)
O Salmo 1 declara
que o ímpio perecerá "no juízo". Desde que a expressão paralela é
"a assembléia dos justos", poder-se-ia pensar principalmente nos
juízos regulares de Israel no santuário (Deut 17:8, 9). Os Salmos 7 e 26
representam a liturgia sagrada para tais julgamentos (veja Sal. 7 abaixo). O
mais pleno sentido aqui é indubitavelmente a perspectiva apocalíptica do juízo
final de Deus. Lá o ímpio será completamente desmascarado e exposto em sua
nudez moral e não terá nenhum abrigo para esconder-se, enquanto o justo se
levantará para receber a sua herança (Dan 12:13, RA).
Cristo anunciou
a separação final do bem e do mal repetidamente em Suas parábolas.
"Assim acontecerá no fim desta era. Os anjos virão,
separarão os perversos dos justos e lançarão aqueles na fornalha ardente, onde
haverá choro e ranger de dentes.” (Mat.
13:49, 50).
O primeiro
salmo finalmente aponta diretamente ao Senhor como o que sustenta um universo
moral:
Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos,
mas o caminho
dos ímpios perecerá.
(Sal.
1:6, RA)
A antítese que
está por baixo do poema inteiro chega à revelação climática de que o Deus de
Israel separará em última instância o justo e o ímpio. A tradução mais precisa
de verso 6 seria, "Pois o SENHOR conhece o caminho do justo" (assim
na RA e outras traduções).
O
"conhecimento" do Senhor no verso 6 não é nosso tipo moderno e
intelectual de conhecimento, mas a idéia hebraica de conhecimento experimental,
um conhecimento apaixonado (Sal. 37:18). Portanto indica que o Senhor acompanha
amorosamente o justo no seu modo de vida e lhes dá a bênção do Seu
companheirismo que nunca falha. O ímpio, que não tem nenhuma ligação com o
Senhor, terminará o seu caminho em morte, pelo juízo de Deus.
Cristo
confirmou esta perspectiva apocalíptica dos dois caminhos para todas as
pessoas:
"Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o
caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é
estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a
encontram." (Mat. 7:13, 14).
Cristo veio
oferecer vida eterno para todos (veja João 12:32). Ele Se oferece à nossa alma
de forma que todos os que O recebem participarão mesmo agora na alegria
messiânica:
"Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.”
(João 10:10, NVI).
"Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria
esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa." (João 15:11).
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