domingo, 25 de março de 2012

A MELHOR TRADUÇÃO DE ROMANOS 1:17b: "O Justo Viverá pela Fé"

UMA  MELHOR  TRADUÇÃO  DE  ROM. 1:17b

 A tradução de Almeida – Edição Revista e Corrigida – apresenta: "Mas o justo viverá da fé"; enquanto na Revista e Atualizada no Brasil aparece "O justo viverá por fé".
       Estudos recentes, feitos por ilustres exegetas, baseados na Teologia Paulina e em considerações específicas sobre a epístola aos Romanos têm sugerido que uma melhor tradução seria: O justificado pela fé, viverá.
       Em grego encontramos: o dev divkaios e]k pistewv xhvsetaio dé díkaios ek pisteos dzésetai.

       O problema com o texto grego é o seguinte: ele pode ser lido de duas maneiras:

       1ª) O justo / viverá pela fé.

       2ª) O justo pela fé / viverá, ou o que for justificado pela fé, viverá,
      
       Em outras palavras: a expressão – ek pisteos (pela fé) pode ligar-se ao verbo dzesetai (viverá) ou com o dikaios (o justo) apresentando em cada caso um sentido diferente.
 É bastante conhecido o fato de que os primitivos manuscritos não possuíam pontuação alguma, e ao ser esta colocada a passagem poderia ser lida com sentido bem diferente ao ser alterada a sua pontuação.
Esta afirmação pode ser comprovada com estes exemplos e com muitos outros que poderiam ser alistados.

Ressuscitou, não está aqui.
      Ressuscitou? não, está aqui.

A voz daquele que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor.
      A voz daquele que clama: no deserto preparai o caminho do Senhor.

Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso.
      Em verdade te digo hoje: estarás comigo no paraíso.

Em última análise, o problema de Rom. 1:17 segunda parte, é também um problema de pontuação como é facilmente deduzível.

Sabemos que a citação de Rom. 1:17 é tirada de Habacuque 2:4, mas que aparece na Septuaginta da seguinte maneira:

o dev divkaios e]k  pistewv mou xhvsetaio dé díkaios ek pisteos mou dzésetai – O justo pela minha fé viverá. 

A teologia de Paulo nos afiança de que o homem justificado pela fé é o único que possui vida. Ele insiste na tecla de que a lei não pode dar vida, porque esta vem unicamente de Cristo, recebida através da fé, O grande tema da epístola aos Romanos pode ser sintetizado nesta frase: O pecado conduz à morte; a justificação conduz à vida (Rom. 5:17, 21; 8:10).

Os escritores do Velho Testamento criam que a justificação vinha através da observância da lei: Lev. 18:5; Hab. 2:4, mas Paulo nos ensinou que a justificação vem através da fé em Cristo. A lei só poderia doar vida se o homem pudesse por si mesmo cumprir todos os seus requisitos, porém, isto não é possível.

O estudioso Anders Nygren em seu Commentary on Romans, página 86, afirma que a ênfase na primeira parte da epístola aos Romanos está na palavra fé, através da qual vem a justificação. Nos primeiros 4 capítulos – pistis ou o verbo pisteuo aparecem pelo menos 25 vezes, enquanto vida – dzoê, é usada 2 vezes. Em oposição nos 4 capítulos seguintes pistis (fé) é usada 2 vezes e dzoê – 25. Assim sendo nos primeiros quatro capítulos predomina a justificação pela fé, mas nos capítulos cinco a oito Paulo enfatiza a vida vitoriosa em Cristo ou a santificação.

Estudiosos sustentam que Paulo ao citar Habacuque, ele não queria dizer "viver pela fé", mas "ser justificado pela fé" ou sendo "justificação pela fé" é a condição necessária para alcançar vida.

 Rudolf Bultmann, Theology of the New Testament, pág. 270 diz: 

"Se o homem, antes da fé, é um homem caído no poder da morte, o homem sob a fé é o homem que recebe vida. A passagem paralela de Rom. 5:1 – dikaiwyentev ek pistewvdikaiothentes ek písteos – justificados pela fé, nos confirma que esta será uma melhor tradução em Rom. 1:17.

 Estudiosos profundos dos problemas exegéticos e de tradução, como Lange, Beza, Meyer e Dr. Benedito de Paula Bittencourt ligam "pisteos" com "dikaios" dando-lhe a seguinte tradução: "O homem que é justificado pela fé – viverá."
 A prova de que estas afirmações são procedentes se encontra nas abalizadas traduções: Nygren, Beza, RSV, NEB, O Novo Testamento na Linguagem de Hoje.

Extraído do Livro: Explicação de Textos Dificeis da Bíblia de Pedro Apolinário

Adaptação, Didática e Grifos de
Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
Mestre em Teologia e Evangelista
Twitter: @prcirilo

sábado, 24 de março de 2012

PARTIR E ESTAR COM CRISTO - FILIPENSES 1:23

PARTIR  E  ESTAR  COM  CRISTO Filip. 1:23
 Para uma boa compreensão desta passagem tão problemática para muitos, é útil estudá-la no seu contexto e em traduções diferentes.

Os versos 21 a 23 do primeiro capítulo de Filipenses rezam assim na Edição Revista e Atualizada no Brasil, de João Ferreira de Almeida.

"Porquanto, para mim o viver é cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com cristo, o que é incomparavelmente melhor."

Fil. 1:23 aparece assim em diferentes traduções.

"Estou cercado dos dois lados, pois quero muito deixar esta vida e estar com Cristo, o que é bem melhor." – O Novo Testamento na Linguagem de Hoje.

"Ás vezes quero viver e outras vezes não quero, pois estou ansioso para ir e ficar com cristo. Como seria muito mais feliz para mim do que estar aqui! – O Novo Testamento Vivo.

"Sinto-me num dilema: o meu desejo é partir e estar com cristo, pois isso me é muito melhor, mas o permanecer na carne é mais necessário por vossa causa." Fil. 1:23-24 – A Bíblia de Jerusalém.

Satanás, com seu acendrado espírito de rebelião, tentou muitas vezes exterminar as Escrituras Sagradas; porém, vendo que seus esforços foram infrutíferos, passou a usar de outros processos ardilosos, como este: torcer o sentido das palavras ou das idéias da Bíblia para que se ajustem aos seus enganos. Um exemplo bem frisante deste método se encontra no processo interpretativo de Fil. 1: 23.

O argumento mais ponderável dos que crêem na imortalidade da alma, é dizerem que a Bíblia esposa esta idéia, citando entre outras passagens esta de Paulo, onde afirmam eles, o apóstolo declara que para ele o morrer é lucro, porque assim estaria imediatamente com Cristo, gozando das delícias eternas.

O Comentario del Nuevo Testamento de Louis Bonnet e Alfredo Schroeder, vol. 3 diz a este respeito: "Para estar com Cristo, prova evidente de que Paulo esperava esta felicidade imediatamente depois de sua morte."

O pensamento paulino neste sentido é bastante claro e as passagens de I Cor. 15; I Tess. 4:16-18; II Tim. 4:8; Rom. 8:23 não deixam dúvidas de que ele não cria numa recompensa incorpórea e imediatamente após a morte.

É princípio fundamental da exegese, que a Bíblia não se contradiz, e que um texto deve ser explicado através do conjunto das Escrituras e não isoladamente. Logo, sendo Filipenses 1:23 uma passagem controvertida, ela tem de harmonizar-se com outras passagens paulinas e com a doutrina geral da Bíblia concernente ao estado do homem na morte.

Há muitas outras passagens bíblicas, que comprovam a crença de Paulo quanto ao estado do homem na morte, e de que a recompensa só será uma realidade quando Jesus voltar. S. João 14:1-3; Atos 2:34; Heb. 11:39; Apoc. 14:13; Ecl. 3:18-21; 9:5-6.

Walter R. Martin, no livro The Truth About Seventh Day Adventism, apresenta Filipenses 1:21-23 como contestação à doutrina adventista da imortalidade condicional e da destruição dos ímpios, afirmando que a Bíblia ensina a existência consciente depois da morte, e o tormento eterno dos incrédulos.

Em artigo inserto no Ministério Adventista, Maio/Junho de 1965, pág. 9, o Pastor D. E. Mansell refutou as idéias apresentadas pelo nosso oponente. Parte delas serão transcritas para este trabalho:

"Chegamos agora a Fil. 1:21-23. Novamente o Sr. Martin afirma o que devia ter provado, isto é, que Paulo 'desejava partir de seu corpo e desfrutar espiritualmente a presença de seu Senhor' (pág. 124). Nosso amigo pode pensar que Paulo almejava sair de seu corpo e ir a presença de Cristo como uma entidade espiritual, mas como ele compreende bem 'a Bíblia não diz assim' (Pág. 122).

"Não é por obstinação que os adventistas insistem que 'a Bíblia não diz assim', mas pela simples razão de que esta passagem das Escrituras nada declara sobre deixar o corpo e desfrutar espiritualmente a presença do Senhor. Além disso, cremos haver sólidas razões, no contexto, para assumirmos esta posição, a despeito das afirmações do Sr. Martin.

"É curioso que embora o Sr. Martin dê grande ênfase à construção gramatical de Fil. 1 23, que alega ser 'gramaticalmente devastadora para a posição dos adventistas do sétimo dia', passa por alto o contexto e a exegese da passagem sob consideração. Ora, nem por um momento admitimos que a construção gramatical da frase 'partir e estar com cristo, o que é incomparavelmente melhor', seja devastadora para a nossa posição. Pelo contrário, cremos ser ela devastadora para a posição do Sr. Martin, pelo simples motivo de que a passagem não diz coisa alguma sobre partir do corpo e desfrutar espiritualmente a presença do Senhor, o que, aliás, o Sr. Martin procura provar.

"Ademais ele desconsidera significativamente certas porções do contexto em que esta frase é encontrada. Na frase precedente o apóstolo Paulo declara estar 'em aperto' 'de ambos os lados'. O contexto torna bem claro que por esses dois lados Paulo quer indicar a 'vida' e a 'morte'. Portanto, o aperto em que ele se encontrava era escolher entre a vida e a morte (versos 21 e 22). Ora, segundo a opinião de Walter Martin, o crente 'nunca pode experimentar perda de comunhão do companheirismo como entidade espiritual, embora seu corpo possa morrer' (pág. 121). Conseqüentemente, de acordo com essa teoria, quer Paulo vivesse ou, morresse, a 'comunhão de companheirismo permaneceria inalterada'. O Sr. Martin insinua que como Paulo desfrutava comunhão com Cristo na vida, continuaria a gozá-la depois da morte, encontrava-se num dilema. Esta conclusão seria lógica, não fora o fato de Paulo desejar algo 'que é incomparavelmente melhor' (verso 23). Melhor do que o quê? Obviamente muito melhor do que a vida ou a morte. Que era isto? Paulo diz que era partir e estar com Cristo (verso 23). Sendo que partir para estar com cristo é melhor do que a vida ou a morte, é evidente que a morte não conduziria à 'presença de seu Senhor' (Pág, 124), como afirma o Sr. Martin.

"Os Adventistas do sétimo Dia crêem que Paulo está se referindo aí à trasladação, isto é, ser lavado corporeamente para o céu sem provar a morte, como Enoque (Heb. 11:5), Elias (II Reis 2:11) e como sucederá com os santos que estiverem vivos por ocasião do segundo Advento (I Tess. 4:17). Isto seria de fato 'incomparavelmente melhor' do que a presente vida ou a morte. Transportaria Paulo da anual condição mortal para a condição final, sem que passasse pela morte."

Vincent, após mencionar a expressão "estar com cristo" de Fil. 1:23, leva-nos a comparar este texto com I Tes. 4:14-17, onde Paulo coloca o estar com Cristo para o tempo da ressurreição, por ocasião da Segunda Vinda de Cristo. 

 Outra explicação:

Os adventistas cremos que as duas afirmações "partir e estar com Cristo" não pressupõem dois acontecimentos imediatos ou em seqüência.

Haverá base bíblica para esta crença?

Sim, e os dois seguintes exemplos confirmam nossa assertiva:

1º) Em Isaías 61:1-2 há uma profecia da obra que Cristo efetuaria em seu primeiro advento. Em S. Lucas 4:17-19 se encontra o relato de que cristo leu esta passagem, acrescentando, no verso 21: "Hoje se cumpriu esta escritura em vossos ouvidos". Atentando para o relato de Isaías, veremos que Cristo não leu toda a profecia, embora seja uma declaração aparentemente ligada; Ele concluiu com a frase: "e anunciar o ano aceitável do senhor". A frase seguinte diz: "e o dia da vingança de nosso Deus". Ele não leu esta parte, porque não devia cumprir-se naquela época, embora estivesse unida na mesma frase. Toda a era cristã devia passar antes de vir o dia da vingança do nosso Deus.

 2ª) Pedro em sua segunda carta, cap. 3: 3-13 relata a segunda vinda de Cristo e a destruição da Terra pelo fogo. Se lermos Apoc. 20 sabemos que haverá entre os dois acontecimentos um intervalo de mil anos.

Conclusão

 Se Pedro podia colocar na mesma sentença (II Ped. 3:10) dois extraordinários acontecimentos separados por 1.000 anos e Isaías fez o mesmo (Isa. 61:2) com dois destacados eventos separados por mais de mil e novecentos anos, por que estranhar que Paulo seguisse a mesma orientação de unir numa só sentença (Fil. 1:23) o triste fato da morte como glorioso acontecimento de estar com Cristo por ocasião do seu segundo advento? 

O Comentário Adventista ao analisar Fil. 1:23 assim se expressa:

"Estar com Cristo. Paulo não está aqui apresentando uma exposição doutrinaria do que acontece na morte. Está explicando o seu 'desejo', que é deixar a presente existência; com seus problemas, e estar com Cristo sem referir-se a um lapso de tempo que possa ocorrer entre os dois eventos, com toda a força de sua ardente natureza ansiava viver com Aquele a quem ele fielmente servira, sua esperança se centraliza num companheirismo pessoal com Jesus por toda a vida futura. Os cristãos primitivos de todas as épocas tiveram este mesmo desejo, sem necessariamente esperarem ser imediatamente introduzidos à presença do Salvador, quando seus olhos se fechassem na morte.

"As palavras de Paulo aqui devem ser consideradas em conexão com suas outras afirmações, onde ele claramente se refere à morte como um sono (I Cor, 15:51; I Tes. 4:13-15). Desde que não há consciência na morte, nem consciência do período de tempo, a manhã da ressurreição parecerá como acontecendo logo após a morte".

 Paulo jamais esperava, com a morte, receber imediatamente o galardão, pois ele mesmo disse: "O tempo da minha partida é chegado. . . a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia". II Tim. 4:6 e 8.

 A pergunta natural que nos vem a mente é esta. Quando será aquele dia? O próprio Paulo nos responde – será no dia da vinda de Cristo – "a todos os que amarem a sua vinda". (verso 8).

 Outras explicações congêneres se encontram em Questions on Doctrine, págs. 527 e 528 ou no Ministério Adventista, setembro - outubro de 1973, pág. 23.

Extraído do livro: Explicação de Textos Difíceis da Bíblia de Pedro Apolinário

Adaptação, Didática e Grifos de
Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
Mestre em Teologia e Evangelista
Twitter: @prcirilo

sexta-feira, 23 de março de 2012

EXEGESE DE ISAÍAS 7:14 - O EMANOEL PROMETIDO

EXEGESE DE  ISAÍAS  7:14

 A  PROMESSA  A  RESPEITO  DE  EMANUEL

 Isaías é chamado pelos estudiosos como o maior dos profetas do Velho Testamento, o "rei de todos os profetas". Chega a ser cognominado "a águia entre os profetas" e o evangelista da antiga aliança. O significado do seu nome, em hebraico, é bem apropriado para o caráter de seus escritos "Yeshayahu", cujo sentido é = Yahweh é a salvação. 

Sua capacidade estilística é impressionante, seus recursos para criar figuras literárias nos enleva. Sabedores de que a maior parte do seu livro foi escrito em forma de poesia, para surpresa de alguns, ele é considerado o maior poeta do Velho Testamento.

Comentaristas na Introdução aos Profetas, da Bíblia de Jerusalém, o denominam de poeta genial. O brilho do estilo, a novidade das imagens fazem dele o grande clássico da Bíblia.

Para bem compreender o verso de Isa. 7:14, ele deve ser estudado em seu contexto histórico, em seu problema gramatical e em suas implicações teológicas.

I – Contexto Histórico

O livro de Isaías tem sido dividido por alguns em duas partes:

1º) Abrangendo 39 capítulos;

2º) Compreendendo os demais 27 capítulos.

A primeira parte está dividida em 5 seções.

Com o capítulo 7 começa a segunda seção, onde se descreve a aliança da Síria com o reino de Israel (Efraim) contra Judá, no reinado de Acaz. Se a cronologia nos informa que Acaz começou a reinar em 735 AC, estes eventos se realizaram em 734.

A Síria governada por Rezim, e Israel administrado por Peca, o perverso assassino do rei Pecaías, aliaram-se com o iníquo objetivo de subjugar o reino de Judá e obrigá-lo a cooperar com eles na campanha militar contra a poderosa e agressiva Assíria. Com a ameaça de um ataque iminente, o rei de Judá e o povo ficaram aterrorizados e cheios de grande perturbação.

Acaz, de personalidade tíbia e pusilânime, ferido em seu amor próprio devido à primeira derrota frente a Peca e Rezim, cometeu a insensatez pecaminosa de pedir auxílio ao rei assírio. Ainda mais, amedrontado, tomou a prata e o ouro da casa do Senhor, e os tesouros da casa do rei e os enviou a Tiglate-Pileser com a declaração vexatória: "Eu sou teu servo e teu filho; sobe e livra-me do poder do rei da Síria e do poder do rei de Israel, que se levantam contra mim", como nos relata II Reis 16:7-9. Diante desta situação aflitiva, Isaías recebeu de Deus a incumbência sagrada de procurar Acaz com alguns objetivos.

1º) Apresentar-lhe uma mensagem estimulativa da parte de Deus: "Acautela-te e aquieta-te, não temas nem desanime o teu coração". Isa. 7:4. Em outras palavras ele queria dizer: não há nenhuma necessidade para preocupação, já que numa elegante metáfora, ele compara os dois reis a pedaços de tições fumegantes, pois se outrora eram perigosos, agora seu poderio estava quase extinto. Em sua entrevista com Acaz, o profeta procurou animá-lo, transmitindo-lhe a seguinte mensagem: se depositasse confiança no Senhor haveria livramento. Rezim e Peca em breve desapareceriam como bolhas de sabão.

2º) Isaías, com seu acendrado espírito religioso, combateu tenazmente a aliança com poderes pagãos, porque previa os males que viriam para Acaz e para o povo de Deus.

A mensagem do profeta ao rei alarmado era de confiança em Deus, culminando com a declaração do verso 9: "se o não crerdes, certamente não permanecereis". Nesta afirmativa do profeta, há um notável trocadilho hebraico, que é difícil transmitir numa tradução.

Eis algumas tentativas para reproduzir o efeito original:

"Sem fé não há fixidez".

"Sem confiança forte não há forte de confiança".

"Sem confiança não há permanência".

As conseqüências de rejeitar a orientação divina são evidentes no relato sagrado:

Politicamente Acaz se vê transformado num simples vassalo da Assíria.

Na esfera religiosa, rejeitando a promessa de libertação que o mensageiro do Senhor lhe oferecera, entregou-se inteiramente ao paganismo. II Reis 16:10-18.

Tanto se afastou de Deus, que chegou a passar o seu filho pelo fogo, influenciando com seu comportamento negativo o declínio espiritual de todo o povo. Altares pagãos foram erigidos por toda a parte, inclusive no templo em Jerusalém, fazendo com que o culto ao verdadeiro Deus se extinguisse.

Quando Isaías viu, que tanto o rei quanto os seus subordinados, desprezaram a mensagem divina, ele silenciou por algum tempo o seu ministério público. 

3º) Sugeriu que Acaz pedisse um sinal como evidência de que estava diante de um verdadeiro profeta de Deus. Já que não crês nas palavras do profeta, pede um sinal, uma garantia ou evidência que te as segure que Deus cumprirá a promessa de salvar o Seu povo.

Acaz respondeu: "Não o pedirei nem tentarei ao Senhor". Isa. 7:12.

Sua declaração era uma saída hipócrita sob o pretexto de que guardava a lei. (Deut. 6:16)

Se tentar a Deus é pôr Deus em uma prova, o pedir o sinal que era oferecido por Ele não seria tentá-Lo.

A razão primordial para rejeitar o sinal, era que ele não estava disposto a submeter-se à vontade de Deus, ou estava receoso de que o obrigasse a alterar a política externa que adotara.

Diante da atitude de Acaz recusando-se a pedir um sinal, Isaías lhe diz que Deus lhe daria o sinal.

"Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe chamara Emanuel". Isa. 7:14.

Este sinal dado por Deus é a demonstração mais convincente de Sua intervenção e direção na História.

No livro A Profecia de Isaías de A. R. Crabtree, pág, 157 há esta afirmação: "Talvez não haja outra profecia no Velho Testamento que tenha produzido mais perplexidade e mais discussão do que estes versículos sobre o sinal que Deus deu a Acaz".

Corrobora com esta afirmativa Albert Barnes em Notes on the Old Testament, vol. 8, pág. 157, ao declarar "... não existe nenhuma profecia no Velho Testamento da qual se tenha escrito tanto, e que tem produzido mais perplexidade entre os comentaristas do que esta".

Os versos 17 a 25 apresentam uma terrível descrição de como eles seriam assolados em virtude da rejeição do sinal.

II – O Problema Gramatical

Isaías 7:14 é uma passagem extremamente difícil de ser traduzida. Temos aqui um dos mais controvertidos problemas textuais de toda a Bíblia.

O pomo da discórdia se encontra na palavra "almah", que tem trazido para os intérpretes uma longa e complicada discussão.

Traduções da Bíblia como a Septuaginta, King James Version, Almeida tanto a Revista e Corrigida como a Atualizada a traduzem por "virgem". Outras mais fiéis ao original hebraico como a Revised Standard Version, a de Moffatt, New English Bible e A Bíblia de Jerusalém preferem traduzi-la por jovem ou mulher jovem. Diante destas declarações a primeira pergunta que se levanta é esta: qual é a tradução preferível para "almah"? Virgem ou jovem?

Afirmam alguns, peremptoriamente, – se os tradutores da Septuaginta traduziram a palavra "almah" para pavrdenov – a virgem, e se não podemos descrer do conhecimento que tinham do hebraico os que fizeram o trabalho, então não assiste nenhuma razão àqueles que insistem que em Isa. 7:14 o termo tem que ser traduzido para uma jovem na idade de se casar.

O traduzir de uma maneira ou de outra sempre cria problemas: Tradicionalmente sempre se defendeu a tradução para virgem, por ser aparentemente a única a predizer claramente o nascimento virginal de Cristo. Mas se esta passagem é uma profecia referente a uma criança que deveria nascer como sinal para o rei Acaz, a mãe desta criança não poderia ser virgem porque criaria um problema de ordem teológica. Sendo que outras traduções trazem "mulher jovem", exegetas intervêm declarando que este procedimento elimina uma doutrina fundamental da Bíblia, o maravilhoso nascimento virginal de Cristo.

O livro Problems in Bible Translation, nos informa que a palavra "almah" aparece nove vezes no Velho Testamento, mas que é difícil especificar exatamente o seu real significado. Conclui dizendo que "almah" designa simplesmente uma "mulher jovem" em idade de casamento, quer noiva ou não, casada ou não, virgem ou não". Pág. 168.

O vocábulo hebraico para virgem é "bethulah" que aparece 50 vezes no Velho Testamento.

C. G. Tuland, concluiu seu artigo no Ministério Adventista, março-abril de 1969, pág. 19, explicando Isa. 7:14, da seguinte maneira: "Portanto, não parece ser justificável traduzir "almah", "mulher jovem", em Isa. 7: 14, por virgem. A única tradução coerente é a da R.S.V.: "Eis que uma mulher jovem conceberá, e dará à luz um filho".

A. R. Crabtree, no livro A Profecia de Isaías, pág. 158, defende tese contrária, com bastante dogmatismo, ao afirmar que "almah" em Isa. 7:14 deve ser traduzida por virgem, havendo assim um nascimento milagroso no tempo de Isaías, semelhante ao de Cristo, sem se preocupar com o profundo problema teológico envolvido nesta interpretação.

Sendo que este mesmo autor declara que quase todas as palavras se usam em mais de um sentido, informando-nos também que a significação de qualquer palavra deve ser determinada pelo uso no contexto, pelo sentido com outras passagens bíblicas, e em relação com o ensino geral da Bíblia sobre o mesmo assunto, não seria melhor concluir que Isaías a empregou, no sinal para Acaz com o significado de jovem, e Mateus fazendo uma aplicação messiânica do mesmo verso usa a palavra parthenos ou virgem?

Quem seria a jovem de Isaías 7:14? Três possibilidades têm sido sugeridas:

1ª) Seria a própria esposa de Isaías;

2º) Outros advogam que esta jovem fosse a esposa do próprio rei Acaz, pois ele tinha nesse tempo 21 anos;

3º) Um terceiro grupo, menos numeroso, mas com possibilidades verossímeis, defende a tese de ser outra jovem da família real, bastante conhecida a eles, mas a nós desconhecida.

Pessoalmente, baseado no contexto bíblico (Is. 8:3), creio que a jovem era a própria esposa de Isaías. Conferindo Isaías 1:1 com 6:1 concluiremos que o profeta estava no início de seu ministério, que se estendeu por meio século após este evento.

III – Implicações Teológicas

A verdade do nascimento virginal de Cristo está implícita através das Escrituras, portanto não precisa ser confirmada por uma palavra hebraica de Isaías 7:14.

Se a tradução de "almah" por virgem, cria um problema de natureza teológica, por não poder ser aplicável no tempo de Isaías; outro problema nada inferior a este seria se Isaías houvesse usado a palavra "bethulah" para uma outra ocorrência além do nascimento virginal de Cristo.

Se os exegetas defendessem que Isaías 7:14 profetizava um nascimento virginal milagroso, teriam também de aceitar que esta criança teria a mesma natureza divino-humana e o mesmo poder que Jesus possuía.

Das muitas explicações propostas, visando solucionar o problema, o livro Problems in Bible Translation, pág. 151, destaca estas 4:

1º) Isaías 7:14 não constituía uma verdadeira profecia de eventos, quer no tempo de Cristo ou no de Isaías;

2º) Cumpriu-se de alguma maneira desconhecida nos dias de Isaías e não de outra forma;

3º) Apontava ao futuro exclusivamente para o nascimento de Cristo;

4º) Era uma profecia dupla, aplicável tanto aos dias de Isaías, quanto ao nascimento do Messias.

A primeira explicação é insustentável para quem acredita na inspiração das Escrituras.

O segundo ponto de vista nega a inspiração de Mateus.

A aceitação de que a alusão apontava unicamente para o nascimento de Cristo despreza completamente o contexto e o ambiente histórico de Isaías 7:14.

A quarta solução proposta é a única totalmente consistente, com o conceito de que tanto Mateus quanto Isaías foram inspirados.

O estudo atento do texto hebraico e das varias interpretações propostas, nos levam à conclusão de que em Isaías 7:14 temos uma profecia messiânica.

Este texto deve ser incluído entre as profecias messiânicas pelo princípio do duplo cumprimento comum a muitas profecias bíblicas, como nos confirmam os seguintes exemplos.

1º) A promessa feita a Abraão nos seus descendentes (Gên. 13:16; 15:5), e um descendente, que é Cristo (Gál. 3: 16).

2º) A profecia de Mateus 24, se cumpriu primeiramente na destruição de Jerusalém, no ano 70 da nossa era; mas, o seu cumprimento final será no fim do mundo.

Da mesma forma, a promessa a respeito de Emanuel, teve uma aplicação imediata e primária da libertação temporária de Judá nos dias de Acaz, mas depois de 730 anos, numa aplicação secundária de outro livramento do inimigo, através da encarnação de Cristo, iniciando assim o período da salvação espiritual e de paz com Deus.

O nome Emanuel, dado à criança dos dias de Isaías, foi mudado diante da recusa de Acaz de submeter-se a Deus. Isaías foi instruído a colocar na criança o nome de Maher - Shalal - Has - Baz.

A promessa a respeito de Emanuel poderia ser sintetizada nestas palavras: É uma promessa de plena e absoluta confiança, de que o mesmo Deus que não desampararia os seus filhos no tempo de Isaías. Ele através do nascimento de Cristo está conosco no eterno concerto da graça para nos salvar, jamais desamparando o Seu povo, antes protegendo-o e guardando-o para a glória futura.

Enfatizemos mais uma vez a idéia contida em Isaías 7:9: "Se o não crerdes, certamente, não permanecereis." Esta confiança absoluta, penhor da salvação (Is. 28:16) nos mostra que não podemos confiar em coisas ou em pessoas.

Que a promessa apresentada por Isaías a respeito de Emanuel – Deus conosco – esteja sempre conosco e que a transmitamos aos outros para sua e nossa salvação.

Extraído do Livro: "Leia e Compreenda melhor a Bíblia" de Pedro Apolinário;

Didática, Grifos e Acréssimos de
Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
Mestre em Teologia e Evangelista
Twitter: @prcirilo

segunda-feira, 19 de março de 2012

OS TRÊS DIAS E TRÊS NOITES EM QUE CRISTO ESTEVE MORTO. COMO HARMONIZAR ESSA VERDADE COM A DECLARAÇÃO DELE EM MATEUS 12:40?

COMO HARMONIZAR AS  36  HORAS,  MAIS  OU  MENOS,  QUE  CRISTO  ESTEVE  NA  SEPULTURA,  COM  SUA  DECLARAÇÃO  EM  MAT. 12:40?

S. Mateus 12:40 tem sido, muitas vezes, citado como prova de contradição, no texto sagrado, por pessoas interessadas em desprestigiar a veracidade da Bíblia.

Baseados ainda nesta passagem há outro grupo defendendo a tese de que Jesus teria morrido na quarta-feira.

Para que haja uma explicação cabal do problema é preciso estudar a passagem relacionando-a com passagens paralelas e compreender bem o que estas palavras significavam para os ouvintes contemporâneos.

Tomando as palavras de Mat. 12:40 ao pé da letra, poderá alguém afirmar que Cristo esteve na sepultura 72 horas, mas relacionando-as com outras declarações bíblicas, ver-se-á que esta não é a realidade. Lucas, claramente, demonstra que Jesus foi sepultado no final do dia da preparação e ressuscitou no primeiro dia da semana, ainda de madrugada.

Jesus esteve na sepultura, como nos relatam os evangelhos, no seguinte período de tempo:

a)     parte da sexta-feira
b)    todo o dia de sábado
c)     parte do domingo.

Não apenas a índole das línguas hebraica, grega e latina podia usar uma parte para expressar a totalidade, porque esta peculiaridade existe também em nossa língua. Qualquer estudante de português sabe muito bem, que no capítulo da linguagem figurada, ele encontra a sinédoque, figura que toma o singular pelo plural, o plural pelo singular, a parte pelo todo, etc.

 Observe nossas expressões:

·     Ele tem duas mil cabeças de gado.
·     O rapaz pediu a mão da moça (hoje pouco usada).

 Será interessante a colocação do versículo no seu contexto.

Os escribas e fariseus pediram-lhe um sinal. Mat. 12:38. Era costume deles assim proceder com os que se proclamavam mensageiros de Deus. I Cor. 1:22. Queriam um sinal, porque não aceitaram os milagres relatados anteriormente, como realizados pelo poder divino.

Pelo comportamento empedernido e apóstata, demonstrado, não tinham o direito de pedir sinal e se Cristo lho desse, não aceitariam. Nenhum outro sinal lhes seria dado a não ser o sinal do profeta Jonas.

Qual o significado do sinal do profeta Jonas?

O Comentário Adventista ao explicar este verso defende que o sinal prefigurava tanto a pregação como a ressurreição de Jesus. Assim como Jonas escapara da morte para pregar aos ninivitas a mensagem de arrependimento e salvação, do mesmo modo Cristo através de Sua ressurreição levaria a todos que o aceitassem a salvação.

Barclay defende que o sinal de Jonas simbolizava apenas a pregação de Jesus. Ver William Barclay – El Nuevo Testamento, Vol. II, páginas 56-58.

O Desejado de Todas as Nações, pág. 406 declara: 

" “Hipócritas”, disse Jesus, “sabeis diferençar a face do céu” – estudando o céu, podiam predizer o tempo – “e não conheceis os sinais dos tempos?” (Mat. 16:3)  palavras de Cristo, proferidas com o poder do Espírito Santo que os convencia do pecado, eram o sinal dado por Deus para salvação deles. E sinais vindos diretamente do Céu foram, concedidos para atestar a missão de Cristo. . . . “E suspirando profundamente em Seu espírito, disse: Por que pede esta geração um sinal?” “Nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do profeta Jonas.” Mat. 16:4. Como Jonas estivera três dias e três noites no ventre da baleia, havia Cristo de estar o mesmo tempo “no seio da terra”. E como a pregação de Jonas fora o sinal para os ninivitas, assim o era a de Cristo para Sua geração."

Os versos seguintes de Mat. 12:40 parecem comprovar que Jesus se referia tanto à Sua pregação quanto à ressurreição.

 Três Dias e Três Noites

Em seu anseio de harmonizar declarações bíblicas, aparentemente conflitantes, comentaristas têm aventurado as mais variadas soluções. Por exemplo, The Interpreter's Bible, Vol. VII, pág. 403, defende que o verso 40 não foi pronunciado por Jesus, mas acrescentado por Mateus para explicar melhor o sinal do verso 39. Conclui assim citando a passagem paralela de Luc. 11:29-32.

Outros, como W. G. Seroggie, no livro Guide to the Gospel, apresentam a estapafúrdia solução de que Cristo foi crucificado na quarta-feira. O texto bíblico está repleto de claras alusões confirmativas de que este evento ocorreu na sexta-feira (Mar. 15:42-43; Luc. 23:46, 54; João 19:14, 42).

 A solução se encontra no seguinte:

Se todos hoje, compreendessem bem o método da contagem do tempo dos dias de Jesus este problema nunca teria surgido. A expressão "três dias e três noites" tinha para os judeus, que viviam no Oriente, uma conotação diferente, do que tem para nós hoje, que vivemos no mundo ocidental. A maneira de contar o tempo, chamada "contagem inclusiva" incluía o dia (ou ano) inicial, bem como o dia (ou ano) final, sem considerar quão pequena fosse a fração do dia iniciante ou finiciante.

 Há exemplos deste processo nos escritos sagrados e profanos:

I. Sagrados

1º) 1 Samuel 30:12 e 13 declara. . . "pois havia três dias e três noites que não comia pão nem bebia água". Então lhe perguntou Davi: "De quem és tu, e de onde vens?" Respondeu o moço egípcio: "Sou servo de um amalequita e meu senhor me deixou aqui há três dias." Note bem as expressões diferentes para o mesmo período de tempo.

2º) Outro exemplo concludente se encontra em Ester 4:16 e 5:1 ". . . e jejuai por mim e não comais nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia. . . Ao terceiro dia Ester se aprontou. . ." É claro que o período de três dias não havia chegado ao fim quando ela se apresentou perante o rei, se fosse diferente, estaria: no quarto dia.

3º) As crianças em Israel eram circuncidadas ao terem 8 dias (Gên. 17:12), porém, a circuncisão ocorreria no oitavo dia devido a contagem inclusiva (Lev. 12:3; Luc. 1:59).

Os exemplos bíblicos poderiam ser multiplicados, mas estes são suficientes para nos elucidarem sobre Mateus 12: 40.

II. Profanos

A Enciclopédia Judaica Universal no item – "dia", assim se expressa: "Nas práticas religiosas, a parte de um dia é freqüentemente contada como um dia completo. Tal é o caso dos sete dias de luto, se o funeral ocorre à tarde: a curta porção restante do dia é contada como um dia completo. Na contagem da data da circuncisão no oitavo dia após o nascimento, mesmo, uns poucos minutos do dia restante após o nascimento são considerados como um dia completo".

Era comum no Egito, Grécia e Roma a "contagem inclusiva" como nos atestam seus documentos. Por exemplo, os gregos chamavam a Olimpíada, que se realizava de quatro em quatro anos de pentaeteris (período de cinco anos) por contarem o ano inicial e o final.

O SDABC, Vol. II, pág. 136 confirma as declarações anteriores:

"A maneira de contar o tempo empregada na Bíblia é a chamada contagem inclusiva, que considera tanto a primeira como a última unidade de tempo incluídas dentro do período. Este sistema era também usado por outras nações como se pode ver através de documentos. Uma inscrição egípcia que registra a morte de uma sacerdotisa no quarto dia do 129 mês, relata que o sucessor dela chegou no 12º dia, quando se passaram 12 dias. É evidente que, pela nossa maneira de contar diríamos que os doze dias, passados a partir do 4º dia, chegariam à data de 16".

Broadus e outros pesquisadores citam uma frase do Talmude de Jerusalém que nos é útil: "um dia e uma noite juntos formam um onah e qualquer parte deste período é contada como um todo. O termo hebraico onah, corresponde ao grego nicthmeron, que significa, noite e dia, como está empregado em II Cor. 11:25. Não foi este o vocábulo empregado por Mateus, talvez em virtude de estar fazendo uma citação do Velho Testamento (Jonas 1:17).

Seria de bom alvitre frisar que "três dias e três noites" só aparece em Mal. 12:40, porque nas passagens paralelas são usadas estas outras expressões equivalentes: três dias, depois de três dias, ao terceiro dia. Cristo o fez por estar citando o Velho Testamento (Jonas 1:17), mas deve ficar bem claro, que está usando em hebraísmo, ou a contagem inclusivo.

 Textos que mencionam este mesmo período de tempo.

Em três dias
Depois de três dias
No terceiro dia
Mat. 26:61; 27:40
Mat. 27:63
Mat. 16:21; 17:23; 27:64
Mar. 14:58
Mar. 8:31



Luc. 9:22; 24:21, 46
João 2:19



Para uma compreensão mais ampla do problema seria útil consultar o Comentário Adventista, Vol. l, pág. 82, e Vol. II, págs. 135-137.

Conclusão

 A passagem de Mat. 12:40 não deve ser citada por nenhum incrédulo como prova de contradição nas Santas Escrituras.

 Nenhuma dificuldade existe para harmonizá-la com o período em que Cristo esteve na sepultura, se for considerada a cultura hebraica e o contexto histórico da época.

 e o problema, aparentemente existe, este é dirimido, quando se considera a contagem diferente dos orientais.

 Vale ainda ressaltar, mais importante do que o tempo da estada de Cristo na tumba, foi a sua morte vicária, que nos propicia a salvação.  Demos sempre graças a Deus pelo sublime sacrifício de Cristo por nós.

Extaraído do Livro Leia e Compreenda Melhor a Bíblia de Pedro Apolinário.


Addaptação, Didática e Grifos de
Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
Mestre em Teologia e Evangelista
Twitter: @prcirilo