terça-feira, 8 de abril de 2014

O MINISTÉRIO DE EVANGELIZAÇÃO DE CRISTO RELATADO EM LUCAS 4.18,19


O MINISTÉRIO DE EVANGELIZAÇÃO DE CRISTO RELATADO EM LUCAS 4.18,19

Em Lucas 4. 18-19, encontramos um resumo do ministério de Jesus. O Senhor Jesus havia acabado de passar por um longo período de jejum e tentação, ao final do qual saíra vitorioso. Estava iniciando seu ministério quando foi à Galiléia e sua fama já estava se espalhando. Ia às sinagogas, ensinava e as pessoas ficavam impressionadas não só com o conteúdo de seu ensino, mas também com a forma como ele expunha as Escrituras. Sua palavra tinha autoridade (Lc 4.22, 36; Mc 1. 22). Chegando a Nazaré, onde fora criado, Jesus dirigiu-se à sinagoga, leu o texto de Isaías 61: 1-2 e disse que naquele dia a profecia de Isaías estava se cumprindo. A leitura que Jesus fez na sinagoga foi a seguinte: O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor. (Lc 4. 18-19).
O ministério evangelizador de cristo está resumido no texto anunciado por Ele mesmo na Sinagoga de Nazaré e é composto de sete pilares1: 1) O Espírito do Senhor está sobre mim porque ele me ungiu, 2) evangelização aos pobres, 3) curar os quebrantados de coração, 4) libertação aos cativos, 5) restauração dos cegos, 6) libertação dos oprimidos e 7) pregação do ano aceitável do Senhor.
O Espírito do Senhor está sobre mim porque ele me ungiu.
O Redentor tem consciência de estar continuamente sob o controle do Espírito Santo, que no batismo sobreveio ao Senhor de modo ímpar, imensurável e pleno. Vemos aqui a presença da Trindade divina. Jesus Cristo é o que faz a leitura do texto de Isaías, o Espírito Santo está sobre Ele e o Senhor é o Pai. Jesus de Nazaré é “o Cristo”. Como o Ungido, Ele é o verdadeiro e único Sumo sacerdote, o verdadeiro e único Profeta, o verdadeiro e único Rei. Todos os três eram ungidos no AT para exercer sua função. De modo cabal e perfeito, Jesus abrange todos os três ministérios em sua Pessoa.
Evangelização aos pobres
A mensagem que lhe fora confiada é que ela precisa ser levada aos pobres, aos pedintes e mendicantes. Aos que se encontram fracos e com o coração deprimido, que se prostram em súplica perante Deus. A mensagem levada a eles é alegria para o coração. A expressão “indigente” refere-se aos materialmente pobres e que se tornaram também, em seu interior, pobres espiritualmente (Mt 5.3). Aqueles que têm consciência dessa sua miséria são receptivos para a boa nova da graça. Jesus não Se considera enviado aos que acreditam que não precisam de ajuda nem de quem os auxilie, mas àqueles que sofrem com a própria situação e com a situação do mundo, esperando por socorro. É para estes que a mensagem de Jesus é notícia alegre. Jesus pregou às pessoas simples e pobres literalmente, mas também aos ricos e poderosos. Pobre neste contexto é, também, qualquer um que não sabe das riquezas da vida em Cristo e do Seu reino.
Curar os quebrantados de coração
Essas palavras encontradas em Is 61.1 faltam nos manuscritos alexandrinos e em vários documentos da Ítala. É possível que tenha sido um acréscimo posterior, de acordo com o texto hebraico e a Septuaginta. Entretanto, é possível que haja um paralelo às palavras de Jesus no v. 23, “Médico, cura-te a ti mesmo...”. É recomendável mantê-las.
Libertação aos cativos
O cativeiro experimentado pelo povo de Israel na antiga Babilônia e o retorno do povo à liberdade, foi um pequeno sinal da grande libertação anunciada por Cristo na era do Novo Testamento. Libertação da consciência e do coração humano. Estes estavam presos pelo pecado. Aqui está o verdadeiro exílio e aqui acontece a verdadeira libertação. Cristo é o maior libertador da humanidade. Por isso a liberdade é uma das verdades centrais, dos elementos mais essenciais da mensagem cristã. Quando não sentimos o sopro dessa liberdade, quando tudo é sufocado por legalismo, receio e temor, deformou-se a substância dessa alegre mensagem. Jesus veio para libertar a todos. A libertação dos cativos é um tema profundamente enraizado nas Escrituras, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento: (Sl 102: 20; 107: 10-16; 146: 7; Is 42: 7; 45: 13; 49: 9, 24, 25; 52.2; Zc 9: 11, 12; Cl 1: 13). O Senhor é Deus de liberdade.
Restauração dos cegos
Literalmente, o texto hebraico diz: “para os cativos a abertura”. Essa expressão parece ter sido aplicada pelos tradutores da Septuaginta à privação e restituição da “visão”. Lucas relaciona a palavra “cegos” aos presos que saem da escuridão da masmorra para a intensa luz do dia. Em sentido figurado igualar a noite da cegueira à noite do distanciamento de Deus. Como diz os Evangelhos de Mateus e João, Cristo é a luz do mundo (Mt 5.14-16; Jo 8.12 e Jo 9.5). Jesus fez muitos milagres e curou muitas pessoas cegas, Ele mesmo abriu os olhos de um cego de nascença, mas aqui Ele está falando da cegueira espiritual como Ele mesmo diz em João 9:39 “Eu vim a este mundo para julgamento, a fim de que os cegos vejam e os que vêem se tornem cegos.“ Jesus queria dizer com isso que os fariseus, que poderia ver se tornaram cego para as verdades de Seu ensino por causa de seu orgulho e incredulidade.
Libertação dos oprimidos
Lutero traduziu: “aos destroçados, para que sejam livres e soltos”. Essas palavras foram retiradas de outra passagem de Is 58.6. O Senhor Jesus Cristo está do lado dos fracos, dos desprivilegiados, dos violentados. Sua mensagem possui caráter social. Mas, além disso, está em jogo algo muito mais profundo. Pode ser talvez, uma opressão demoníaca no interior humano. Satanás é o príncipe deste mundo, razão pela qual o evangelho é uma revolução interior, porque ele destrona o usurpador do trono, para em seu lugar erigir novamente o senhorio de Deus. Esse senhorio não oprime, mas liberta e torna feliz. Lucas escreveu em Atos: “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele (Atos 10:38).
Pregação do ano aceitável do Senhor
A expressão eniautous kyrío dektos significa: o ano bem-vindo do Senhor, o ano que o Senhor escolheu para conceder às pessoas a graça totalmente extraordinária da obra de salvação. Ela corresponde a uma formulação hebraica que significa o ano em que Javé executa sua resolução de graça e salvação. O profeta Ezequiel chama o ano jubileu de ano do perdão (Ez 46.17). Essa expressão é uma designação baseada em Lv 25. O profeta Isaías entendeu a restauração periódica, determinada pela lei, no chamado ano do jubileu, como modelo da renovação messiânica é uma referencia ao ano do jubileu, em que os escravos eram libertos, as dívidas perdoadas, as terras devolvidas aos antigos proprietários, etc. (Lv 25: 8-54). Era um ano de restauração. Na mensagem de Jesus, é o momento que Deus escolheu para revelar seu Filho ao mundo. É o tempo em que Ele mostra sua boa vontade aos homens, disposto a celebrar uma nova aliança.

 

Pr. Cirilo Gonçalves
Evangelista da IASD – AP, SP
TWITTER: @prcirilo
INSTAGRAM: @cirilogoncalves






1. Os sete elementos apresentados estão baseados em: Fritz Rienecker, Evangelho de Lucas, Comentário, Esperança, Editora Evangélica Esperança, Curitiba, PR, 2005.

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